sexta-feira, 15 de junho de 2012

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Jo 19, 31-37

Eis o verdadeiro Cordeiro Pascal, do qual nenhum osso será quebrado. Jesus, nosso Senhor, já morto na cruz, continua a cumprir tudo quanto fora predito a Seu respeito no Antigo Testamento.
Olhando para o Senhor morto na cruz, mais ainda, contemplando-O e a tudo quanto sofreu por nós em Sua Paixão, podemos ver a realidade que, nas Escrituras, já se encontrava prefigurada, de modo especial na libertação do Povo de Israel da escravidão egípcia e na Ceia Pascal hebraica celebrada antes da saída para a Terra Prometida.
Contemplando o lado de Cristo traspassado, o Seu Coração aberto pela lança, vemos jorrar sangue e água, sinais dos sacramentos da Eucaristia e do Batismo, dos quais, de modo particular, nasce a vida para os fieis, o novo Povo de Deus, a Igreja. Eles são fonte de vida, de força e de unidade para a Igreja de Jesus Cristo. 
Esse Sangue e essa Água são fonte de vida e de misericórdia para todos nós. Adoremos, pois, hoje, o Senhor, que Se deu a nós com infinito Amor e, em Seu Coração, abre-nos os infinitos tesouros da Sabedoria e da Misericórdia divinas. Ninguém passe este dia sem beber desta fonte que jorra para a Vida eterna.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Sede o que vedes e recebei o que sois"

Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor - Corpus Christi
Mc 14, 12-16.22-26


O Senhor se dá em alimento. Alimento para nossas vidas, para nossas almas, para nossa fé. Alimento de nosso amor.
A Eucaristia, Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, não é um símbolo, mas realidade. Depois da consagração, já não há mais pão nem vinho. Embora as espécies pareçam pão e vinho são, verdadeira e realmente, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor.
Este é o alimento por excelência, que transforma quem O recebe nAquele que é recebido. Se, pois, O recebemos com as devidas disposições, isto é, com fé e amor e com o desejo de realmente amar e servir a Deus, Ele nos transformará, fazendo o nosso coração semelhante ao Seu. Pouco a pouco, em cada comunhão, nossa vontade e nosso alimento será fazer a Vontade do Pai, como é a Vontade do Senhor.

O que vedes no altar de Deus é o pão e o cálice: eis o que os olhos identificam. Mas a vossa fé quer ser instruída e saber que este pão é o corpo de Cristo, e que este cálice é o Seu sangue. O que se verbaliza numa fórmula breve, que pode bastar à fé. Mas a fé procura instruir-se. (...) Como pode este pão ser o Seu corpo, e este cálice, ou melhor, o seu conteúdo, ser o Seu sangue?
Irmãos, é isto que se designa por sacramentos: eles mostram uma realidade e, a partir dela, fazem-nos compreender outra realidade. O que vemos é uma aparência corporal, enquanto o que compreendemos é um fruto espiritual. Se quereis compreender o que é o corpo de Cristo, escutai o Apóstolo, que diz aos fiéis: "Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro" (ICor 12,27). Logo, se sois corpo de Cristo e um dos Seus membros, é o vosso mistério que está sobre a mesa do Senhor, e é o vosso mistério que recebeis. A isto, que sois, respondeis: "Amen" e, com tal resposta, o subscreveis. Dizem-vos: "Corpo de Cristo", e vós respondeis: "Amen". Sede portanto membros do corpo de Cristo, para que este Amen seja verídico.
Por conseguinte, porque está o corpo no pão? Aqui, ainda, nada digamos sobre nós próprios, mas escutemos antes o Apóstolo que, ao falar deste sacramento, nos diz: "Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque todos participamos desse único pão" (ICor 10,17). Se compreenderdes estas palavras, estareis na alegria: unidade, verdade, piedade, caridade! "Um só pão": Quem é este pão único? "Um só corpo, nós que somos multidão". Lembrai-vos de que não se faz pão com um grão apenas, mas com muitos. Sede o que vedes, e recebei o que sois.
Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja


quarta-feira, 6 de junho de 2012

"Quando os mortos ressuscitarem (...) serão como os anjos do Céu"

IX Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mc 12, 18-27

Jesus, no Evangelho de hoje, é confrontado com a pergunta dos saduceus que, não crendo na ressurreição dos mortos e nas realidades espirituais, tentam deixá-lO sem resposta, mediante a comparação da vida definitiva com uma realidade terrena, como é o casamento.
O Senhor simplesmente afirma que Deus "não é Deus de mortos, mas de vivos" e que "quando os mortos ressuscitarem (...) serão como os anjos do Céu", portanto não mais casarão, porque as realidades terrenas passarão com esta vida perecível. E diz: "estais muito enganados".
Essa passagem levanta uma questão que frequentemente surge hoje: como é a vida depois da morte? Como é o Céu? E, apesar de quase ninguém mais acreditar em sua existência, como é o Inferno?
Sim, Céu e Inferno existem. São realidades espirituais perenes e definitivas. Mas, que visão temos do Céu? Entendemos que ele é uma cópia melhorada da nossa vida na terra? Ou, talvez, que é chato, monótono, cheio de anjos tocadores de harpas sentados sobre as nuvens? E, em contrapartida, que o Inferno é um lugar divertido, com festas eternas, em que todo tipo de sacanagem é permitida, sem nenhum desagrado, dor ou proibição? Que o Inferno é o lugar onde (apesar da flagrante contradição em termos) é proibido proibir?
Essas concepções a respeito do Céu e do Inferno são características de uma sociedade hedonista, voltada para o próprio umbigo e para o próprio prazer, escrava de seus sentimentalismos. Mas, não somente isso, são concepções limitadas e infantis a respeito de realidades espirituais que nos ultrapassam, uma vez que só conhecemos e enxergamos o que vivemos hoje, aquilo que é terreno e que, inexoravelmente, passa.
Embora nada saibamos de concreto sobre o Céu e do Inferno (e só saberemos quando chegarmos lá, mas então não nos será permitido voltar para dizer aos que ainda vivem esta vida na terra), temos a Palavra de Jesus nas Escrituras. Não somente no Evangelho de hoje, que compara os ressuscitados aos anjos do Céu (diz que serão como anjos, mas não que se tornarão anjos), mas em diversas outras passagens o Senhor se utiliza de diversas imagens e comparações para nos dar uma ideia de como será a vida após a morte. Compara, por exemplo, o Céu a um banquete, à festa de núpcias do Filho do Rei; ou compara o Inferno ao fogo que não se extingue, ao lugar onde haverá choro e ranger de dentes. Fala ainda do Céu como o lugar da alegria do Senhor e do Inferno como o lugar do tormento preparado para o diabo e seus anjos e para onde irão todos os que não O tiverem amado na pessoa dos irmãos.
Podemos ficar ainda com as palavras de São Paulo: "tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Rm 8, 18) e "como está escrito: coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus preparou para aqueles que O amam" (ICor 2,9).
Deixemos, pois, de infantilismos. O diabo (sim, ele existe) conseguiu convencer a maior parte das pessoas que o Céu é chato e que o Inferno, se é que existe, é o lugar mais divertido e melhor para passar a eternidade. Ele, porém, é o pai da mentira. É o mercenário que vem para roubar, matar e destruir o rebanho do Senhor. Não quer a nossa salvação, mas a nossa perdição. Quer dar-nos o tormento eterno. Fiquemos com as palavras de Nosso Senhor, que veio morrer para nós, para que tenhamos a Vida junto dEle, que ressuscitou e está vivo!
***
Do Evangelho Quotidiano:
O cristianismo não promete apenas a salvação da alma, algures no Além, onde todos os valores e as coisas preciosas deste mundo desapareceriam, como se se tratasse de um cenário que tivéssemos construído e que nessa altura desapareceria. O cristianismo promete a eternidade daquilo que se realizou nesta terra.
Deus conhece e ama este homem total que somos atualmente. Portanto, é imortal tudo aquilo que cresce e se desenvolve nesta nossa vida de agora. É através do nosso corpo que sofremos e amamos, que esperamos, que experimentamos a alegria e a tristeza, que progredimos ao longo do tempo. Tudo o que assim cresce na nossa vida presente, tudo isso é imperecível. É, pois, imperecível aquilo em que nos tornamos no nosso corpo, aquilo que cresceu e amadureceu no coração da nossa vida, em ligação com as coisas deste mundo. É o "homem total", tal como se situou neste mundo, tal como viveu e sofreu, que será um dia levado para a eternidade de Deus e que tomará parte, no seio do próprio Deus, na eternidade. Isto deve inundar-nos de uma alegria profunda.
Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI)

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Leia mais!
Sobre a intercessão dos santos e o purgatório: blog Porque Creio.
Sobre os santos, vivos no Céu: blog Baixada Católica.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

"... deixaram Jesus e foram-se embora"

IX Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Mc 12, 1-12


Jesus fala aos sumo sacerdotes, aos mestres da lei e aos anciãos, isto é, às autoridades religiosas judaicas de Seu tempo em parábolas. Em outras situações, Jesus falou ao povo e aos Seus próprios discípulos em parábolas, mas eles não O entenderam. Neste discurso, porém, os destinatários de Jesus O entendem muito bem. O evangelista Marcos deixa isso claro ao final, quando diz: "... procuraram prender Jesus, pois compreenderam que havia contado a parábola para eles". E isso pode nos surpreender, pois se o Senhor falara para eles e eles O compreenderam, não deveriam ter feito um exame de consciência, assumido seus erros e pedido perdão, proclamando Jesus como seu Deus e Senhor, reconhecendo-o como o Messias prometido a Israel por Deus e tão esperado por todos? No entanto, procuraram prender Jesus...
Mas, afinal, não é isso mesmo o que fazemos todos nós? Quando Jesus nos fala no Evangelho, apontando os nossos erros, somos dóceis de coração para os reconhecermos, confessarmos os nossos pecados e pedir-Lhe perdão, a Ele, nosso Deus e Senhor? Quando Jesus nos fala pela voz da Igreja, não agimos como aqueles vinhateiros que não quiseram dar ao Dono da vinha o que lhe era de direito, mas, invés, bateram e mataram seus servos e, por fim, também mataram ao Seu Filho?
Pois o Dono da vinha é Deus Pai. Ele enviou seus servos, os profetas, mas o povo não lhes deu ouvidos e até mesmo perseguiu-os e matou-os. Por fim, enviou Seu Filho e eles O crucificaram. A nós, fala a Igreja e nela ressoa a Palavra de Deus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. E nós? Também O crucificamos?
***

"Cristo confiou-nos o mistério da reconciliação" (IICor 5,18). São Paulo realça a grandeza dos apóstolos ao mostrar-nos que mistério lhes foi confiado, ao mesmo tempo que manifesta com que amor Deus nos amou. Depois de os homens se terem recusado a ouvir Aquele que Ele lhes tinha enviado, Deus não fez soar a Sua cólera, nem os rejeitou, mas persiste em chamá-los, por Si próprio e através dos Apóstolos. (...) "Deus pôs na nossa boca a palavra da reconciliação" (v. 19). Viemos portanto, não para uma obra penosa, mas para fazer de todos os homens amigos de Deus. Como não nos escutaram, diz-nos o Senhor, continuai a exortá-los até que encontrem a fé. Eis por que razão São Paulo acrescenta: "Nós somos embaixadores de Cristo; é o Próprio Deus que vos chama através de nós. Suplicamos-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus". (...) A que poderemos comparar tão grande amor? Depois de termos pagado estes benefícios com insultos, longe de nos punir, Ele deu-nos o Seu Filho bem amado, para nos reconciliar conSigo. No entanto, longe de quererem reconciliar-se, os homens deram-Lhe a morte. Deus enviou outros embaixadores para os exortar e, depois disso, torna-se Ele próprio suplicante por eles. Continua a ser Ele que pede: "Reconciliai-vos com Deus". Ele não diz: "Reconciliai Deus convosco", pois não é Ele que nos rejeita; sois vós que recusais ser amigos d'Ele. Poderá Deus ter sentimentos de ódio?
São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja

sábado, 2 de junho de 2012

"Com que autoridade fazes estas coisas?"

VIII Semana do Tempo Comum, sábado
Mc 11, 27-33

Depois de ter expulsado do interior do Templos os cambistas e os comerciantes de animais, Jesus é questionado pelas autoridades religiosas daquele tempo sobre a autoridade que tem para haver feito isso.
Ora, eram eles que deveriam ter posto os limites para os comerciantes e cambistas, fazendo com que exercessem a sua atividade (em si, lícita e necessária) apenas no local próprio para isso, o pátio externo do Templo. Não o fizeram porque tinham interesse nesse comércio, interesse este que punham acima do zelo e do amor devido às coisas de Deus, passando por cima da obediência à Lei e às prescrições do culto divino.
Conscientes que estavam de que Jesus havia agido corretamente, movido por aquilo que a eles faltava - o zelo e o amor de Deus - não O expulsam dali e nem O mandam prender. Apenas interpelam o Senhor, tentando colocar em xeque a Sua autoridade diante do povo que havia presenciado o fato.
Mas Jesus, que lhes conhecia os corações, não responde. Questiona-os, primeiro, sobre o batismo de João. Se reconhecessem que este vinha do Céu, seriam honestos e teriam reconhecido o seu erro. Teriam dado o primeiro passo para abrir a porta do coração a Deus e poderiam converter-se. Nosso Senhor teria podido revelar-Se a eles.
Cheios de orgulho, porém, preferem fugir da pergunta e escondem-se atrás de uma fingida ignorância, que só aumenta a sua culpa. Fecham-se para Deus. Por isso, o Senhor também não se mostra a eles e não responde.
***
Diante de Deus, só podemos ter como atitudes a humildade, a honestidade e a veracidade. Ele nos vê como somos e conhece o nosso coração. Se não reconhecemos nossas culpas e misérias diante dEle, também Ele nos recusará o acesso ao Seu Coração misericordioso e compassivo.
Quem ou o que é o homem frente a Deus? Mera criatura diante de seu Criador. O homem, portanto, não está em posição de exigir nada de seu Senhor e Deus, mesmo sabendo que Ele "não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas" (Sl 102, 10).
Se O interpelarmos, como fizeram os sacerdotes e fariseus daquele tempo, Ele nos responderá questionando nosso amor e nossa fé: "por que não crestes"?
Hoje, porém, Deus é interpelado em Sua Igreja, questionado na doutrina que ela transmite fielmente através dos séculos, sendo sua depositária, mas não autora ou proprietária. Todos os que se julgam no direito de inquirir a Igreja esquecem (ou fingem não saber, como aqueles sacerdotes e doutores da Lei) que foi o próprio Senhor quem instituiu a Igreja, colocando Pedro (hoje, Bento XVI) à sua frente e dando-lhe as chaves do Reino dos Céus.
Se a autoridade da Igreja e do Papa vem do Céu, por que não acreditamos neles? Por que não lhes damos ouvidos, se é o próprio Cristo que nos fala pela voz da Igreja e pela boca do sucessor de Pedro?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Que ninguém mais coma de teus frutos!"

VIII Semana do Tempo Comum, sexta-feira
Mc 11, 11-26


Jesus entra no Templo de Jerusalém e observa tudo o que acontece lá: vê como os cambistas e vendedores de animais, embora necessários para os sacrifícios e ofertas do Templo, permanecem não apenas no pátio externo que lhes é reservado, mas ocupam também o local reservado à oração e aos sacrifícios.
Então, "como já era tarde", sai. Ao voltar, sente fome - Deus sente fome dos frutos de amor de Seu Povo eleito. Observa a figueira e não encontra frutos - como havia observado o que acontecia no Templo, que devia ser casa de oração e tornara-se toca de ladrões, e não havia encontrado nele os frutos da obediência e do amor a Deus.
Tal como a figueira, o antigo Povo de Deus, vinculado a uma Aliança caduca (e sempre rompida por parte dos homens), já não pode dar os frutos que o Senhor espera dele. É tempo de se estabelecer uma nova Aliança, a Aliança eterna, firmada no Sangue de Cristo, o Cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo. Ele é o novo e definitivo Templo de Deus. A partir dEle, Jesus, forma-se o novo Povo de Deus, a Igreja - a figueira que sempre e em todo tempo dará frutos e que jamais secará.
Quanto a nós, tudo o que precisamos fazer é inserir-nos nesta Aliança, por meio da Igreja. Nela podemos dar os frutos de amor que verdadeiramente agradam a Deus. Fora dela, nenhum fruto podemos dar, somos como o ramo de uma figueira seca. Porém, enxertados na Igreja e alimentados pela seiva da fé, tornamo-nos ramos férteis da grande figueira do Senhor, que sempre dá frutos que saciam a "fome" de Deus.
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