segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Martírio de São João Batista - Mc 6, 17-29

Cale-se a voz do Precursor, para que não mais seja ouvida a Palavra. Sejam caladas, mais tarde, as vozes dos apóstolos e discípulos de todos os tempos, para que já não ressoe mais a Palavra. No entanto, quem pode silenciar a Palavra eterna do Pai, Jesus Cristo, Senhor nosso?
Se a voz de João, o Batista, não pode mais soar, o seu sangue grita: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29). E, do mesmo modo, grita o sangue de todos os que, desde João até os dias de hoje, deram a vida pelo testemunho do Senhor e não O renegaram.
Herodes, porém, representa o mundo: "tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava".
Como soava a voz profética de João diante de Herodes, denunciando seus erros e anunciando a Verdade, assim ressoa hoje a voz da Igreja, profética igualmente, diante do mundo. Ressoa a voz do Papa, não mais do que um homem, velho e frágil, encarregado de uma missão que ultrapassa suas forças; mas tornado por Deus "uma cidade fortificada, uma coluna de bronze, um muro de ferro contra todo o mundo" (Jr 1, 18).
Tal como João, o Papa e a Igreja embaraçam a quem os escuta. Os poderosos da terra temem a este homem velho, mas verdadeiramente enviado por Deus, e tremem ao ouvir a sua voz, portadora da Palavra. "Seu som ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do universo a sua voz" (Sl 18, 5). E quem poderá silenciá-la?


Sermão sobre a Degolação de São João Batista, de Lansperge, o Cartuxo (1489-1539), religioso e teólogo
(fonte: http://www.evangelhoquotidiano.org)

João Batista morre por Cristo

João não viveu para si próprio nem morreu para si próprio. A quantos homens carregados de pecados a sua vida dura e austera não terá levado à conversão? A quantos homens a sua morte não merecida não terá encorajado a suportar as provas? E a nós, donde nos vem hoje a ocasião para darmos fielmente graças a Deus, senão da lembrança de São João Batista, assassinado pela justiça, ou seja por Cristo? [...]
Sim, João Batista sacrificou de todo o coração a sua vida terrena por amor de Cristo; preferiu menosprezar as ordens do tirano que as de Deus. Este exemplo  ensina-nos que nada nos deve ser mais querido que a vontade de Deus. Agradar aos homens não serve de grande coisa; em geral, até prejudica grandemente. [...] Por esta razão, com todos os amigos de Deus, morramos para os nossos pecados e as nossas preocupações, pisemos o nosso amor próprio desviado e deixemos crescer em nós o amor fervoroso a Cristo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Festa de Santa Rosa de Lima, virgem, padroeira da América Latina - Mt 13, 44-46

Aquele que encontra o Reino dos Céus, mesmo sem ter procurado por ele, "vende todos os seus bens" para possuí-lo.
Também aquele que procura o Reino, quando o encontra, por causa dele "vende todos os seus bens".
Não há, pois, nada que se compare em valor ao Reino dos Céus. E vender tudo o que se possui é a única maneira de chegar à sua posse.
Aquele que detém as riquezas deste mundo, se não se desfizer delas, não terá como possuir o Reino. Pois a riqueza deste mundo é lixo diante de Deus e a pobreza das coisas deste mundo é riqueza diante de Deus.
E deter as riquezas deste mundo significa absolutizar as realidades terrenas, como se elas fossem as únicas existentes, como se não houvesse nada além ou maior do que esta existência material, como se estivéssemos destinados unicamente a viver neste mundo uma existência perecível e efêmera e, por isso, devêssemos "aproveitá-la" o mais possível, porque finita e muito breve, nada existindo depois dela. Quem se apega às coisas da terra como se só elas fossem importantes e só elas existissem, sem um olhar transcendente, não pode enxergar a Vida que nos está prometida para a eternidade.
Entrará no Reino de Deus aquele que souber relativizar as realidades terrenas, aquele que compreender que "a instável figura deste mundo passa" (ICor 7, 31) e permanece a eternidade de Deus, a vida que dEle recebemos por Cristo Jesus.

Santa Rosa de Lima, virgem, +1617, padroeira da América Latina

 Isabel Flores y de Oliva era o nome de batismo de Santa Rosa de Lima que nasceu em 1586 em Lima, Peru. Os seus pais eram espanhois, que se haviam mudado para a rica colônia do Peru. O nome Rosa foi-lhe dado carinhosamente por uma empregada índia, Mariana, pois a mulher, maravilhada pela extraordinária beleza da menina, exclamou admirada: Você é bonita como uma rosa!
Levada à miséria com a sua família, ganhou a vida com duro trabalho da lavoura e costura, até alta noite. Aos vinte anos, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco, pediu e obteve licença de fazer os votos religiosos em sua própria casa, como terceira dominicana. Construiu para si uma pequena cela no fundo do quintal da casa de seus pais. A cama era um saco de estopa, levando uma vida de austeridade, de mortificação, de abandono à vontade de Deus. Vivia em contínuo contato com Deus, alcançando um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística. Soube compreender em profundidade o mistério da paixão, morte de Jesus, completando na sua própria carne o que faltava à redenção de Cristo. Era muito caridosa, em especial com os índios e com os negros.
Todos os anos, na festa de São Bartolomeu, passava o dia inteiro em oração: "Este é o dia das minhas núpcias eternas", dizia. E foi exatamente assim. Morreu depois de grave enfermidade no dia 24 de agosto de 1617, com apenas 31 anos de idade.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

XIX Semana do Tempo Comum - Memória de Santa Clara de Assis, virgem

"Não devias também ter piedade do teu companheiro?"
Papa João Paulo II, beato
Encíclica "Dives in misericordia" cap. 17, §14
Se Paulo VI por mais de uma vez indicou que a «civilização do amor» é o fim para o qual devem tender todos os esforços, tanto no campo social e cultural, como no campo económico e político, é preciso acrescentar que este fim nunca será alcançado se, nas nossas concepções e nas nossas actuações, relativas às amplas e complexas esferas da convivência humana, nos detivermos no critério do «olho por olho e dente por dente» (Ex 21,24; Mt 5,38) e, ao contrário, não tendermos para transformá-lo essencialmente, completando-o com outro espírito. É nesta direcção que nos conduz também o Concílio Vaticano II quando, ao falar repetidamente da necessidade de «tornar o mundo mais humano» (GS 40), centraliza a missão da Igreja no mundo contemporâneo precisamente na realização desta tarefa. O mundo dos homens só se tornará mais humano se introduzirmos, no quadro multiforme das relações interpessoais e sociais, juntamente com a justiça, o «amor misericordioso» que constitui a mensagem messiânica do Evangelho.
O mundo dos homens só poderá tornar-se «cada vez mais humano» quando introduzirmos, em todas as relações recíprocas que formam a sua fisionomia moral, o momento do perdão, tão essencial no Evangelho. O perdão atesta que, no mundo, está presente o amor que é mais forte que o pecado. O perdão, além disso, é a condição fundamental para a reconciliação, não só nas relações de Deus com o homem, mas também nas relações dos homens entre si. Um mundo do qual se eliminasse o perdão seria apenas um mundo de justiça fria e pouco respeitosa, em nome da qual cada um reivindicaria os direitos próprios em relação aos demais. Deste modo, as várias espécies de egoísmo, latentes no homem, poderiam transformar a vida e a convivência humana num sistema de opressão dos mais fracos pelos mais fortes, ou até numa arena de luta permanente de uns contra os outros.
Com razão a Igreja considera seu dever e objectivo da sua missão assegurar a autenticidade do perdão, tanto na vida e no comportamento concreto, como na educação e na pastoral. Não o protege doutro modo senão guardando a sua fonte, isto é, o mistério da misericórdia de Deus, revelado em Jesus Cristo.
(fonte: http://www.evangelhoquotidiano.org/)
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