quinta-feira, 22 de setembro de 2011

XXV Semana do Tempo Comum - Lc 9, 7-9

"... e procurava ver Jesus"
Sim, Herodes queria ver Jesus. E quanto a Jesus? Deixar-se-ia ver por Herodes, deixar-se-ia encontrar por ele?
"Invocai o Senhor enquanto está perto, buscai-o enquanto se pode achar", alerta-nos o profeta (cf. Is 55, 6).
O Senhor se oculta aos olhos dos que O procuram com arrogância e mesquinhez, para satisfazer sua curiosidade, para tentar colocar Deus a seu serviço, para seu próprio envaidecimento.
E se mostra aos que O procuram para ouvir a Sua Voz e segui-lO, entregando-Lhe seus corações e suas vidas e deixando para trás seus erros e pecados. O Senhor se deixará ver e encontrar por todo aquele que deseja converter-se a Ele de todo o coração e que reconhece que "o Senhor, só Ele é Deus; Ele mesmo nos fez e somos seus" (Sl 99(100), 3).
A quem O busca com um coração humilde e generoso, o Senhor conduzirá aos Seus montes de delícias, o lugar de Seu repouso. Conceder-lhe-á a Sua Luz e dar-lhe-á de beber da água da vida.
Para os que O quiserem ver com um coração como o de Herodes, restarão o silêncio, o vazio e a escuridão.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Festa de São Mateus, apóstolo – Mt 9, 9-13

"Quero misericórdia e não sacrifício”

Ícone São MateusJesus vê Mateus e diz-lhe: “segue-me”. Mateus se levanta e segue a Jesus, obedecendo ao Seu chamado.

O que Jesus vê? Que olhar é esse que faz aquele cobrador de impostos deixar imediatamente os seus negócios desonestos, seus lucros indevidos e sua riqueza para seguir a um simples pregador, um profeta sem bens nem posses, que nada tinha deste mundo a oferecer-lhe?

É que Jesus viu a alma e o coração de Mateus. O olhar de Jesus desvendou para Mateus a verdade de seu ser e, ao mesmo tempo, descobriu a seus olhos o que ele, por si mesmo, era incapaz de ver: o amor infinito de Deus, a Sua misericórdia e o Seu perdão.

Depois de tudo isto, como poderia Mateus ainda permanecer preso às coisas deste mundo, às riquezas estéreis, fúteis e passageiras que o cegavam e o impediam de correr ao encontro do Senhor que o chamava e de Seu Reino?

Jesus chamou Mateus, que era um pecador público de seu tempo. E disse que viera exatamente para isso: “Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. Pois os que “têm saúde não precisam de médico, mas, sim, os doentes”.

Jesus também vê, olha, contempla a cada um dos homens e das mulheres. Vê a mim e a ti. Olha-nos e espera que Lhe retribuamos o olhar para fazer conosco o que fez com Mateus um dia: desvendar-nos para nós mesmos e fazer-nos conhecer o amor infinito com que Deus nos ama, para compreendermos que só Ele, Deus, pode dar-nos a verdadeira plenitude, realizando todos os anseios de nossos corações.

Depois, ouviremos a Sua Voz: “SEGUE-ME”…

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Memória dos Santos mártires coreanos André Kim Taegón, Paulo Hasang e companheiros (1846) – Lc 8, 19-21

Quem, mais do que Maria, ouviu a Palavra de Deus e a colocou em prática? Pois ela, Maria, é aquela que “conservava todas estas coisas e as meditava em seu coração” (cf. Lc 2, 19.51). Isto é, guardava e meditava sobre tudo o que lhe sucedia desde que havia dado seu consentimento a Deus, desde que concebera em seu seio o Filho unigênito de Deus, entregando-se inteiramente à Sua santíssima Vontade.

E não é também de Maria que diz a Escritura: “bendita és tu que creste, pois o que te foi dito da parte do Senhor será cumprido” (Lc 1, 45)? Não é ela, Maria, aquela a quem proclamamos bem-aventurada (feliz) por todas as gerações porque o Todo-Poderoso fez nela e por meio dela maravilhas (cf. Lc 1, 48-49)?

Portanto, ninguém mereceu, como Maria, o louvor que hoje vemos sair da boca de Jesus, seu divino Filho, e que, com justiça, lhe é tributado. Ela é, de fato, a Mãe de Jesus, mas não só pelos laços biológicos. Principalmente o é porque ouviu a Palavra de Deus e a pôs em prática, muito mais do que todos os patriarcas, profetas e justos do Povo de Israel antes dela e muito mais do que todos os santos do novo Povo de Deus que vieram depois dela.

Tomemos, pois, Maria como exemplo para nós. Quando, a cada dia, tomarmos a Palavra de Deus, peçamos ao Senhor a graça de o fazermos como Maria. Aprendamos a conservar a Sua Palavra no coração, ali a meditemos continuamente e a coloquemos em prática. Nada mais do que isso fizeram os mártires coreanos, cuja memória hoje celebramos e que deram a vida para testemunhar sua fé em Jesus Cristo.

Mártires Coreanos

martires_coreia2No início do século XVII, por iniciativa de alguns leigos, entrou pela primeira vez a fé cristã na Coreia. Assim se formou uma comunidade forte e fervorosa, sem pastores, quase só conduzida por leigos, até ao ano 1836, durante o qual chegaram os primeiros missionários, vindos de França, que entraram furtivamente na região. Nas perseguições dos anos 1839, 1846 e 1866, surgiram desta comunidade 103 santos mártires, entre os quais se distinguem o primeiro presbítero e ardente pastor de almas André Kim Taegon e o insigne apóstolo leigo Paulo Chong Hasang. Os outros são quase todos leigos, homens e mulheres, casados ou não, anciãos, jovens e crianças, que, suportando o martírio, consagraram com o seu glorioso sangue os florescentes primórdios da Igreja coreana.martires_coreia1

Última exortação de Santo André Kim Taegón

Meus caríssimos irmãos e amigos, considerai como Deus no princípio dos tempos dispôs os céus, a terra e todas as coisas; meditai também com que especial intenção criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Se, pois, nesta vida de perigos e miséria, não reconhecermos o Criador, de nada nos servirá termos nascido e continuar vivendo. Já neste mundo pela graça divina, pela mesma graça recebemos o batismo, entrando no seio da Igreja e tornando-nos discípulos do Senhor. Mas, trazendo assim o precioso nome de cristãos, de que nos servirá tão grande nome, se na realidade não o formos? Seria inútil termos nascido e ingressado na Igreja se traíssemos o Senhor e a sua graça; melhor seria não termos nascido do que, recebendo a sua graça, pecarmos contra ele.

Considerai o agricultor ao lançar a semente no campo: primeiro, prepara a terra com o suor do seu rosto e depois joga a preciosa semente; chegando o tempo da colheita, alegra-se de coração com as espigas cheias, esquecendo seu trabalho e suor, e dançando de alegria; se porém as espigas permanecem vazias não sendo mais que palha e casca, o agricultor deplora o duro labor com que suou, sentindo-se tanto mais desesperado quanto mais trabalhou.

De modo semelhante, cultiva o Senhor a terra como seu campo, sendo nós os grãos de arroz; rega-nos com o seu sangue na sua Encarnação e Redenção para que possamos crescer e amadurecer; quando, no dia do juízo, vier o tempo da colheita, quem pela graça for achado maduro gozará o reino dos céus como filho adotivo de Deus. Quanto aos outros, que não amadureceram, tornar-se-ão inimigos, punidos para sempre, embora também tenham se tornado filhos adotivos de Deus pelo batismo.

Irmãos caríssimos, lembrai-vos de que nosso Senhor Jesus, descendo a este mundo, sofreu inúmeras dores e tendo fundado a Igreja por sua paixão, ele a faz crescer pelos sofrimentos dos fiéis. Apesar de todas as pressões e perseguições, os poderes terrenos não poderão prevalecer: da Ascensão de Cristo e do tempo dos apóstolos até hoje, a santa Igreja continua crescendo no meio das tribulações.

Também nesta nossa terra da Coréia, durante os cinqüenta ou sessenta anos em que a santa Igreja se estabeleceu aqui, os fiéis sempre sofreram perseguições. Hoje acendeu-se de novo a perseguição; muitos amigos são, como eu, lançados nos cárceres, enquanto também sofreis tribulações. Unidos num só corpo, como não ficarão tristes os nossos corações? Como, humanamente, não experimentarmos a dor da separação?

Deus, porém, como diz a Escritura, cuida de cada cabelo de nossa cabeça, e o faz com toda a sabedoria; portanto, como não considerar esta perseguição senão como permitida pelo Senhor, ou mesmo, seu prêmio ou, até, sua pena?

Abraçai, pois, a vontade de Deus, combatendo de todo o coração pelo vosso chefe Jesus e vencendo o demônio, já vencido por ele.

Eu vos peço: não deixeis de lado o amor fraterno, mas ajudai-vos uns aos outros, perseverando até que o Senhor tenha piedade de nós e afaste a tribulação.

Aqui somos vinte e, pela graça de Deus, todos ainda estão bem. Caso algum de nós venha a morrer, peço não negligenciardes a sua família. Muitas coisas teria ainda a dizer-vos, mas como posso exprimi-las em tinta e papel? Por isso vou terminar minha carta. Aproximando-se para nós a luta, peço-vos finalmente que caminheis com fidelidade, de modo que no céu nos possamos congratular. Deixo-vos aqui meu ósculo de amor.

(fonte: www.liturgiadashoras.org)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Festa da Exaltação da Santa Cruz - Jo 3, 13-17

Homília grega do século IV
Sobre a santa Páscoa (inspirada numa homília perdida de Hipólito)


"Ninguém subiu ao Céu a não ser Aquele que desceu do Céu"

Para mim, a árvore da cruz é a da salvação eterna. Alimenta-me e faço dela o meu banquete. Agarro-me através das suas raízes e, através dos seus ramos, expando-me; o seu orvalho purifica-me e o seu sopro, como um vento delicioso, torna-me fecundo. Ergui a minha tenda à sua sombra e, fugindo aos grandes calores, aí encontro um refúgio de frescura. É através das suas flores que floresço e os seus frutos são as minhas delícias; esses frutos que me estavam reservados desde as origens e com os quais me consolo sem limite. [...] Quando tremo face a Deus, esta árvore protege-me; quando vacilo, ela é o meu apoio; é o preço dos meus combates e o troféu das minhas vitórias. É, para mim, o caminho estreito, o sendeiro escarpado, a escada de Jacob percorrida pelos anjos, no cimo da qual o Senhor está verdadeiramente apoiado (cf. Mt 7,14; Gn 28,12).
Esta árvore de dimensões celestes eleva-se da terra até aos céus, como planta imortal, fixada a meio caminho entre o céu e a terra. Sustentáculo de todas as coisas, apoio do universo, suporte do mundo habitado, abraça o cosmos e reúne os vários elementos da natureza humana. Ela própria é edificada com as cavilhas invisíveis do Espírito, para não vacilar ao ajustar-se ao divino. Tocando no seu topo o alto dos céus, firmando a terra com os seus pés e envolvendo por todos os lados, com os seus imensos braços, os espaços inumeráveis da atmosfera, ela é em si mesma completa em tudo e em todo o lado. [...]
Pouco faltaria para que o universo fosse aniquilado, dissolvido pelo terror perante a Paixão, se o grande Jesus não lhe tivesse infundido o Espírito divino, dizendo: «Pai, nas Tuas mãos entrego o meu Espírito» (Lc 23,46). [...] Tudo estava vacilante mas, quando o Espírito divino Se elevou, o universo foi de certa forma reanimado, vivificado, e reencontrou uma estabilidade firme. Deus preenchia tudo em todo o lado e a crucifixão estendia-se através de todas as coisas.

(fonte: http://www.evangelhoquotidiano.org)

domingo, 11 de setembro de 2011

XXIV Domingo do Tempo Comum - Mt 18, 21-35

"... um Rei que resolveu acertas as contas com seus empregados"


Que grande a misericórdia e a bondade desse Rei, que não castiga ou repreende seus empregados mesmo quando não Lhe obedecem e que lhes empresta grandes quantias e ainda perdoa suas dívidas quando não Lhe pagam, ao invés de fazer justiça!
Cada um de nós é esse empregado que tem para com o Rei uma dívida imensa, impagável. Porque dEle recebemos tudo: a vida, as qualidades, as capacidades, os bens materiais e espirituais, o chamado à santidade, a Redenção no sangue de Seu Filho e a herança eterna no Reino dos Céus. "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores" (Sl 102(103))!
Mesmo quando Lhe desobedecemos e somos ingratos, o Rei está sempre pronto a nos perdoar. E prefere fazê-lo porque sabe que não temos como pagar a dívida. Se nos cobrar, terá de vender-nos como escravos ou entregar-nos aos torturadores, ou seja, terá de excluir-nos de Seu Amor.
Porque o Rei nos concede dons de amor (e amor infinito!) e essa é a nossa dívida; não podemos pagá-la senão amando-O em retribuição. E o amor não pode ser cobrado, pois só se pode amar em liberdade! Aquele, portanto, que é cobrado, já não ama e nem quer amar, por isso exclui-se a si mesmo do Amor. Não é isso o que o Rei deseja! Ele quer tratar-nos como filhos amados, não como empregados a Seu serviço!
O servo mau da parábola julgou-se dono dos dons do Amor e foi incapaz de compreender que nada do que tinha lhe pertencia; antes, recebera-o do Amor. Não façamos como ele; compreendamos que nada temos que não tenhamos recebido de Deus. Somos devedores do Amor e no amor devemos retribuir-Lhe, amando-O sobre todas as coisas e amando a todos os que Ele ama.
De outro modo, não será o Rei quem nos condenará; seremos nós a excluir-nos de Seu Amor, para sempre.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Festa da Natividade de Nossa Senhora - Mt 1,1-16.18-23

Deus está conosco porque uma virgem concebeu e deu à luz um Filho. O povo de Deus estava em abandono até esse tempo, mas não mais. Porque Ele, cuja origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade (Mq 5,1), nasceu de uma mulher. Vindo na carne, recebendo dela a humanidade, o Verbo eterno estende seu poder até os confins da terra e é, Ele mesmo, a nossa paz (cf. Mq 5,4).
Maria é a aurora resplandescente de beleza que precede o Sol da justiça que nasce no oriente para nos trazer a cura e a paz. Por isso é que comemoramos, hoje, o seu nascimento. Pois por ela, a virgem puríssima, veio ao mundo Aquele pelo qual somos salvos, Jesus Cristo, Deus e Senhor nosso.
Senhora e Rainha do Céu e da terra, a quem Deus ornou com todas as virtudes e fez plena de graça, a Serva do Senhor foi feita também a Mãe de todos os homens, pelos quais o Filho derramou todo o Seu Sangue na cruz (cf. Jo 19, 25-27).
Ela, pois, intercede por nós continuamente e aponta-nos permanentemente a Jesus, dizendo: fazei tudo o que Ele vos disser (Jo 2, 5).
Alegremo-nos, portanto, com a festa do nascimento de Maria, por quem Deus quis vir ao mundo. Por ela recebemos o Autor da Vida.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

XXIII Semana do Tempo Comum - Lc 6,20-26

"... por causa do Filho do Homem"
Ele, Jesus Cristo, o Filho do Homem, deve tornar-se o centro de nossa vida. Ao redor dEle é que tudo deve girar. Por causa dEle é que tudo deve se mover.
Por Ele, Jesus, devemos ser pobres para Deus, isto é, desapegados das coisas deste mundo, sabendo relativizar a sua importância e usando delas sem torná-las o objetivo pelo qual vivemos. Quem é pobre para Deus sabe que Ele é a sua única e verdadeira riqueza.
Também por Ele, Jesus, choramos, porque o mundo se afasta do Senhor e rejeita o Seu Reino, caminhando a passos largos para a própria desgraça. E temos fome de justiça, isto é, de que plenamente se cumpra, sempre, em toda parte e por todos, a Vontade santíssima de Deus.
Por Ele, Jesus, somos odiados e perseguidos, pois, como Ele, somos censura para o mundo e para o seu modo de viver. E esta deve ser a nossa maior felicidade, porque seremos mais semelhantes ao nosso Mestre e Senhor, sendo vistos e rejeitados pelo mundo do mesmo modo como Ele o foi.
Pois os que dizem não precisar de Deus porque já possuem tudo sem Ele, os que se consideram ricos diante de Deus, esses são, em verdade, miseráveis; põe seu coração nas coisas que passam e viram pó, enquanto desdenham a eternidade.
Estão rindo por fora, mas são, de fato, os mais infelizes e desgraçados de todos os homens, porque negam a si mesmos o único Bem que lhes pode dar a verdadeira felicidade e a plena realização de suas vidas - o Amor de Deus. Têm fome de Deus e tentam enganá-la enchendo a alma de coisas que perecem, o lixo deste mundo. Em verdade, não fazem mais que deixá-la vazia e não tardará o dia em que deverão defrontar-se com a realidade: compreender o imenso contraste entre o que foram criados por Deus para ser e o que, de fato, se tornaram, por força das próprias escolhas.
Os que são belos, preciosos e importantes aos olhos do mundo, também o serão aos olhos de Deus?
Deus nos criou para sermos conformes à imagem de Seu Filho, "o mais belo dos filhos dos homens". Seja essa a nossa grande ambição - "corações ao alto" - e não nos contentemos com menos do que isso.
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