segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"Vistes essa pobre viúva?"

XXXIV Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Lc 21, 1-4



O Senhor . Vê o coração de cada homem, vê a sua sinceridade e humildade, vê a generosidade de sua doação, vê a sua confiança e entrega.
Não está interessado, propriamente, naquilo que se dá, mas no amor e na confiança com que se dá.
Pois, diante dEle, somos todos indigentes. É Ele, o Senhor, quem enriquece a oferta, tornando-a agradável e valiosa aos olhos do Pai.
Por isso é que Jesus pôde dizer que a pequena oferta da viúva foi maior que as ofertas dos demais. Pois foi uma oferta cheia de amor e de confiança, um dom total da própria vida.
Deus vê e vê tudo em profundidade. Nada Lhe está oculto. Ele não se deixa enganar pelo que aparentamos, nem se "vende" por nossos bens. O que pode uma simples criatura dar ao seu Criador? Como pode um miserável pretender enriquecer Aquele que é o Senhor de tudo, o Rei do universo?
De coração contrito e humilde, conscientes de nossos pecados e tendo diante dos olhos o juízo inescapável de Deus, coloquemos nas mãos de nosso Senhor, por meio da Santíssima Virgem Maria, tudo (e o nada) que somos e temos. E Ele nos enriquecerá para a eternidade no Reino dos Céus.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

"Não queremos que Ele reine sobre nós"

XXXIII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Lc 19, 11-28


De que adianta ao homem rejeitar o Senhor? Os concidadãos do nobre que partiu para ser coroado rei disseram que não queriam que ele reinasse sobre eles. De que lhes serviu? Pois o nobre foi coroado rei da mesma forma e, com a autoridade de rei, voltou e condenou-os à morte.
Pois esse é Jesus. Ele "partiu para um país distante", isto é, Ele, o Verbo de Deus, "fez-se carne e habitou entre nós". E veio para ser coroado Rei em Seu Trono de glória - a cruz - e depois ressuscitar e subir ao Céu, retornando de onde viera para levar a nossa humanidade ao Reino de Seu Pai.
E o Senhor Jesus, Rei do Universo, voltará ainda uma vez a este mundo, já como Rei glorioso, para pedir contas da administração dos bens que nos confiou a nós, Seus servos, tal como fez o nobre da parábola com seus empregados.
O nobre pediu contas dos bens materiais que confiara aos empregados. Jesus há de pedir contas dos bens espirituais com que nos enriqueceu, a nós, que éramos pobres. Se o Amor de Jesus Cristo habita em nós, então nosso coração há de alargar-se sempre mais e daremos os frutos de virtude que o Pai deseja. Mas, se somos conduzidos por um espírito de mesquinhez e de medo, e não pelo Espírito Santo de Deus, então teremos as mãos vazias no dia em que o Senhor vier. E não nos restarão nem mesmo os bens espirituais que recebemos de início, pois a mediocridade mata o espírito humano.
E aqueles que, desde o começo, tiverem rejeitado o senhorio de Jesus sobre suas vidas, esses terão como destino a segunda morte, a condenação eterna, o inferno, a separação radical de Deus, que é a única e verdadeira felicidade do coração humano.
Está em nossas mãos escolher se seremos os servos obedientes, que fizeram crescer o patrimônio a eles confiado e o devolveram ainda maior ao Senhor; se seremos o servo inútil, que recebeu bens em grande número e, ao final, ficou sem nada; ou se seremos aqueles que desde o início rejeitaram ao Senhor e preferiram a morte a amá-lO e servi-lO.


sábado, 14 de setembro de 2013

A Cruz é Necessária

XXIII Semana do Tempo Comum, Sábado
Festa da Exaltação da Santa Cruz
Jo, 3, 13-17


A cruz é necessária. Disse o Senhor: "é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que Nele crerem tenha a vida eterna".
Não chegaremos ao Céu sem a cruz. Ela deve estar presente em nossas vidas e em nossos empreendimentos. Devemos abraçá-la e amá-la, como nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo, abraçou e amou a Cruz que livremente tomou e assumiu por amor de nós.
Só pela cruz se pode chegar à glória, porque não há ressurreição sem morte. Esse é o novo nascimento para o Reino dos Céus.
A dor é inerente à vida de cada um de nós. Não há ninguém, qualquer que seja a sua realidade, que esteja isento do sofrimento, própria da condição humana depois do pecado original.
A escolha que cabe a cada um de nós é preencher ou não de sentido a dor que nos visita, a cruz que bate à nossa porta a cada dia. Em Cristo, no Amor de Deus, na doação generosa aos irmãos, a cruz se torna redentora, plena de sentido, caminho de salvação. Fora de Cristo e de Seu Amor, a cruz é condenação, fracasso e morte eterna.
O que escolheremos? É um Deus crucificado por amor que nos convida, do alto de Sua Cruz bendita, a amá-lO, adorá-lO e servi-lO. O que responderemos? Adorarei, servirei, pois "quem é como Deus"?
Que o Arcanjo São Miguel, cuja quaresma ainda estamos celebrando, rogue por nós, para que respondamos com amor ao Amor de Nosso Deus!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

"Herodes tinha MEDO de João..."

XXI Semana do Tempo Comum, quinta-feira
Martírio de São João Batista, o precursor do Senhor
Mc 6, 17-29


A justiça e a santidade - desejo de conformar-se perfeitamente a Deus e à Sua Vontade e a luta incansável por chegar a isso - que Herodes via claramente em João Batista, não eram suficientes para motivá-lo à conversão.
O rei conhecia o caminho certo, podia distingui-lo em João, sabia que não o trilhava... Mas não queria fazê-lo, possivelmente por estar muito apegado (escravizado) ao prazer e às comodidades de sua vida de mentiras e de pecado e não estava disposto a abandoná-los para encontrar a verdadeira felicidade, que sempre custa renúncia, sacrifício e luta.
Tendo, pois, consciência de seus erros, de estar longe dos caminhos de Deus, Herodes tinha medo - medo, talvez, de cair nas mão do Deus vivo (cf. Hb 10, 31), medo de Sua ira, medo da morte... Ainda assim, não era um medo tal que o levasse a romper as amarras do pecado que o escravizava.
Quem sabe, se Herodes chegasse a converter-se pelo medo, poderia, depois, passo a passo, chegar à perfeição do amor, à qual todos somos chamados. No entanto, no tempo que lhe foi dado, Herodes não quis fazê-lo. Ao invés de converter-se a Deus que o chamava com insistência por meio de São João Batista, Herodes preferiu calar a voz do Precursor e permanecer em seus pecados.
Neste dia em que fazemos memória do martírio de São João Batista, reflitamos sobre o exemplo negativo deste rei e ouçamos a voz do Precursor, que continua a exortar-nos à conversão. Ainda temos tempo para decidir-nos a renunciar ao que nos escraviza e nos aparta de Deus. Não desperdicemos esta vida, este tempo que nos foi dado exatamente para isso e voltemos, hoje, o nosso coração para o Senhor, nosso Deus.
***
Da Liturgia Bizantina - ode e versículos das matinas de 29 de agosto


Precursor de Cristo tanto na morte como na vida

Profeta nascido dum profeta (Lc 1,67), batizaste o Senhor, foste «a voz que clama no deserto: convertei-vos» (cf Mt 3,2), e repreendeste Herodes pelos seus ímpios deboches. Por isso, correste a anunciar o Reino de Deus aos que estavam cativos na morada dos mortos. […]
Percursor e profeta, batizaste e foste mártir sendo voz do Verbo, seu mensageiro, sua chama; tu que foste o maior dos profetas, segundo o testemunho de Deus (Mt 11,9), implora ao Senhor que salve de todas as provações e desgraças os que festejam com amor a tua memória resplandecente. […]
Vinde todos os povos, celebremos o profeta e mártir que batizou o Salvador, ele que, como anjo encarnado (cf Mc 1,2 grego), repreendeu Herodes pela sua ligação injusta, condenando a sua ação errônea. Mas, por causa de uma dança e de um juramento, cortaram a venerável cabeça daquele que anunciou nos infernos a boa nova da ressurreição de entre os mortos e que sem cessar intercede por nós junto do Senhor, pela salvação da nossa alma.
Vinde todos os fiéis, celebremos o profeta e mártir que batizou o Salvador: fugindo para o deserto, aí encontrou repouso, alimentando-se de gafanhotos e de mel silvestre. Ele repreendeu o rei que violava a lei; e a nós, os timoratos, exortou dizendo: «convertei-vos porque o Reino de Deus está próximo».

Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"Alegra-te, cheia de graça"

XX Semana do Tempo Comum, quinta-feira
Memória de Nossa Senhora Rainha
Lc 1, 26-38


A alegria e a graça de Deus andam juntas. Quem verdadeiramente está em graça de Deus não pode estar triste. A tristeza é própria do demônio e de todos os que seguem os seus passos, rebelando-se contra Deus e rejeitando o Seu Amor. Como pode haver alegria no fracasso da própria existência, na falta de sentido, na negação do ser?
Maria é, nesse sentido, a primeira entre as criaturas. Ela é a cheia, a plena de graça, aquela na qual o Amor de Deus encontra total correspondência. É a criatura que, por corresponder perfeitamente ao Criador, realiza-se plenamente, preenchendo inteiramente de sentido a sua existência.
Em Maria não há sombra de tristeza. Ela é a Mulher por excelência, cuja alma engrandece o Senhor e que se alegra, ou melhor, que exulta nEle, seu Salvador. Ela é a escrava do Senhor, que sempre e somente cumpriu a Sua Vontade, mas justamente por isso é aquela que exerceu mais plenamente a sua liberdade. Nela e por meio dela, o Senhor fez (e faz) maravilhas; por isso, todas as gerações a proclamaram e continuarão a proclamá-la bem-aventurada.
O Senhor, que exalta os humildes, olhou com agrado para Maria, a humilde escrava que tanto O amou e tão bem O serviu. E elevou-a acima de todas as criaturas, fazendo-a Rainha do Céu e da terra, para a glória de Seu Nome e para a alegria da Igreja, da qual Maria é figura e Mãe.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Não tenho o direito de fazer o que quero com o que me pertence?"

XX Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Memória de São Pio X, Papa
Mt 20, 1-16


O que nos motiva a trabalhar na vinha do Senhor? É o amor de Seu Reino, o desejo ardente de que este Reino se estabeleça definitivamente nos corações dos homens e todos cheguem à sua plenitude nos Céus?
O que nos motiva a buscar a santidade, para a qual o Senhor nos chama? O desejo de amá-lO sobre todas as coisas, de sempre e somente cumprir a Sua Vontade e assim agradá-lO?
Ou imaginamos que temos uma espécie de contrato com Deus e que, por isso, podemos "merecer" dEle um pagamento que nos é devido?
De fato, Deus não nos deve nada. Criou-nos "por um desígnio de pura bondade" (cf. CAT 1) e se nos chama à Sua Igreja, ao trabalho em Sua vinha, não o faz senão para o nosso próprio benefício, pois assim poderemos "participar de Sua Vida bem-aventurada" (cf. CAT 1).
Busquemos, pois, trabalhar com muito amor e empenho na vinha do Senhor. Receberemos o que nos foi prometido, se soubermos expulsar a inveja e a soberba de nossos corações e alegrar-nos com aqueles com quem nos encontraremos no Reino dos Céus. Quer sejamos os últimos, quer sejamos os primeiros, importa é que lá possamos chegar.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão

XVIII Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Mt 14, 13-21


O Senhor vê o Seu Povo, uma grande multidão, "como ovelhas sem pastor", e se enche de compaixão. Cura os que estão doentes, os que têm a alma em perigo de morte, e dá a todos o maior dos dons, a Si mesmo, na Eucaristia, o Sacramento de Seu Corpo e Sangue, em que Ele, Jesus, o Verbo feito carne, está real e substancialmente presente, em Corpo e Sangue, Alma e Divindade.
Quando Ele Se dá ao Seu Povo na Eucaristia, os que dEle comem ficam satisfeitos, como ficou aquela multidão que Jesus alimentara com o pão feito de trigo. Mas aquela multidão, depois, teve fome novamente. O Povo de Deus, saciado pelo próprio Cristo, não tem mais a alma faminta e doente.
Quantos, porém, não O querem...! Rejeitam o Pão Vivo, descido do Céu para a vida do mundo, e preferem o pão que o mundo oferece na forma de tantas idolatrias, para permanecer insatisfeitos, com fome da verdadeira Vida...
Esses são como o Povo de Israel no deserto: não cessavam de murmurar, mesmo sendo alimentados por Deus com o maná. Queriam carne... Mas não queriam tornar-se adultos maduros para poderem comer carne. Comportavam-se como crianças mimadas. Como o Senhor Deus lhes poderia dar alimento sólido?
Agora o Senhor dá a "Carne", o "Pão dos fortes" para alimento de Seu Povo. Quem se arrisca a crescer no espírito e a alargar o coração, quem é capaz de reconhecê-lO e aproximar-se de Sua Mesa com amor, gratidão, humildade e alegria?

quarta-feira, 31 de julho de 2013

"Ele vai, vende todos os seus bens..."

XVII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mt 13, 44-46
Memória de Santo Inácio de Loyola, presbítero, fundador da Companhia de Jesus


Quando, de verdade, começa a conversão de uma pessoa para Deus? Quando se dá o "ponto de virada"? Quando é que a pessoa finalmente se dá conta do que é a eternidade, dessa dimensão tão presente e tão oculta de cada ser humano, diante do qual todo o resto é poeira e insignificância?
O Reino dos Céus, a eternidade, se deixa encontrar por aquele que o procura de todo o coração. Mas também vai ao encontro daquele que, sem o procurar e até sem o saber, deseja-o e espera-o de coração aberto. Este, quando é encontrado pelo Reino, fica "cheio de alegria".
Mas o grande sinal da virada nesse encontro entre Deus e o homem, nesse vislumbre do Reino dos Céus, não é a alegria, mas a forma como se reage a esse encontro.
Pois, tanto para quem procura o Reino dos Céus como para quem se deixa encontrar por ele, o Evangelho refere a mesma atitude: "ele vai, vende todos os seus bens e compra" a pérola ou o campo.
Vendo que o Reino supera em valor tudo o que possui, o homem não hesita em "vender todos os seus bens", isto é, deixar tudo para trás, mudar toda a sua vida, com o objetivo único de possuir o Reino dos Céus, de fazer parte dele.
Esse é o "ponto de virada", o grande momento da conversão, no qual o homem supera a si mesmo e se volta para o Criador, na trajetória que perpassa toda a sua vida até levá-lo à eternidade.
***
Das "Homilias sobre o Evangelho de Mateus", de São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja 

As duas parábolas do tesouro e da pérola ensinam a mesma coisa: que temos de preferir o Evangelho a todos os tesouros do mundo.(…) Mas há uma situação ainda mais meritória: preferi-lo com gosto, com alegria e sem hesitação. Jamais podemos esquecer-nos de que ganhamos mais do que perdemos ao renunciar a tudo para seguir a Deus. O anúncio do Evangelho está oculto neste mundo como um tesouro escondido, um tesouro inestimável.
Para procurar esse tesouro(…), são necessárias duas condições: a renúncia aos bens do mundo e uma sólida coragem. Efectivamente, trata-se «de um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola». Essa pérola única é a verdade, e a verdade é una, não se divide. Possuis uma pérola? Tu conheces a tua riqueza; mas, se a tens fechada na concha da mão, o mundo ignora a tua fortuna. Acontece o mesmo com o Evangelho. Se o abraças com fé, e o manténs fechado no coração, que tesouro! Mas só tu o conhecerás: os não crentes, que ignoram a sua natureza e o seu valor, não fazem ideia da incomparável riqueza que tu possuis.
***
Santo Inácio de Loyola, presbítero, fundador da Companhia de Jesus


Nobre espanhol, converteu-se aos 30 anos de idade, depois de uma breve mas brilhante carreira nas armas, e fundou a Companhia de Jesus. Alma profundamente militar, quis dotar a Igreja de uma milícia nova, aguerrida e disciplinada, para a defesa da glória de Deus e a conquista das almas. 
No século em que o protestantismo arrebatou à religião católica um terço da Europa, Inácio foi sem dúvida o lutador suscitado pela Providência para atender de modo pleno às necessidades da Igreja.

sábado, 22 de junho de 2013

"Buscai em primeiro lugar..."

XI Semana do Tempo Comum, sábado
Mt 6, 24-34

"Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça..."
O que é a justiça senão fazer sempre a Vontade de Deus, em todo tempo e lugar?
O Reino de Deus, que só se realizará plenamente no fim dos tempos, quando "Deus for tudo em todos", este Reino de Deus já começa aqui, em germe, quando o coração do homem, sedento de Deus, busca em primeiro lugar e antes de tudo fazer a Sua Vontade. Isto é o que significa buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça.
E o Senhor não abandona jamais os que Lhe pertencem, os que assim buscam tornar-se capazes de amá-lO. Pelo contrário, dá-lhes, por acréscimo, tudo o que lhes é necessário.
"Por acréscimo" significa que, antes de tudo, lhes dá a Si mesmo, Sua Paz, Seu perdão, Seu Amor e a cruz de cada dia, identificando consigo aos Seus amados e aos Seus prediletos.
"Necessário" significa que nada faltará aos amigos de Deus, que buscam a Sua Vontade antes de qualquer coisa, daquilo que é essencial. Não significará abundância de bens, de comodidades, de confortos e de prazeres - estas coisas não são importantes e podem mesmo tornar-se um risco para a salvação dos que as possuem, se não voltarem seus olhos incessantemente para Deus, apegando seu coração somente a Ele e só a Ele buscando servir, inclusive com os bens deste mundo.

domingo, 9 de junho de 2013

Duas mulheres e a ação de Deus

X Domingo do Tempo Comum
I Rs 17, 17-24 e Lc 7, 11-17

No Antigo Testamento, Deus devolve a vida do filho único da viúva, mas é preciso, antes, que Elias, o profeta, clame e suplique e leve o menino morto à presença do Senhor, para que este se compadeça da dor da mãe.
No Novo Testamento, porém, ninguém clama, ninguém suplica. É o próprio Deus que vem ao encontro da dor de outra viúva, outra mãe de um filho único, agora morto. Porque é o Senhor quem vê a humanidade morta, incapaz de produzir fruto de eternidade, e sente compaixão. Não precisa de nenhum clamor ou súplica, basta-Lhe ver as lágrimas, a dor, a morte. Porque, em Jesus Cristo, "Deus veio visitar o Seu Povo".
***
Essa mulher, porém, poderia se chamar Maria... Ainda que a Senhora tenha muitos filhos, que lhe foram dados por seu Filho único na cruz, cada um, para ela, é como se fosse o único.
E quando algum desses filhos morre espiritualmente, afasta-se da Vida que lhe é oferecida pelo Senhor, ela o pranteia como se não tivesse outro.
Mas não se detém no pranto: faz passar o cortejo fúnebre pelo caminho onde deve passar o seu Filho Jesus, que tem o poder de ressuscitar os mortos. Ele, por sua vez, não precisa que ela lhe suplique; basta-lhe ver suas lágrimas para desejar consolá-la, restituindo à vida o filho que se perdera.
E Jesus devolve o filho, vivo, à Senhora. Não será ele, que estava morto, a cuidar dela. Pelo contrário, ela o tomará sob sua proteção, a fim de que nunca mais se perca e morra, mas receba a Vida imperecível e a felicidade sem fim no Reino de Deus.
***
E essa mulher poderia se chamar Igreja...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Bem-aventurada és tu que creste!"

Festa da Visitação de Nossa Senhora
Lc 1, 39-56

Das Homilias de São Beda, o Venerável, presbítero  (Séc.VIII)

Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano.
Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina. Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna.
Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria.
Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor.
O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom daquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis,pequenos e fracos, em fortes e grandes.
Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador.
Por isso, se introduziu na liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando frequentemente o mistério da encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo do repouso.


De São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador 
Homilia de 04/05/1957

Cristo urge-nos. Cada um de vós há-de ser, não só apóstolo, mas apóstolo de apóstolos, arrastando outros convosco, movendo os demais para que também eles dêem a conhecer Jesus Cristo. Talvez algum de vós me pergunte como pode dar esse conhecimento às pessoas. E eu respondo-vos: com naturalidade, com simplicidade, vivendo como viveis, no meio do mundo, entregues ao vosso trabalho profissional e aos cuidados da vossa família. [...] A vida corrente pode ser santa e cheia de Deus; o Senhor chama-nos a santificar o trabalho quotidiano, porque aí está também a perfeição do cristão. Consideramo-lo [...] contemplando a vida de Maria.
Não nos esqueçamos de que a quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na Terra decorreram de forma muito semelhante à vida diária de muitos milhões de mulheres, ocupadas em cuidar da sua família, em educar os seus filhos, em levar a cabo as tarefas do lar. Maria santifica as mais pequenas coisas, aquilo que muitos consideram erradamente como não transcendente e sem valor: o trabalho de cada dia, os pormenores de atenção com as pessoas queridas, as conversas e as visitas por motivo de parentesco ou de amizade... Bendita normalidade, que pode estar cheia de tanto amor de Deus!
Na verdade, é isso o que explica a vida de Maria: o amor. Um amor levado até ao extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, contente por estar onde Deus quer que esteja e cumprindo com esmero a vontade divina. Isso é o que faz com que o mais pequeno dos seus gestos nunca seja banal, mas cheio de significado. Maria, nossa Mãe, é para nós exemplo e caminho. Havemos de procurar ser como Ela nas circunstâncias concretas em que Deus quis que vivêssemos.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

"Quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos"

VIII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mc 10, 32-45


Quantos dos discípulos do Senhor queremos apenas a glória, como Tiago e João, os filhos de Zebedeu!... Quantos querem a ressurreição sem a cruz de cada dia, sem o morrer para si mesmo, sem o serviço aos outros... Quantos falam do Ressuscitado sem mencionar a Sua Morte... Quantos só querem ser os cristãos da alegria do Sábado de Aleluia, mas fogem da Sexta-feira da Paixão...
No entanto, Nosso Senhor é muito claro: "vós bebereis o cálice que Eu devo beber e sereis batizados com o batismo com que Eu devo ser batizado". Aos que O querem servir, está reservada a comunhão com o Senhor em Seus sofrimentos.
E Ele ensina o "segredo" para chegar à glória no Reino dos Céus: "quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos". É a semelhança com Cristo no serviço e na doação total, até a morte.
Não cabe a um cristão, a um discípulo de Jesus, discutir títulos de glória ou lugares de honra. Cabe tomar a iniciativa de servir os irmãos, por amor de Seu Senhor, que veio para "servir e dar a Sua vida como resgate para muitos".

terça-feira, 28 de maio de 2013

"No mundo futuro, a vida eterna"

VIII Semana do Tempo Comum, terça-feira
Mc 10, 28-31

As perseguições, dores e tribulações fazem parte desta vida, em especial da vida de quem deseja servir ao Senhor.
Mas Ele não deixa sem recompensa e consolo, já nesta vida, aos que se fazem Seus discípulos e, por amor dele, Jesus, rejeitam este mundo e a sua futilidade.
Não há nada de permanente, a não ser a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo e a salvação que Ele veio nos trazer e nos oferece, a todos os que quisermos segui-lO, tomando a cada dia a cruz que nos corresponde.
STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS* - "a cruz permanece enquanto o mundo dá voltas". É o que nos quer dizer o Senhor quando afirma que aquele que deixa tudo por Sua causa há de receber tudo - aqui, com perseguições; "no mundo futuro, a vida eterna".
Sempre é tempo para decidir ser discípulo de Jesus - "muitos que agora são os últimos serão os primeiros". O mais importante não é o momento da vida, mas a qualidade da entrega: dar-Lhe tudo, deixar tudo por Ele, amá-lO de todo o coração.
***


"Quando vires uma pobre cruz de madeira, só, desprezível e sem valor... e sem Crucificado, não esqueças que essa cruz é a tua cruz: a de cada dia, a escondida, sem brilho e sem consolação..., que está esperando o crucificado que lhe falta. E esse crucificado tens que ser tu." (São Josemaría Escrivá, "Caminho", 178)
_________
* lema da Ordem dos Cartuxos, fundada por São Bruno em 1084. Para saber mais, ver site oficial da Ordem dos Cartuxos.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Quando vierem a Mim, não os afastarei"

III Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 6, 35-40

Hoje, nosso Senhor não está mais fisicamente presente entre nós, como estava há dois mil anos, quando pronunciou as palavras que lemos no Evangelho que a liturgia da Igreja nos propõe para hoje, diante das pessoas que haviam comido o pão por Ele multiplicado.
Sua Presença, hoje, em nosso meio, se dá de outras maneiras: na Igreja, que é Seu Corpo Místico; na pessoa de Seus ministros ordenados, os bispos e os sacerdotes; e, de modo muito particular e especialíssimo, no sacramento da Eucaristia, onde está Jesus realmente presente sob as espécies do Pão e do Vinho consagrados.
Ao vê-lO, assim, oculto, mas real, verdadeira e substancialmente presente, podemos dizer como São João Evangelista: "é o Senhor"! Porque é mesmo Ele, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, em Corpo e Sangue, Alma e Divindade.
A quem assim O vê, com os olhos da alma, e O distingue e nEle crê, o Senhor concede a vida eterna. E vaii satisfazendo, já nesta vida - embora sem saciar - a fome e a sede de Deus, de que padece toda pessoa humana a quem o pecado dEle separou.
Nosso Senhor nos quer a todos - "quando vierem [a Mim], não os afastarei". Espera-nos, este voluntário e divino Prisioneiro do Amor, todos os dias, em cada sacrário de cada igreja da terra, pronto a dar-nos o Céu. Basta que Lhe demos todo o nosso coração, sem reservas, em um só ato de amor, humilde, sincero e perseverantemente renovado.
***
Sobre o recente (1996) milagre eucarístico ocorrido em Buenos Aires:

domingo, 31 de março de 2013

"Os dois corriam juntos..."


Ressurreição do Senhor - Domingo de Páscoa
Jo 20, 1-9

Ainda que o "outro discípulo" corra mais rápido, movido pelo amor, ele deve correr com Pedro. Pois, onde está Pedro, aí está a Igreja.
Por isso, mesmo que chegue primeiro, porque corre mais rápido - é movido pelo amor ao Senhor e é jovem e impetuoso - o "outro discípulo" não entra no sepulcro vazio, mas aguarda Pedro e deixa que este entre primeiro. Depois que Pedro - a Igreja - vê, então ele também pode ver e acreditar.
Mesmo Maria Madalena, a primeira a ver o túmulo vazio (e ouvir de anjos a notícia da ressurreição do Senhor, conforme os outros relatos evangélicos), corre para avisar a Pedro, antes de qualquer coisa. É preciso agir com a Igreja e permanecer ma Igreja. A Igreja é que nos testemunha que o Senhor ressuscitou e está vivo!
Mas quem é o "outro discípulo, aquele que Jesus amava"? Sem dúvida, é o apóstolo e evangelista São João, o único a permanecer com o Senhor nos momentos trágicos e tristes de Sua Paixão e Morte; aquele a quem, na cruz, Jesus confiara o cuidado de Maria, Sua Mãe.
Em certo sentido, porém, o "outro discípulo" pode ser cada um de nós, se, tal como João, formos movidos pelo amor e, neste dia "que o Senhor fez para nós", corrermos até o túmulo vazio. Deixemos, porém, que nos fale a voz da Igreja. Ouçamos o que ela nos ensina e creiamos porque a Igreja nos diz para crer.
E a Igreja nos anuncia, hoje, que o Senhor ressuscitou e está vivo. Alegremo-nos, pois, com esta grande notícia, nós, que podemos ser, se o quisermos, "o discípulo que Jesus amava".
E acolhamos Maria, Mãe e figura da Igreja, Senhora do Céu, congratulando-nos com ela pela ressurreição de seu Filho, usando as mesmas palavras com as quais a Igreja, há tantos séculos, saúda a Virgem Santíssima neste Tempo Pascal:

Rainha do Céu, alegrai-vos, aleluia
Pois o Senhor que merecestes trazer em vosso seio, aleluia
Ressuscitou como disse, aleluia
Rogai a Deus por nós, aleluia.

Regina caeli, laetare, alleluia
Quia quem meruisti portare, alleluia
Ressurrexit, sicut dixit, alleluia
Ora pro nobis Deum, alleluia

quinta-feira, 28 de março de 2013

"Amou-os até o fim"


Semana Santa - Quinta-feira
Instituição do sacerdócio e da Eucaristia
Jo 13, 1-15

O que é fazer a mesma coisa que Jesus fez? Facilmente se lê este texto de modo superficial, pensando na dimensão do serviço do sacerdócio ministerial e, mais ainda, na dimensão do serviço que cabe a todos nós, batizados, como um atendimento às necessidades mais imediatas (e, com frequência, exclusivamente materiais) dos irmãos.
Mas, embora esse "fazer o mesmo" abranja também isto, significa ainda, de modo mais profundo, amar os irmãos do mesmo modo que o Senhor nos amou (e ama e amará, por toda a eternidade) a cada um de nós: "tendo amado os Seus, amou-os até o fim". Isto é: amou-os até o mais extremo do amor, amou-os com loucura.
Ele, que é Deus, amou-nos até consumir-Se de amor.
Diante de Deus, que é capaz de amar-nos assim, que justificativas temos para poupar-nos? Como nos poderemos apresentar diante dEle, senão com um amor sem medidas, à semelhança do Seu Amor?

quarta-feira, 20 de março de 2013

"A Verdade vos libertará"


V Semana do Tempo da Quaresma, quarta-feira
Jo 8, 31-42

Permanecer na Palavra do Senhor - ouvi-la, meditá-la, guardá-la no coração e procurar praticá-la - é o que torna alguém verdadeiro discípulo de Jesus. Como Ele mesmo disse em outro lugar, ouvir a Sua Palavra e pô-la em prática, isso é o que demonstra que alguém O segue.
Aqueles que se dispõe a ser discípulos de Jesus - os que permanecem em Sua Palavra - esses chegam ao conhecimento da verdade. Mas que verdade? A verdade sobre Deus, sobre o mundo, sobre o homem e sobre si mesmos. A Verdade que é o próprio Cristo e que não admite relativismos. E que, por isso, conduz à plena liberdade de filhos de Deus, não mais escravos do demônio (o inimigo de Deus) e do pecado, nem sujeitos à morte.
Mas Jesus é muito claro: é preciso escolher entre tornar-se filho de Deus ou permanecer escravo do demônio. Os que são filhos de Deus guardam a Palavra do Senhor, amam-nO e servem-nO em plena liberdade, porque só quem é livre pode amar. Mas os que rejeitam a Deus haverão de se tornar escravos do diabo e do pecado. Porque o homem não é autônomo; ele sempre vai servir a alguém, seja ao diabo ou seja a Deus.
"Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres."

terça-feira, 12 de março de 2013

"QUERES FICAR CURADO?"

IV Semana do Tempo da Quaresma, terça-feira
Jo 5, 1-16

Quando a doença espiritual é tão grande que paralisa a alma, a ponto de impedi-la de buscar a cura, o próprio Deus vem ao seu encontro para curá-la e erguê-la da paralisia. Porque Deus tem piedade de seus filhos e quer vê-los livres dos grilhões do pecado que os acorrentam.
Isso foi o que fez Jesus, nosso Senhor, com o Seu sacrifício redentor: veio ao encontro da humanidade perdida e de cada pessoa humana, cada um de nós, para curar-nos e libertar-nos do demônio, do pecado e da morte.
Mas a cura não ocorre contra a vontade da pessoa, como que por mágica. O Senhor se aproxima da alma doente para livrá-la de seu mal, mas, antes pergunta: "queres ficar curada"? E a pessoa terá toda a liberdade para aceitar ou rejeitar a cura que o Senhor lhe oferece.
Lamentavelmente, algumas pessoas preferem continuar com a alma doente, paralisada, incapaz de andar nos caminhos do Senhor que conduzem ao Seu Reino, nos Céus.
Aos que aceitam a cura, vale a advertência de Jesus: "não tornes a pecar, para que não te aconteça coisa pior". Porque a alma paralisada pode sempre ser curada, mas o pecado leva à morte da alma, ao caminho sem volta do inferno, que é ódio, rejeição e ausência absoluta de Deus, para sempre.
Na cura que Jesus oferece, mas nunca impõe, está a esperança da felicidade plena no Reino de Deus.

segunda-feira, 4 de março de 2013

"Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria"


III Semana do Tempo da Quaresma, segunda-feira
Lc 4, 24-30

Nem mesmo o Filho de Deus, quando se faz um de nós, é bem recebido. Toda a terra, que já pertencia a Ele como Criador, tornou-se a Sua pátria, porque Ele, o Verbo, se fez homem.
Nós, porém, não o recebemos. E não somente isso, mas ainda O rejeitamos. Se nos fosse possível, também O quereríamos lançar no precípio, como aqueles invejosos e medíocres habitantes de Nazaré.
Tal como naquele tempo, entretanto, Jesus segue o Seu caminho. Se O rejeitarmos, ficaremos para trás, não O alcançaremos e não seremos admitidos à felicidade perfeita em Seu Reino.
Permanece o convite do Senhor, o Seu apelo urgente: "convertei-vos e crede no Evangelho". Se atendermos ao chamado, esperam-nos cruzes e a liberdade e a glória dos filhos de Deus, no Reino dos Céus, para o qual fomos criados.

domingo, 3 de março de 2013

"Se não der fruto, então tu a cortarás"

III Domingo do Tempo da Quaresma
Lc 13, 1-9


A advertência do Senhor - "se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo" - é complementada pela parábola da figueira estéril, que o dono da vinha queria cortar. Porque Jesus é o próprio vinhateiro que impede o dono da vinha de cortar a figueira que não lhe dava frutos.
O dono da vinha teve paciência: esperou os figos por três anos. Durante esse tempo, a figueira nutriu-se da terra, recebeu água e adubo e teve todo o necessário para produzir frutos, mas não o fez. Tinha razão o dono da vinha em querer cortá-la, para plantar em seu lugar outra figueira que lhe desse os frutos, já que esta apenas consumia os seus recursos.
Assim é Deus conosco: tem paciência e dá-nos tudo de que necessitamos para produzir os frutos de amor que Ele deseja. Mas se não queremos amá-lO e aos irmãos, servindo-O e cumprindo a Sua Vontade, com razão podemos ser, a qualquer momento, excluídos de Seu Reino.
Mas o Filho, Jesus Cristo, intercede em nosso favor, entregando-se por nós, para que o Pai tenha ainda um pouco mais de paciência e aguarde que, com o "adubo" do sacrifício do Senhor, enfim produzamos os frutos esperados.
Essa espera, no entanto, não é indefinida. Assim como o vinhateiro pede ao dono da vinha que deixe a figueira anda por mais um ano, também o nosso tempo é limitado. Se no tempo que nos é dado, o tempo em que vivemos neste mundo, não dermos os frutos que o Pai deseja, seremos então "cortados" e não poderemos ter parte no Reino dos Céus. Ao contrário, morreremos tragicamente para a eternidade.

sábado, 2 de março de 2013

"Tudo o que é meu é teu"

II Semana do Tempo da Quaresma, sábado
Lc 15, 1-3.11-32


Quando lemos e meditamos esta parábola, é quase inevitável que fixemos o nosso olhar sobre o filho pródigo. Mas também pode ser muito proveitoso se olharmos também para o que nos diz o Evangelho a respeito do pai misericordioso e sobre o filho mais velho, as duas outras personagens que aparecem e que nos falam muito a respeito de Deus e de nós mesmos.

Em primeiro lugar, o PAI. Conta-nos o Senhor a respeito do pai: "quando [o filho mais novo] ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão". Antes que o filho veja o pai, este o vê. O pai está à espera do filho que o deixara, sabe que ele não poderá ficar bem longe de casa, que deixou para trás a sua realização e a possibilidade de ser feliz quando o abandonou. Por isso, embora respeite a liberdade do filho mais novo, espera-o com ansiedade, desejando que caia em si. Assim, o pai é o primeiro a ver o filho - porque o amor vê primeiro e vê mais longe - e depois corre ao seu encontro para abraçá-lo e beijá-lo.
Este pai é Deus e o filho mais novo somos nós, sempre que O rejeitamos e abandonamos, sempre que pecamos e deixamos a casa paterna, a Igreja. Ele é quem está à nossa espera e corre ao nosso encontro, mal começamos a esboçar o arrependimento e o desejo de voltar aos seus braços. É a Sua graça que nos conduz novamente ao convívio de Sua casa.
A iniciativa do perdão, portanto, é toda do pai, toda de Deus. E ele manda trazer "a melhor túnica" para vestir o filho que retorna, completamente esfarrapado e maltrapilho. Ora, que melhor túnica podemos vestir senão a imagem do Filho unigênito, Jesus Cristo? Ele, que nos salvou por Sua Cruz e Ressurreição, lava-nos com Seu Sangue e refaz-nos conforme a Sua imagem, a cada vez que recebemos o Seu perdão, pela confissão de nossos pecados ao sacerdote, no sacramento da Reconciliação. Essa é a "melhor túnica" que o Pai manda trazer para nos revestir quando retornamos à Sua Casa.

Depois, o FILHO MAIS VELHO. Ouve os sons do banquete que o Pai oferece pelo retorno do filho mais novo. Informa-se e enche-se de ira. Talvez nunca tenha servido o Pai com amor verdadeiro. Talvez sinta inveja do irmão mais novo, que teve a coragem de aventurar-se, enquanto ele, que também queria ter experimentado a vida longe da casa paterna, acovardou-se, acomodou-se e amargurou seu coração. Talvez tenha amado e servido o Pai de todo o coração; mas, naquele momento, deixou-se levar pelo ciúme. Talvez... Seja qual for a motivação do filho mais velho, o certo é que endureceu e fechou o coração. E, por isso, excluiu-se do banquete, da festa do Pai e do irmão mais novo.
Não podemos tornar-nos como esse filho mais velho, de coração fechado e duro. Ele jogou fora todos os anos de amor e de serviço ao Pai pela inveja de um momento. Se quisermos entrar no Reino de Deus, devemos ouvir de coração alegre e cheio de gratidão o que o Pai nos diz: "tudo o que é meu é teu". Se já buscamos servi-lO, fiquemos felizes quando outros de nossos irmãos retornam à casa paterna. Porque já possuímos, por uma espécie de antecipação, todos os bens do Pai. Portanto, só não participa da festa do Reino dos Céus aquele que, incapaz de alegrar-se com a salvação do próximo, com o amor que Deus lhe dispensa, fecha-se na própria amargura e se exclui do banquete.
Deus, porém, quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Qual será a nossa resposta ao Pai que, amorosamente, nos chama a festejar o irmão que estava morto e voltou a viver, estava perdido e foi encontrado?

sexta-feira, 1 de março de 2013

"O Reino de Deus Vos Será Tirado"

II Semana do Tempo da Quaresma, sexta-feira
Mt 21, 33-43.45-46


De modo mais imediato, Jesus se refere aos sacerdotes e mestres da lei do antigo Povo de Israel, o Povo da Antiga Aliança. Eles não souberam cultivar a vinha do Senhor, isto é, fazer com que o Povo de Israel, vinha eleita de Deus, produzisse os frutos desejados por Ele. Por isso, aos sacerdotes e mestres da lei é tirado o Reino e entregue ao novo Povo de Deus, a Igreja, para que esse produza os frutos esperados pelo Senhor.
Jesus relata, inicialmente, o cuidado e a ternura com que Deus preparou a Sua vinha. Podemos aplicar isso, sim, à Igreja, mas também a cada um de nós, cuja vida é preparada e encaminhada por Deus de tal forma que possamos encontrá-lO, conhecê-lO, amá-lO e decidirmo-nos a servi-lO, entregando-Lhe toda a nossa vida. Todas as circunstâncias de nossas vidas, todas as alegrias e todas as dores - tudo é útil, tudo é uma oportunidade única para reconhecermos a mão amorosa de Deus que nos acompanha e quer levar-nos ao Seu Reino para dar-nos a felicidade perfeita, completa.
Mas, se da parte de Deus nada falta, precisamos nos perguntar se estamos, por nosso lado, fazendo tudo o que nos corresponde para produzir os frutos que o Pai espera e deseja de nós. Pois a Igreja, Esposa imaculada de Cristo, sempre produz os frutos desejados pelo Senhor; nós, porém, membros dessa mesma Igreja, nem sempre fazemos o que nos cabe. Muitas vezes, quando o Senhor vem buscar os frutos de Sua vinha (pois, afinal, a vinha é dEle, não nossa), enviando aqueles que colocou à frente de Seu Povo como pastores (os sacerdotes, os bispos, o Papa), nós os rejeitamos, recusando-nos a ouvir o que a Igreja, por meio deles, nos diz.
"Hoje, quando ouvirdes a Sua Voz, não fecheis o vosso coração", diz o Salmo 94, tão presente neste Tempo de Quaresma. O Senhor virá buscar os frutos de Sua vinha. Vivamos de tal modo que não tenhamos de ouvir de Sua boca: "o Reino de Deus vos será tirado".

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Transfiguração do Senhor


II Domingo do Tempo da Quaresma
Lc 9, 28-36

"Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e subiu a montanha para rezar."
Só levou os três e nenhum outro mais, dos doze mais próximos - que seriam os futuros apóstolos - e dos outros tantos discípulos que andavam com Ele sempre.
Talvez porque, conforme testemunha a vida dos santos de todos os tempos, há diferentes graus de intimidade com o Senhor, conforme a graça de Deus o concede e o coração do homem a ela corresponde. Talvez porque, para cada um, Deus dá responsabilidades e tarefas diferentes, que exigem graças maiores para o sustento da natureza humana que quer corresponder com generosidade ao chamado do Senhor.
E, certamente, porque aquilo que não é dado a todos ver, é exigido de todos que creiam, precisamente pelo testemunho daqueles que viram e experimentaram.
Cremos, pois, que o Senhor se transfigurou diante de Pedro, Tiago e João e que estavam com Ele Moisés e Elias, para indicar que, em Cristo, a Lei é levada à sua plenitude e que, nEle, se cumpre o que fora anunciado pelos profetas do Antigo Testamento, isto é, que Deus haveria de enviar um Salvador, o Messias prometido, o "desejado das nações". Cremos que Jesus, em Sua transfiguração, manifesta aos três discípulos o esplendor da glória divina, "que Ele tem junto do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade" (Jo 1, 14).
Pelo testemunho de Pedro, Tiago e João - colunas da Igreja - cremos que Jesus manifestou a Sua glória no Monte Tabor, antecipando-lhes, assim, a glória de Sua ressurreição, para que o escândalo da cruz não lhes destruísse a fé.
Hoje, pela voz da Igreja (e, sobretudo, pela voz do Papa, sucessor de Pedro), aqueles que são os mais amados e íntimos do Senhor continuam a nos testemunhar a Sua transfiguração.
Porque hoje não é a cruz de Jesus que nos escandaliza e ameaça roubar-nos a fé, mas os apelos do mundo e a sua intensa perseguição, velada em alguns lugares e explícita em outros, mas sempre presente e constante.
A Igreja, por meio de nossos pastores, continua, incansavelmente, a dar testemunho da transfiguração de Jesus, daquele momento em que Ele apareceu revestido de glória e no qual o Pai deu testemunho dEle dizendo: "este é o meu Filho, o escolhido; escutai o que Ele diz".
Hoje, na última oração pública do Angelus antes de sua renúncia, o Papa Bento XVI falava-nos do PRIMADO DA ORAÇÃO, ao comentar brevemente a Transfiguração do Senhor. Pois ela aconteceu, como nos conta o Evangelho, "enquanto Ele rezava". Precisamos também nós subir ao monte, com Jesus e os apóstolos, PARA REZAR. Se for de Sua Vontade, também nós haveremos de contemplar a Sua glória. O que nos cabe, porém, é o desejo e o esforço da oração - subir ao monte - no desejo de ESTAR COM O SENHOR. Isso é o que sustenta toda a nossa vida.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo"

I Semana do Tempo da Quaresma, sexta-feira
Festa da Cátedra de São Pedro
Mt 16, 13-19


Pedro é o sinal da unidade para toda a Igreja. É ele quem responde em nome de todos - "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo" - e é a ele que o Senhor promete o primado e o poder de ligar e desligar.
Se o Senhor faz a Pedro esta promessa e, depois de Sua Ressurreição, cumpriu-a ao dizer ao mesmo Pedro que apascentasse Suas ovelhas (cf. Jo 21, 15-17), como se poderia crer que, depois de Pedro, o poder que o Senhor lhe confiara não se estenderia aos seus sucessores? Poderia Nosso Senhor Jesus Cristo deixar a Sua Igreja acéfala, sem um sinal de unidade, sem a cabeça visível que confirma os irmãos na fé? Deixar o Senhor a Sua Igreja entregue a todo vento de doutrina (cf. Ef 4, 14)? De forma alguma.
Nestes mais dois mil anos, nunca faltou um sucessor de Pedro para conduzir a Barca de Cristo em meio ao mar tempestuoso na direção certa do Reino dos Céus.
Hoje, até o dia 28 de fevereiro de 2013, o sucesso de Pedro, o vigário de Cristo, o servo dos servos de Deus, aquele que Santa Catarina de Sena chamava "o doce Cristo na terra" é Bento XVI. Depois, o colégio dos cardeais novamente se reunirá para eleger aquele dentre eles que confirmará seus irmãos na fé e que apascentará o rebanho de Cristo em Seu Nome.
Pois o Senhor jamais abandona a Sua Igreja. Não o fez desde que por ela derramou todo o Seu Sangue na cruz, desde que, de Seu lado aberto, correu Sangue e água, até hoje; e não o fará, até o fim dos tempos, quando vier em Sua glória, para julgar os vivos e os mortos. Esta é a Igreja de Cristo, para a qual vale a Sua promessa: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"Senhor, ensina-nos a orar"

I Semana do Tempo da Quaresma, terça-feira
Mt 6, 7-15



Santíssimo «Pai Nosso», 
nosso Criador, nosso Redentor, nosso Salvador e Consolador. 
«Que estais nos céus», 
nos anjos e nos santos, iluminando-os para que Vos conheçam, 
porque Vós, Senhor, sois a luz;  
inflamando-os para que Vos amem, porque Vós, Senhor, sois o amor;  
habitando neles e enchendo-os com a Vossa divindade 
para que adquiram a felicidade, porque Vós, Senhor, sois o maior bem,  
o bem eterno, donde procede todo o bem, sem o qual não há bem algum. 

«Santificado seja o Vosso nome»: 
Que o conhecimento que temos de Vós 
se torne, em nós, cada vez mais luminoso, 
para que possamos avaliar o comprimento dos Vossos dons, 
a largura das Vossas promessas, a altura da Vossa majestade 
e a profundidade dos Vossos julgamentos (Ef 3, 18). 

«Venha a nós o Vosso Reino»: 
Reinai em nós pela graça;  
fazei-nos entrar no Vosso Reino 
onde enfim Vos veremos sem sombra, 
onde o nosso amor por Vós se tornará perfeito, 
bem-aventurada a Vossa companhia, eterno o prazer de Vos termos conosco. 

«Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como nos céus»: 
Que Vos amemos sempre de coração pleno, 
pensando sempre em Vós, 
desejando-Vos sempre, com todo o nosso espírito; 
continuamente dirigindo a Vós todas as nossas intenções, 
perseguindo apenas a Vossa glória,  
com todas as forças, com todo o coração, 
com toda a alma, com todo o entendimento, ao serviço do Vosso amor 
e de nada mais (Mc 12, 30). 

Amemos o nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22,39) 
atraindo todos ao Vosso amor, como nos for possível, 
alegrando-nos com o seu bem como se nosso fosse, 
compadecendo-nos com as suas tribulações, 
e não fazendo a ninguém ofensa alguma.


Autor: São Francisco de Assis (1182-1226), fundador da Ordem dos Frades Menores 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

"Apartai-vos de Mim, malditos!"


I Semana do Tempo da Quaresma, segunda-feira
Mt 25, 31-46


Os "benditos do Pai" são aqueles que mais se assemelham ao Filho, Jesus Cristo, em Seu amor pelos homens e em Seu amor e obediência ao Pai. Por isso, são aqueles que mais agradam ao coração de Deus. São aqueles que amam ao próximo por causa de Cristo e reconhecem-nO em cada irmão, especialmente naquele mais necessitado de seu auxílio.
E, ainda, os que Jesus proclama "justos" e que chama de "benditos de meu Pai", esses têm uma característica muito particular, que os distingue e identifica: são humildes.
Não se consideram justos, porque se reconhecem pecadores. E, por isso, não compreendem os louvores que lhes dirige o Senhor.
Ao contrário, os iníquos, que o Senhor manda afastarem-se de Si, são orgulhosos. Por isso, creem ter agido com justiça. Quando o Senhor os repreende por sua falta de amor, ousam ainda questioná-lo, como se o Rei e Juiz de todos lhes fosse devedor.
Esses, a quem o Senhor chama "malditos", só o são porque escolheram para si esse destino. São eles que rejeitam a Deus, que não querem amá-lO e, muito menos, servi-lO. Jesus, porém, não os chama "malditos do Pai" - como aos justos havia chamado "benditos de meu Pai". Porque não é Deus quem os rejeita; antes, é por eles rejeitado. São eles, os iníquos, que escolhem para si a maldição, porque não pode haver nenhum bem fora ou longe de Deus. O Senhor apenas respeita a sua escolha e manda-os para longe de Sua Presença, pois eles mesmos não querem permanecer diante dEle. Com essa escolha, renunciam a toda felicidade possível, para sempre.
É terrível, mas o homem tem em suas mãos uma escolha de tão grande magnitude: amar a Deus de todo o coração, servi-lO e ser plenamente feliz em Seu Reino, no Céu, ou rejeitá-lO para sempre e consumir-se em ódio, dor e desespero no vazio do inferno por toda a eternidade.
Neste Tempo de Quaresma, meditemos sobre a escolha que fazemos e renovamos, a cada dia, provada em nossos atos em favor de nossos irmãos mais necessitados.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Servir ao diabo ou a Deus?

I Domingo do Tempo da Quaresma
Lc 4, 1-13


Tudo se resume a colocar alguma coisa (ou alguém) no lugar de Deus. Quando o ser humano não quer servir-lO, coloca-se a si mesmo no lugar que pertence a Deus por direito e põe seu coração em coisas externas para esquecer-se dAquele que deve ser o seu único Senhor.
No entanto, quanto mais o homem rejeita a Deus, menos livre fica. E mais prisioneiro se torna dessas coisas com as quais entulha o seu coração na busca frenética de um bem-estar que, quanto maior, mais o afasta da felicidade. Desejando ser senhor, torna-se escravo.
Porque o homem é uma criatura frágil e míope, debilitada pelo pecado e incapaz por si mesmo de vislumbrar o espiritual, não pode ser senhor de si mesmo ou de coisa alguma. O homem sempre serve a alguém - se não servir a Deus, servirá fatalmente ao diabo.
Jesus, tentado por Satanás no deserto, vence-o. E vence justamente colocando-se livremente a serviço do Pai, submetendo-se inteiramente à Sua Vontade, prestando-Lhe todo o Seu amor e adoração e rejeitando toda a vã glória deste mundo, todo o vazio de centrar-se em si mesmo.
Se imitarmos o Senhor, se fixarmos nosso olhar em Deus, se nos convencermos de nossa pequenez, se nos entregarmos a Ele, Cristo, se nos tornarmos seus servidores, submetendo-Lhe nossa vontade, então também poderemos, nEle e com Ele, vencer o diabo.
Lúcifer entendeu que era melhor reinar no inferno do que servir no Céu. E, desde então, está lá preso por toda a eternidade, onde não há nada de bom e só há trevas, desespero, dor e ódio. A nós, porém, é possível fazer outra escolha, sabendo que, no Reino dos Céus, reinar é servir.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

"Avança para águas mais profundas"


V Domingo do Tempo Comum
Lc 5, 1-11


Algumas vezes na vida (quem sabe agora?), o Senhor pede-nos que deixemos a margem onde estamos confortáveis e acomodados, para ir jogar a rede em águas mais profundas. Porque ali, naquele ponto onde nos instalamos, para onde puxamos nossa barca para que Ele pudesse ensinar a multidão, o Senhor já "acabou de falar".
No entanto, até que esta vida termine, o trabalho de santificação pessoal e de testemunhar e anunciar o Evangelho nunca se acaba, seja noite ou seja dia.
O Senhor concluiu Suas palavras ali, mas pede que nos façamos ao largo, isto é, que naveguemos para águas mais profundas, porque a Sua Palavra é inesgotável e porque precisamos cumprir a Sua Vontade onde Ele nos convoca a estar. E devemos permanecer enquanto Ele quiser, mas estando sempre disponíveis para, quando Ele o desejar, irmos para outras águas, mais profundas.
"Em atenção à Tua Palavra": é a Palavra do Senhor, a Sua Vontade por muitos modos manifesta, que nos leva e conduz para onde Ele quer. Não podemos dar frutos - ou fazer pesca abundante - senão onde o Senhor deseja que estejamos.
Só o que precisamos fazer é dar ao Senhor um coração bem disposto, disponível ao cumprimento de Sua Vontade, dócil às inspirações do Espírito Santo, para estar onde Ele nos conduzir.
Ao final, aguarda-nos o espanto, porque veremos as maravilhas de Deus e constataremos, como Pedro, que não foram produzidas por nós, mas pela Palavra que o Senhor pronunciou.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

"Vinde e descansai"


IV Semana do Tempo Comum, sábado
Mc 6, 30-34

De fato, não há tempo para descanso quando se está a serviço do Reino dos Céus. Sabendo que o Reino há de realizar-se plenamente apenas na eternidade, o tempo desta vida é para consumir-se no esforço de levar a todos quantos for possível o anúncio do Evangelho, da boa nova do Reino de Deus.
É certo que o Senhor, de quando em quando, convida os Seus a um tempo de descanso - de retiro - para que recuperem as forças. Jesus conhece as necessidades humanas.


Mas é certo também que esse tempo será sempre breve, todas as vezes, porque a multidão dos que procuram o Senhor, dos que necessitam dEle mesmo sem o saber, será sempre tão numerosa quanto a humanidade, até o fim dos tempos.
É imensa a multidão dos homens que são como "ovelhas sem pastor". Jesus, naquele tempo, teve compaixão e "começou a ensinar-lhes muitas coisas". E hoje, quem tem compaixão do rebanho do Senhor?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"... foi para isso que Eu vim"

I Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mc 1, 29-39


Nenhuma das ações de Deus é gratuita. Pelo contrário, sempre servem a uma finalidade maior, que nós, quase sempre, somos incapazes de dimensionar, em virtude de nossa cegueira espiritual e temporal. E ainda que consigamos, pela graça de Deus, ver a finalidade imediata de uma ação ou permissão divina, é-nos totalmente impossível alcançar todos os seus desdobramentos atuais e futuros e suas consequências neste mundo e no outro.
Hoje, o Evangelho nos mostra a cura da sogra de Pedro. E indica em seguida a imediata finalidade de tal cura. Livre da febre, "ela começou a servi-los". Não foi uma cura gratuita. E o evangelista quer apontar para isto: as curas não são a finalidade do ministério de Jesus, mas servem a essa finalidade.
O Evangelho relata as curas e exorcismos que o Senhor realiza como sinais da chegada do Reino de Deus entre nós, com a pessoa de Jesus. Sinais que devem ser manifestados a todos e, por isso, o Senhor não permanece em Cafarnaum. Possivelmente lá havia muitos mais doentes e possessos, mas Ele vai percorrer outras aldeias da Galileia.
Porque Jesus não é um mero curandeiro, um taumaturgo ou um mágico de plantão. Jesus é o Enviado do Pai. Ele não veio para livrar-nos de nossas pequenas mazelas cotidianas, mas para anunciar a proximidade do Reino dos Céus e abrir para nós as suas portas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O SENHOR OS VIU E CHAMOU


I Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Mc 1, 14-20



O apelo à conversão, a crer no Evangelho é urgente, porque "o tempo já se completou". Vivemos o tempo da graça, o tempo que para nos é dado viver para que o nosso coração se volte para Deus, arrependido das más obras e dos maus desejos e ansiando por purificar-se, para poder um dia chegar ao Seu Reino, nos Céus, e contemplá-lo face a face.
É urgente voltar para Deus porque o Seu Reino está próximo. O Senhor já veio e aguardamos o Seu retorno para a realização plena e definitiva de Seu reinado. E, ainda antes de Sua vinda definitiva, Ele virá para nós, no dia em que se encerrar o curso de nossa vida terrena. O Reino de Deus, portanto, está próximo.
Enquanto isso, o Senhor vai passando por nossas vidas. Ao passar, Ele nos vê e o Seu olhar sobre nós não é indiferente. Jesus vê o mais profundo do nosso ser; contempla-nos; ama-nos. E, por isso, chama-nos a ser discípulos Seus, a segui-lO, como fez com Simão, André, Tiago e João.
Eles, ao ouvir o chamado de Jesus, deixaram tudo - sua vida antiga - e O seguiram. E nós, o que faremos? Como responderemos ao Senhor?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Senhor, se QUERES..."

Tempo do Natal, sexta-feira depois da Epifania
Lc 5, 12-16


Este leproso é um homem de fé. Não diz a Jesus - "se podes" - como fez o pai do menino possesso, mas "se queres". Crê no poder de Deus e também entende que não há, da parte de Jesus, qualquer obrigação de curá-lo. Por isso, expõe ao Senhor a sua necessidade com humildade, colocando-se ao dispor da Vontade santíssima de Deus a seu respeito. Desse modo toca profundamente o coração compassivo de Jesus e é atendido.
Precisamos nós, hoje, reconhecermo-nos neste leproso. Sofremos da lepra de nossas misérias e pecados e é necessário que o admitamos. Ninguém pode, diante do Senhor, crer-se limpo, puro, bom. Porque Ele sabe o que há no nosso coração. E, uma vez que tenhamos assumido a verdade a nosso respeito, podemos dizer-Lhe, com a alma e o coração expostos: "Senhor, se queres, tens o poder de curar-me e podes atender aos anseios mais profundos do meu coração; sei que podes e disponho-me, em tudo, à Tua Vontade".
E, uma vez que o Senhor nos conceda a cura, devemos, a exemplo do leproso, testemunhar com alegria e sem reservas a todos os homens a Sua Misericórdia.
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