sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Bem-aventurada és tu que creste!"

Festa da Visitação de Nossa Senhora
Lc 1, 39-56

Das Homilias de São Beda, o Venerável, presbítero  (Séc.VIII)

Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano.
Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina. Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna.
Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria.
Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.
O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis,pequenos e fracos, em fortes e grandes.
Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.
Por isso, se introduziu na liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando frequentemente o mistério da encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo do repouso.


De São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador 
Homilia de 04/05/1957

Cristo urge-nos. Cada um de vós há-de ser, não só apóstolo, mas apóstolo de apóstolos, arrastando outros convosco, movendo os demais para que também eles dêem a conhecer Jesus Cristo. Talvez algum de vós me pergunte como pode dar esse conhecimento às pessoas. E eu respondo-vos: com naturalidade, com simplicidade, vivendo como viveis, no meio do mundo, entregues ao vosso trabalho profissional e aos cuidados da vossa família. [...] A vida corrente pode ser santa e cheia de Deus; o Senhor chama-nos a santificar o trabalho quotidiano, porque aí está também a perfeição do cristão. Consideramo-lo [...] contemplando a vida de Maria.
Não nos esqueçamos de que a quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na Terra decorreram de forma muito semelhante à vida diária de muitos milhões de mulheres, ocupadas em cuidar da sua família, em educar os seus filhos, em levar a cabo as tarefas do lar. Maria santifica as mais pequenas coisas, aquilo que muitos consideram erradamente como não transcendente e sem valor: o trabalho de cada dia, os pormenores de atenção com as pessoas queridas, as conversas e as visitas por motivo de parentesco ou de amizade... Bendita normalidade, que pode estar cheia de tanto amor de Deus!
Na verdade, é isso o que explica a vida de Maria: o amor. Um amor levado até ao extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, contente por estar onde Deus quer que esteja e cumprindo com esmero a vontade divina. Isso é o que faz com que o mais pequeno dos seus gestos nunca seja banal, mas cheio de significado. Maria, nossa Mãe, é para nós exemplo e caminho. Havemos de procurar ser como Ela nas circunstâncias concretas em que Deus quis que vivêssemos.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

"Quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos"

VIII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mc 10, 32-45


Quantos dos discípulos do Senhor queremos apenas a glória, como Tiago e João, os filhos de Zebedeu!... Quantos querem a ressurreição sem a cruz de cada dia, sem o morrer para si mesmo, sem o serviço aos outros... Quantos falam do Ressuscitado sem mencionar a Sua Morte... Quantos só querem ser os cristãos da alegria do Sábado de Aleluia, mas fogem da Sexta-feira da Paixão...
No entanto, Nosso Senhor é muito claro: "vós bebereis o cálice que Eu devo beber e sereis batizados com o batismo com que Eu devo ser batizado". Aos que O querem servir, está reservada a comunhão com o Senhor em Seus sofrimentos.
E Ele ensina o "segredo" para chegar à glória no Reino dos Céus: "quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos". É a semelhança com Cristo no serviço e na doação total, até a morte.
Não cabe a um cristão, a um discípulo de Jesus, discutir títulos de glória ou lugares de honra. Cabe tomar a iniciativa de servir os irmãos, por amor de Seu Senhor, que veio para "servir e dar a Sua vida como resgate para muitos".

terça-feira, 28 de maio de 2013

"No mundo futuro, a vida eterna"

VIII Semana do Tempo Comum, terça-feira
Mc 10, 28-31

As perseguições, dores e tribulações fazem parte desta vida, em especial da vida de quem deseja servir ao Senhor.
Mas Ele não deixa sem recompensa e consolo, já nesta vida, aos que se fazem Seus discípulos e, por amor dele, Jesus, rejeitam este mundo e a sua futilidade.
Não há nada de permanente, a não ser a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e a salvação que Ele veio nos trazer e nos oferece, a todos os que quisermos segui-lO, tomando a cada dia a cruz que nos corresponde.
STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS* - "a cruz permanece enquanto o mundo dá voltas". É o que nos quer dizer o Senhor quando afirma que aquele que deixa tudo por Sua causa há de receber tudo - aqui, com perseguições; "no mundo futuro, a vida eterna".
Sempre é tempo para decidir ser discípulo de Jesus - "muitos que agora são os últimos serão os primeiros". O mais importante não é o momento da vida, mas a qualidade da entrega: dar-Lhe tudo, deixar tudo por Ele, amá-lO de todo o coração.
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"Quando vires uma pobre cruz de madeira, só, desprezível e sem valor... e sem Crucificado, não esqueças que essa cruz é a tua cruz: a de cada dia, a escondida, sem brilho e sem consolação..., que está esperando o crucificado que lhe falta. E esse crucificado tens que ser tu." (São Josemaría Escrivá, "Caminho", 178)
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* lema da Ordem dos Cartuxos, fundada por São Bruno em 1084. Para saber mais, ver site oficial da Ordem dos Cartuxos.
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