quinta-feira, 23 de abril de 2015

"...Minha Carne Dada Para a Vida do Mundo"

III Semana do Tempo Pascal, quinta-feira
Jo 6, 44-51

O Senhor dá a Si mesmo como alimento para nós. Mas nenhum alimento chega vivo à mesa de quem o consome. Para que algo seja de fato alimento, primeiro deve morrer. Mesmo na natureza é assim, pois os animais predadores, antes de comer, matam a sua presa.
O alimento, por assim dizer, comunica a vida ao morrer. O Senhor Jesus Cristo fez isto no mais alto grau, ao morrer crucificado e deixar para nós a Si mesmo na Eucaristia como Pão de Vida Eterna, do qual aquele que come vive eternamente.
Da morte do Senhor nos veio a Vida, que nos é comunicada sempre que participamos dignamente da Eucaristia.
Dessa participação em Sua Morte e Ressurreição, pela comunhão com Seu Corpo e Sangue, nasce para nós o compromisso de anunciar o que o Senhor fez por nós, o memorial que nos deixou e ao qual todos estamos convidados, uma vez que nos disponhamos a arrepender-nos de nossos pecados e a recebermos o perdão divino por meio do sacramento da Confissão. Mais ainda, todos os que partilhamos de Sua intimidade pela Eucaristia somos convidados à Sua imitação na doação da própria vida pelos irmãos.
Se a doação de nós mesmos, pelo bem que a cada dia procuramos fazer aos demais em obras e no testemunho de Cristo, não é capaz por si mesma de salvar ninguém, no entanto inserida no Sacrifício Redentor de Cristo torna-se - por Ele, com Ele e nEle - sacrifício espiritual e oferta agradável ao Pai.
Assim, a Eucaristia que recebemos, ao menos a cada domingo se mais não for possível, vai nos configurando a Cristo em Seu dom total de Si mesmo, até chegarmos a ser verdadeira imagem do Senhor diante do Pai e diante dos homens.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

"Quem vem a Mim..."

III Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 6, 35-40

Há alguém a quem o Senhor rejeite? Pois é Ele mesmo quem afirma que não afastará quem vai a Ele, quem O busca com humildade e sinceridade de coração, "em espírito e verdade".
Todos os que buscam a Jesus com desejo sincero de encontrar a Verdade não serão rejeitados por Ele, porque Lhe são dados pelo Pai, que não deseja que ninguém se perca, mas "que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da Verdade" (ITm 2,4).
Esses serão ressuscitados por Cristo e levados por Ele a viver em Seu Reino, participando de Sua glória, nos Céus.
A participação na Eucaristia - memorial do sacrifício de Cristo e Sua Presença Real em Corpo, Sangue, Alma e Divindade - é condição e antecipação da Vida imperecível que haveremos de ter, um dia, com o Senhor no Reino dos Céus.
Para que alguém, por meio da comunhão com Ele, possa participar de Sua Vida divina, deve  conformar-se a Ele no cumprimento da Vontade de Deus Pai, como o próprio Senhor afirma: "Eu desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a Vontade daquele que Me enviou".
Conformar-se a Cristo não é outra coisa senão deixar a própria vontade para buscar a realização e o cumprimento perfeito da Vontade do Senhor, que é o querer do Pai. Conformar-se a Cristo é identifica-se com Ele de tal modo que se possa dizer o mesmo que Ele disse: "o meu alimento é fazer a Vontade dAquele que Me enviou". Ou, como São Paulo: "já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".

terça-feira, 7 de abril de 2015

"O que devemos fazer?"

OITAVA DA PÁSCOA, terça-feira
At 2,36-41 e Jo 20, 11-18


O apóstolo Pedro, em sua pregação no dia de Pentecostes, depois de haverem recebido o Espírito Santo, apresenta ao povo que o escuta o Messias que aguardavam, Jesus, a partir de sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ele, pois, foi constituído por Deus como "Senhor e Cristo", Ele, Jesus, a quem os ouvintes de então, a quem nós, os ouvintes de hoje, crucificamos com os nossos pecados.
E somos os ouvintes de hoje porque a Igreja, nestes dois mil anos, jamais cessou de fazer ressoar a voz de Pedro, que clama: "que todo o povo (...) reconheça com plena certeza: Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes".
O caminho que fizeram os ouvintes de então, façamos nós também, que somos os ouvintes de hoje: essas palavras, ressoando em nossos corações, sejam capazes de dar-nos a compunção necessária para perguntarmos à Igreja o que devemos fazer. E, ouvindo a resposta - "convertei-vos" - reconheçamo-nos pecadores, peçamos o perdão de Deus e, recebendo-o por meio da Igreja, sejamos inseridos na morte do Senhor para, com Ele, um dia ressuscitarmos.
O chamado à conversão nunca é, mesmo quando dirigido a uma multidão, um chamado coletivo. O Senhor nos chama pelo nome, a cada um de nós, como fez com Maria Madalena no jardim, quando ela, naquele domingo de Páscoa, procurava pelo cadáver de Jesus e, ao encontrá-lO ressuscitado, foi incapaz de reconhecê-lO, porque já não tinha mais uma existência sujeita à morte. Pelo contrário, vivia já na glória, em uma existência transfigurada, que Ele promete a cada um de nós que perseverar em Seu seguimento até o fim.
Quando o Senhor nos chama pelo nome, somos capazes de reconhecê-lo e de responder ao Seu convite pessoal à conversão. Qual será a nossa resposta?

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A Ressurreição e as Falsas Testemunhas

OITAVA DA PÁSCOA, segunda-feira
Mt 28, 8-15


Os guardas foram testemunhas da Ressurreição do Senhor. Ou, pelo menos, como dá a entender São Mateus, viram Jesus ir ao encontro das mulheres, aquele mesmo que estava antes como um cadáver no túmulo, um corpo morto. Espantados, fugiram e contaram tudo aos sumo sacerdotes dos judeus. Comprados que foram por estes, espalharam um rumor que sabiam ser falso - o boato do roubo do cadáver de Jesus por seus discípulos.
Não se pode pensar que alguma coisa - ainda que pequena - escapa à Providência Divina. Mesmo este rumor mentiroso a respeito do "sumiço" do corpo de Jesus fez parte dos desígnios de Deus.
Desse modo, a partir disso, permitiu o Senhor (ou, antes, quis) que a Sua Ressurreição não se tornasse um fato inequívoco, para que fosse exigida a fé nas testemunhas qualificadas, os apóstolos, aqueles que Ele escolheu para serem Suas testemunhas e seus representantes. A fé na Ressurreição de Jesus exige a fé na palavra da Igreja.
Os sumo sacerdotes e os guardas, mentindo, tornaram-se falsas testemunhas (e, por isso, hão de responder no dia do juízo, por causa de sua falsidade e maldade de coração, uma vez que sabiam o que havia acontecido e, uma vez mais, recusaram-se a crer no Senhor). Mas exatamente assim serviram aos propósitos de Deus, que quer fazer crescer a fé dos que Lhe pertencem, levando-os a crer no que diz e testemunha a Seu respeito aquela que Ele chama de "minha Igreja", sobre a qual o inferno jamais prevalecerá, segundo a Sua promessa.
Quanto a nós, não façamos do mesmo modo que os sumo sacerdotes e os guardas. Não deixemos que nossos interesses, ambições e conveniências pessoais se sobreponham à nossa fé na Palavra e na Vontade de Deus, que nos é manifestada por meio de Sua Igreja.  Diante de Deus, nossos corações e nossas palavras sejam sempre verdadeiros.
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