segunda-feira, 26 de maio de 2014

O testemunho do Senhor

VI Semana do Tempo Pascal, segunda-feira
Memória de São Felipe Néri, sacerdote
Jo 15, 26 - 16,4



O Espírito Santo, enviado por Jesus, é que suscita o testemunho do Senhor naqueles que O seguem, em meio às perseguições do mundo e às dores desta vida.
O Senhor dá alguns exemplos, muito próximos da vida de Seus discípulos daquele tempo, que não esgotam as perseguições do mundo, e que, para muitos cristãos de hoje, permanecem muito atuais (a cada dia morrem, em média, 17 cristãos, pelo simples fato de o serem, principalmente na África e no Oriente Médio, nos países de maioria islâmica).
E há as perseguições não declaradas, não ostensivas, mais sutis e que vão minando a fé e a resistência de muitos discípulos de Cristo pela propaganda que dissemina com aparente inocência valores contrários à fé. Essas perseguições, veladas, fazem estragos entre aqueles que não têm clareza e firmeza de doutrina, que pouco amam o Senhor porque pouco O conhecem e, por isso, não Lhe dão o primeiro lugar em suas vidas e não permitem a Jesus estabelecer o Seu reinado sobre eles.
Seja como for, o Senhor já nos havia alertado. Não nos surpreendamos com o ódio do mundo. Não nos surpreendamos com a cruz. A cruz é real e deve ser tomada com amor e carregada a cada dia, sem ilusões românticas. A cruz não é uma metáfora.
Mas o Senhor prometeu aos Seus o Espírito Santo, o Espírito da Verdade, o Consolador. Ele nos dá forças para suportar todas as cruzes e chegar, um dia, ao Reino dos Céus, à glória de Cristo. Sejamos fieis.

sábado, 24 de maio de 2014

"Se o mundo me odiou a Mim..."

V Semana do Tempo Pascal, sábado
Jo 15, 18-21

(Pe. Francisco Vera, sacerdote mexicano idoso, fuzilado em 1927 pelo "crime" de celebrar a Santa Missa)

A tentação permanente para os discípulos de Jesus de todos os tempos é de contemporizar e fazer concessões ao mundo. Porque é duro resistir ao ódio e às perseguições ou, pelo menos, às dificuldades que o mundo impõe à vida daqueles que não lhe pertencem e não querem pertencer-lhe. E os que são do mundo parecem sempre chegar mais facilmente ao sucesso, às riquezas, às facilidades, às glórias.
Mas a primeira e mais difícil de todas as lutas é a luta interior: o discípulo de Jesus não pode conformar-se à mentalidade mundana, ao "espírito deste mundo" que se insinua em todos os ambientes, mesmo aqueles onde não poderia estar presente; deve acautelar-se contra o "fermento de Herodes"; deve convencer-se em seu coração que tudo o que este mundo lhe oferece é ilusão.
As glórias deste mundo são vãs e passam, como o vento, sem consistência e sem peso de eternidade. Só o Reino de Deus permanece. E a glória de Deus, que Ele dará aos que O amam e Lhe obedecem, é eterna.
O Senhor nos escolheu e nos apartou do mundo, a nós, que desejamos segui-lO. E o mundo, que odiou a Nosso Senhor, odeia e odiará também a nós. Mas "o servo não é maior do que o Senhor". Portanto, a nós cabe a honra de receber, da parte do mundo, o mesmo que recebeu Jesus: perseguição, dor e morte. Mas, Jesus, o Senhor, é Aquele que venceu o mundo. Se formos firmes, fieis e perseverantes até o fim, com Ele reinaremos.
***

Extratos dos primeiros dois capítulos do livro "Os Mártires de Hoje", de autoria do Pe. Paulo Ricardo e de Paulo Henrique de Oliveira, publicado pela Editora Ecclesiae:

I - O SÉCULO DOS MÁRTIRES
O martírio é um tema da nossa fé que não perde brilho nem esplendor com o passar dos anos, pelo contrário, rejuvenesce e nos convida a refletir não só na espiritualidade que a Igreja nos propõe a viver, mas a repensar nossas vidas como cristãos.
Vivemos em uma época em que nós, cristãos, estamos sendo continuamente martirizados. O número de cristãos martirizados no mundo durante o século XX foi maior do que o número de todos os cristãos martirizados nos dezenove séculos anteriores. Infelizmente, essa é uma notícia pouco divulgada e até mesmo difícil de ser encontrada nos meios de comunicação. Porém, essa é a verdade: morreram mais cristãos no século XX do que nas perseguições durante o Império Romano.
(...)
II - UMA ESPIRITUALIDADE DILUÍDA
Atualmente, o cristão está diante de um paradoxo: se, por um lado, o século XX foi o que produziu mais mártires, contraditoriamente, esse mesmo século também vai entrar para a história do cristianismo como o século no qual a Igreja Católica perdeu a espiritualidade do martírio. Não é que cessaram os martírios, mas sim que, para os católicos, a espiritualidade do martírio se perdeu, se diluiu.
A causa dessa perda é bastante simples, pois os católicos modernos querem abraçar o mundo, estar na moda e a espiritualidade do martírio não combina em absoluto com essa postura, pois é uma espiritualidade de ruptura e não de aliança com o mundo. Tornaram-se mártires exatamente porque não quiseram entrar na moda, porque não quiseram aceitar uma negociação com o mundo.
(...)
O que deve ficar na nossa memória e, principalmente, na alma, é que a espiritualidade do martírio não pode nem deve ser diluída, é preciso retomá-la em sua essência, mas para isso é vital o rompimento com o "mundo".
(...)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

"... pedi o que quiserdes e vos será dado"

V Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 15, 1-8



Aquele que permanece em Jesus Cristo e em quem a Sua Palavra permanece, esse dá muito fruto. Ou, dito de outro modo, esse se torna um bom instrumento por meio do qual a Palavra do Senhor pode dar seu fruto.
Que o discípulo não se envaideça: o fruto é da Videira, que é Jesus, da qual ele não passa de um ramo. Separado da Videira, é incapaz de viver e de dar fruto por si mesmo.
O ramo, que é o discípulo, só pode dar fruto enquanto recebe da Videira, que é Cristo, a seiva que o sustenta (que é a graça, a participação na vida divina por meio do Espírito Santo).
Quem rejeita a Jesus Cristo e não quer segui-lO, perde a vida divina e não está mais na graça de Deus. É como o ramo separado da Videira: secará e será recolhido e jogado ao fogo. Do mesmo modo, o discípulo que prefere a si mesmo e separa-se de seu Mestre e Senhor, por escolha própria perderá o Reino de Deus e terá o inferno pela eternidade.
No entanto, que grande promessa o Senhor faz aos que permanecerem unidos a Ele: "...pedi o que quiserdes e vos será dado"! Sim, pois o que permanece em Cristo está unido a Ele pelo amor e, por isso, não pode querer nada que seja contrário à Sua Santíssima Vontade.
Nesse sentido é que Santo Agostinho afirmará mais tarde: "ama e faze o que queres". Pois aquele que ama a Deus não pode querer outra coisa senão o que agrada ao Amado. E então poderá pedir o que quiser e a sua oração será sempre atendida.
Ousemos, pois, amar a Deus sem medidas. Busquemos com todas as forças amá-lO sobre todas as coisas. Então veremos em nossas vidas as Suas maravilhas - ainda que, por vezes, tenhamos de sofrer a dor da poda, porque o ramo deve ser limpo para dar mais fruto.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

"Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem a Mim"

IV Semana do Tempo Pascal, segunda-feira
Jo 10, 11-18


Que o Bom Pastor conheça as Suas ovelhas, isso parece bastante lógico. Afinal, Nosso Senhor Jesus Cristo, o único Bom Pastor, é Deus. E Ele conhece os corações humanos, vendo o que se passa em seu íntimo. Portanto, é natural que Ele saiba quem, dentre os homens todos, realmente tem fé nEle, esforça-se por servi-lO bem e ama-O verdadeira e sinceramente.
Mas o que Jesus quer dizer quando afirma que as Suas ovelhas O conhecem? Talvez queira justamente dizer que aqueles que O amam e querem servi-lO, que esforçam-se por serem Seus, a esses Ele não permitirá que sejam enganados pelos mal-intencionados que apenas fingem ser pastores. Às ovelhas que pertencem ao Seu rebanho, o Senhor dará sempre a graça de discernir a Sua Voz em meio ao barulho dos mercenários e do lobo que tentam dispersá-las e destruir o rebanho de Cristo. Nosso Senhor jamais permitirá que Suas ovelhas sejam enganadas por aqueles que só vem para matar, roubar e destruir.
O Senhor sempre protege os que Lhe pertencem e jamais os abandona, principalmente nos momentos de maior perigo, de dor, de abandono e de incompreensão. Pois Ele deu a Sua vida por estas ovelhas justamente para salvá-las e não permitirá que se percam, que sejam dispersadas por aqueles que, não se importando com as ovelhas, pensam apenas nas vantagens pessoais e no lucro que podem ter à custa do rebanho do Senhor, que não lhes pertence e do qual eles deveriam cuidar.
Mas justamente por ter entregue e depois retomado a Sua vida, fazendo sempre o que é do agrado do Pai, é que o Senhor não perderá nenhuma de Suas ovelhas e, apesar dos mercenários e do lobo, reunirá ao mesmo redil inclusive as que andam dispersas e haverá "um só rebanho e um só pastor".

segunda-feira, 5 de maio de 2014

"... comestes pão e ficastes satisfeitos"

III Semana do Tempo Pascal, segunda-feira
Jo 6, 22-29


Aquele povo havia feito bastante esforço para encontrar Jesus novamente, depois que Ele lhes multiplicara os pães. Haviam-nO acompanhado antes do sinal realizado, aparentemente sem se importar com o fato de não terem o que comer, simplesmente porque queriam ouvi-lO e aprender dEle, porque o seu ensinamento era diferente, pronunciado com autoridade. Agora, porém, que o Senhor lhes havia saciado o corpo, seu olhar se desviava para o que era menos importante e já não O procuravam por causa da Sua Palavra.
Esforçam-se, pois, por encontrá-lO, mas lembrados apenas do pão que lhes havia sido dado em abundância. Talvez pensassem em fazê-lO rei para já não terem de trabalhar e para que Jesus se tornasse, para eles, um mero "fornecedor" gratuito e constante de alimento para o corpo.
Quando, porém, eles encontram Jesus, ouvem dEle uma palavra de repreensão e de correção: o pão multiplicado para saciar a fome física era apenas um sinal que apontava para o verdadeiro Pão da Vida, Seu próprio Corpo e Sangue, que Ele daria para a vida do mundo. É para obter esse alimento, que sacia a fome da alma (a fome verdadeira), que os homens devem se esforçar.
Esse Pão de Vida Eterna, a Eucaristia, é dado em abundância para quem quiser dele comer. Basta que se arrependa de seus pecados, que busque o perdão de Deus e se esforce por mudar de vida, por converter-se em alguém que procura fazer não a própria vontade, mas a Vontade de Deus.
Que ninguém se aproxime da Eucaristia com outros interesses, pois o Senhor vê o coração de cada um. Nas espécies de pão e de vinho Ele Se dá a Si mesmo, inteiramente, e só espera daqueles que O recebem um coração indiviso, que queira dar-se todo a Ele, em resposta ao Seu Amor.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

"Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna"

II Semana do Tempo Pascal, quinta-feira
Memória facultativa de São José Operário
Jo 3, 31-36


Nosso Senhor estabelece um contraste entre o Céu e a terra, neste ponto de seu diálogo com Nicodemos. A finalidade é mostrar com clareza que nós, que vivemos neste mundo, não somos capazes de ver e compreender senão as coisas da terra - ainda assim, de modo limitado. Não somos, pois, capazes de enxergar o que é do Céu. Aquilo que nosso entendimento pode alcançar é muito limitado e, por maiores que sejam os progressos da ciência humana, não chegamos nem perto das coisas celestes.
Só Jesus, porque veio do Céu (Ele é o Verbo que se fez carne), está acima de todos e pode falar daquilo que Lhe é próprio, das coisas celestes, e dar testemunho do Pai, por Quem Ele foi enviado para dar a vida eterna a todo aquele que nEle crer (cf. Jo 3, 16).
A todo ser humano cabe, portanto, aceitar que a sua visão das coisas, da realidade, é limitada. Nicodemos, ao aproximar-se de Jesus, começa justamente reconhecendo que Ele veio de Deus. E é por isso mesmo que o Senhor lhe é receptivo e lhe dá muito mais do que aquilo que Nicodemos pensava ter ido buscar. Depois desse diálogo com Jesus, Nicodemos está mais próximo da Verdade. E a única condição necessária foi a humildade que lhe abriu as portas do coração à fé.
Crer no Filho de Deus, obedecer aos Seus mandamentos - essa é a proposta de Deus, acompanhada da promessa da vida eterna. Quem crê no Filho, tem a vida. Mas quem rejeita o Filho (e Aquele que O enviou), rejeita a Verdade e serve ao diabo, pai da mentira. Ao que, cegado pela soberba, prefere viver no erro e na mentira, resta a justa ira de Deus.
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