terça-feira, 21 de janeiro de 2014

"... o Senhor olha o coração"

II Semana do Tempo Comum, terça-feira
Memória de Santa Inês, virgem e mártir
Mc 2, 23-28



Os preceitos do Senhor não foram dados para escravizar o homem e colocá-lo sob um jugo sem sentido, senão para libertá-lo e salvá-lo, colocando-o no caminho da verdadeira Vida, que "está escondida com Cristo, em Deus".
Por isso, Jesus relativiza o sábado (para nós, hoje, o domingo - pois comemoramos o dia da ressurreição do Senhor, em que foi inaugurada a nova criação), subordinando-o ao bem do homem todo.
No entanto, não se pode estender forçosamente o sentido do que disse o Senhor, tomando Suas palavras em proveito próprio e para servir a interesses egoístas.
Em primeiro lugar deve vir sempre a adoração, a obediência, o respeito e a reverência devidos a Deus. Essa ordem não estará sendo subvertida quando for preciso atender a necessidades legítimas da pessoa, em detrimento do preceito. Mas, quando se deixa em segundo plano o culto devido a Deus para atender a interesses, caprichos ou comodismos, então o homem se está colocando no lugar de Deus - e isso se chama idolatria.
Pensemos, pois, como vivemos o preceito dominical e vejamos, em tudo, que lugar damos a Deus em nossas vidas, para saber se não nos estamos erigindo em ídolos de nós mesmos. Lembremos que "o Senhor olha o coração" e nada Lhe está oculto.

Vida de Santa Inês, virgem e mártir
Viveu em Roma, onde foi martirizada em 304. Nobre, descendia da poderosa família Cláudia e desde pequena foi educada pelos pais na fé cristã. Cresceu virtuosa e decidiu consagrar sua pureza a Deus, resistindo às investidas dos jovens mais ricos da nobreza romana, desejosos de seu amor.
Tinha 13 anos quando foi cobiçada, por sua extraordinária beleza, riqueza e virtude, pelo jovem Fúlvio, filho do Prefeito de Roma, Semprônio. Como o rejeitou, Inês foi levada a julgamento e obrigada a manter o fogo sagrado aceso de um templo dedicado à Vesta, deusa romana do lar e do fogo, o que recusou-se a fazer, dizendo: "Se recusei seu filho, que é um homem vivo, como pode pensar que eu aceite prestar honras a uma estátua que nada significa para mim? Meu esposo não é desta terra", se referindo a Jesus. "Sou jovem, é verdade, mas a fé não se mede pelos anos e sim pelos sentimentos. Deus mede a alma, não a idade. Quanto aos deuses, podem até ficar furiosos, que eu não os temo. Meu Deus é amor." Por isso foi condenada a ser exposta nua num prostíbulo no Circo Agnolo (hoje praça Navona, onde se ergue a Basílica de Santa Inês in Agone). Diz a história que, introduzida no local da desonra, uma luz celestial a protegeu e ninguém ousou aproximar-se dela. Seus cabelos cresceram maravilhosamente cobrindo seu corpo. Ao ser defendida por um anjo guardião, um dos seus lascivos pretendentes caiu morto, mas a santa, apiedada, orou a Deus e o ressuscitou. Temeroso, o Prefeito Simprônio passou o caso ao seu cruel substituto, Aspásio. Após novo interrogatório, a menina foi condenada a morrer queimada. As chamas também não a tocaram, voltando-se contra seus algozes e matando muitos deles. Foi por fim decapitada, a mando do vice-prefeito de Roma, Aspásio.
Seus pais sepultaram seu corpo num terreno próximo da Via Nomentana, onde a princesa Constantina, filha do imperador Constantino mandou erguer a majestosa basílica de Santa Inês Fora dos Muros, palco de grandes milagres por intermédio da santa virgem.
A história conta que oito dias depois da morte, apareceu em grande glória aos pais que rezavam em seu túmulo, segurando um cordeirinho branco e cercada de muitas virgens e anjos e anunciou-lhes sua grande felicidade no céu. 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vida de Santo Antão

I Semana do Tempo Comum, sexta-feira
Memória de Santo Antão (17 de janeiro)


Origem e formação cristã de Antão

Santo Antão é também conhecido por “Santo Antônio do Egito”, “Santo Antônio, o Grande”, “Santo Antônio Abade”, ou ainda “Santo Antão, o Eremita”. Ele é considerado como o fundador do monaquismo cristão.
Segundo Santo Atanásio, sobre quem falaremos mais adiante, Antão nasceu no Egito, no ano 251, num lugarejo chamado Coma, hoje Qemans, província de Beni Suef, na margem ocidental do Rio Nilo, e faleceu no ano 356, portanto, com 105 anos.
Para situar melhor o leitor, convém lembrar que o Egito é um País que fica no Nordeste da África, perto da terra onde Jesus nasceu, viveu e morreu. O Povo de Deus viveu por muito tempo no Egito, e de lá foi tirado por Moisés.  Jesus também viveu parte de sua infância no Egito, quando para lá foi levado por Maria e José, fugindo da perseguição de Herodes, e lá permaneceu até a morte deste.
O Egito é um País quente, onde chove pouco, e ali na região onde viviam os pais de Antão, a única fonte d’água existente era o Rio Nilo. A prosperidade ou a penúria dos lavradores do Egito dependiam do Nilo. E Antão viveu toda sua juventude dentro deste contexto. Como lavrador e criador, lutava com búfalos, com roda d’água, com agricultura.
Seus pais, egípcios de origem, eram ricos agricultores que cultivavam grande área de terras férteis, localizadas às margens do Rio Nilo.  Apesar de se falar muito da riqueza dos pais de Antão, Santo Atanásio, seu primeiro e principal biógrafo, apresenta-nos Antão como colono egípcio, praticamente iletrado, filho de pais abastados.  Talvez se fale muito na riqueza de seus pais para salientar mais ainda a grandeza de sua renúncia.
Os pais de Antão eram cristãos, apesar de viverem num País tradicionalmente politeísta, ou seja, onde o povo cultuava e adorava vários deuses falsos, sob forma de animal sagrado ou personagem divinizado.
Como cristãos, os pais de Antão procuravam educá-lo na doutrina de Cristo,

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

"HOJE se cumpriu..."

Semana da Epifania, quinta-feira
Lc 4, 14-22

Este "hoje" é proclamado dentro do Tempo do Natal, enquanto ainda se tem em vista o presépio e o Deus Menino reclinado na manjedoura.
Mas este Menino, que assim vemos, nasceu para manifestar-Se ao mundo. A adoração dos magos, pois, é apenas a primeira manifestação do que Ele deveria ser: o Rei do universo, o desejado das nações.
Ele, Jesus, é, de fato, o Ungido do Pai, cuja unção é o próprio Espírito Santo. Ele é o que veio para anunciar a boa nova aos pobres e para proclamar um ano da graça do Senhor.
Fazemos memória de todos esses acontecimentos enquanto aguardamos, na esperança, a vinda definitiva do Senhor, em Sua glória. Porque o Menino Deus manifestou-se ao mundo; deixou-se crucificar por nossos pecados; e ressuscitou para nossa justificação. E, essa é a nossa esperança, voltará um dia, na consumação dos tempos. Enquanto o Senhor não vem, esse HOJE é também para nós, porque também nós vivemos o ano da graça do Senhor.
Hoje se cumpriu a Escritura que acabastes de ouvir. Deus é fiel e sempre cumpre as Suas promessas. O Senhor veio - o Verbo se fez carne e habitou entre nós - e virá ainda uma vez para instaurar definitivamente o Seu Reino, o Reino dos Céus. Não percamos a esperança, enquanto olhamos com amor o Deus Menino nos braços de Maria, Sua Mãe, aquela que nos aponta o Caminho.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

"... teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor"

Tempo do Natal, Semana da Epifania, terça-feira
Mc 6, 34-44


Nosso Senhor nos vê. Contempla a cada um de nós em particular e por todos os nossos atos Se interessa. Ele não deixa o Seu Povo em abandono. Nós, porém, muitas vezes (tantas vezes, nestes tempos tão difíceis), nos sentimos como ovelhas sem pastor, desamparados e desanimados.
Mas Ele, Jesus, está conosco. Ele nos vê e nos ama. E sente compaixão deste Seu rebanho faminto, que segue e busca dEle e de Sua Palavra até mesmo no deserto, porque não tem quem lhe ensine.
Disse o Senhor aos Seus apóstolos (e diz ainda hoje, aos seus sucessores): dai-lhes vós mesmos de comer. Eles, porém, continuam sem compreender, mesmo hoje, que não é do pão material que Jesus lhes fala, mas do Pão da Vida, que é Ele mesmo, do Pão da Eucaristia e do Pão de Sua Palavra.
Esse é o Pão que não precisa ser comprado, porque entregou a Si mesmo para a vida do mundo. É o Senhor quem providencia o Pão a ser distribuído por Seus apóstolos entre a multidão que tem fome e sede do Deus vivo, naquele tempo, como hoje. Os discípulos - naquele tempo, como hoje - pensam em comprar o pão que mata a fome do corpo por apenas um momento. O Senhor, ao multiplicar o pão que Lhe havia sido oferecido, que outro é o Pão que eles devem distribuir aos homens com fartura, para saciar as suas almas. O pão que o Senhor multiplicou é figura do Pão Vivo que desce do Céu para dar vida ao mundo.
Quantos, porém, ainda não compreendem que Jesus Cristo é o único Pão do qual todos comem e ficam satisfeitos? Que Ele é o único Pão que deve ser distribuído por aqueles que Ele mesmo escolheu? Que todo o resto passa e só o Amor de Deus permanece? Que só de Jesus Cristo, Nosso Senhor, é que nos pode vir a Vida verdadeira?
Roguemos ao Senhor, neste dia, que tenha compaixão de Suas ovelhas que O procuram no deserto...!
***
Beata Lindalva Justo de Oliveira

Lindalva nasceu em 20 de outubro de 1953, no pequeno povoado Sítio Malhada da Areia, município de Açu, Rio Grande do Norte. Filha do segundo matrimonio de João Justo da Fé (viúvo) e Maria Lúcia da Fé, de cujas núpcias nasceram 12 filhos.
Lindalva, a sexta filha do casal, já dava sinais de uma especial predestinação divina, pois entregava-se com naturalidade às práticas de piedade. Cresceu como menina normal, de aspecto gracioso, piedosa e muito sensível para com os pobres, de tal forma que ainda jovem surpreendeu a família doando as próprias roupas aos necessitados. Transferindo-se para Natal, estudava e trabalhava para se manter e ajudar a família, e todos os dias visitava os idosos do Instituto Juvino Barreto.
Após concluir o segundo grau passou a cuidar do pai, idoso e doente, com todo carinho e paciência. Quando este faleceu, Lindalva, aos 33 anos, entrou para a Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo: queria servir a Cristo nos pobres.
Não foi fácil adaptar-se à nova vida, mas com a graça de Deus foi progredindo na sua caminhada espiritual, passo a passo, renúncia após renúncia. Dizia sempre: “Amo mais a Jesus Cristo do que a minha família”.
Foi superando as etapas de sua formação religiosa na prática das virtudes, no amor à oração, à obediência alegre, sincera e compreensiva. Lutava para corrigir seus próprios defeitos e crescer no caminho da perfeição. Suas superioras estavam muito contentes com ela, notando sua disponibilidade e grande amor aos pobres.
Terminado o período do noviciado foi enviada para o Abrigo Dom Pedro II, em Salvador, BA, recebendo o ofício de coordenar uma enfermaria com 40 idosos, sendo responsável pela ala do pavilhão masculino. Fez curso de Enfermagem para poder dedicar-se melhor aos seus doentes e idosos. À caridade unia o zelo espiritual por seus assistidos, procurando levá-los para Cristo pela boa palavra. Sua conduta era impecável, alegre, pura, modesta e caridosa para com todos. Encontrava ainda tempo para visitar os pobres no domicílio, e procurava meios para suprir suas necessidades materiais. Lindalva sentia-se feliz e realizada no seu trabalho.
***
Toda santidade passa pelo crisol do sofrimento. Em 1993, devido a uma recomendação, o abrigo acolheu entre os anciãos Augusto da Silva Peixoto, homem de 46 anos. Ele passou a assediar Ir. Lindalva, e chegou até mesmo a manifestar-lhe suas intenções. Ela começou a ter medo, e procurou afastar-se o mais que pode. Confidenciou-se com outras irmãs e refugiava-se na oração. Seu amor aos velhinhos a mantiveram no abrigo, e chegou a dizer a uma irmã: “prefiro que meu sangue seja derramado do que afastar-me daqui”.
Por não ser correspondido, Augusto foi à Feira de São Joaquim na Segunda-feira Santa e comprou uma faca, que amolou ao chegar ao abrigo. Não dormiu na noite de quinta para sexta-feira santa. De manhã, Irmã Lindalva havia participado da Via-Sacra, ao raiar da aurora, na paróquia da Boa Viagem. Ao regressar, foi servir o café da manhã aos idosos. Subiu as escadarias da enfermaria, como se estivesse subindo para o calvário, e pôs-se a servir pão com café e leite para os internos da ala masculina. Todos eles estavam em fila, esperando a vez. A irmã, compenetrada com o café, tinha a cabeça baixa quando sentiu um toque no ombro: virou-se e teve tempo apenas de ver o rosto enraivecido do homem que conhecera havia poucos meses... Em seguida, foram dezenas de facadas, pontilhadas por todo o corpo. Tudo diante do semblante horrorizado dos velhinhos que assistiam à cena bem em frente à mesa de café. Um senhor ainda tentou evitar a tragédia, avançando sobre o assassino. Mas Augusto Peixoto estava decidido e, ameaçou de morte quem ousasse se aproximar. Terminado o crime, foi esperar a polícia sentado em um banco na frente da casa. Do abrigo, ele foi para Casa de Detenção e, posteriormente, parou no Manicômio Judiciário.
***
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