Tempo do Natal, quinta-feira depois da Epifania
Lc 4, 14-22
Vivemos no hoje de Deus, no ano da graça que o Verbo feito carne veio proclamar. Sim, porque o Evangelho não era uma boa notícia, mas continua sendo a Boa Nova, sempre atual, enquanto não chega o fim dos tempos, enquanto aguardamos o retorno de nosso Senhor.
Também para nós, hoje, cumpre-se esta Escritura.
Mas em que medida, visto que a passagem de Isaías lida por Jesus fala em pobres, cativos, cegos e oprimidos? Como nos incluímos nestas categorias?
Infelizmente, esta citação tem se prestado para todo tipo de manipulação ideológica, nas últimas décadas. E já não é lida conforme o sentido espiritual que a Escritura lhe empresta.
Quem são os pobres? São, pura e simplesmente, os pobres em sentido material? Certamente que não. Se recorrermos à Escritura, podemos ver que os pobres de Yahweh são aqueles que põe toda a sua esperança em Deus e que, por isso, permanecem fieis a Ele. Estes pobres são os servos do Senhor, dos quais, certamente, Maria Santíssima é a primeira. Embora estes pobres também o possam ser em sentido material, não é necessário que o sejam.
E os cativos, os cegos, os oprimidos? Ora, Nosso Senhor veio para nos trazer libertação, sem dúvida. Mas veio para libertar-nos do demônio, do pecado e da morte. Éramos todos cativos do demônio, cegos de uma cegueira espiritual por causa do pecado e oprimidos pelo temor da morte. A vinda do Senhor na carne liberta-nos do nosso antigo senhor, o demônio, inimigo de Deus, para dar-nos a verdadeira liberdade, que é a liberdade de servi-lO, adorando-O em espírito e verdade. Jesus abre os nossos olhos para a verdadeira Vida e, por isso, a morte já não é mais nossa inimiga, mas a porta pela qual passamos para o Reino dos Céus.
Se é assim, os pobres aos quais a Boa Nova é anunciada somos todos nós. Todos os que, reconhecendo a nossa miséria, confiamo-nos a Deus e colocamos toda a nossa esperança somente nEle. Todos os que tomarmos o nome de cristãos, até o fim dos tempos.
E é por isso que podemos ouvir com alegria que hoje se cumpre para nós esta passagem da Escritura que acabamos de ouvir.
Lembremo-nos, porém, da advertência que a mesma Escritura nos faz: "hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não fecheis o vosso coração" (cf. Sl 94, 8 e Hb 3, 7-8).
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