segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Festa de Santo André, apóstolo (II Semana do Tempo do Advento) - Mt 4, 18-22

"Imediatamente deixaram as redes e o seguiram"

Jesus "viu" Pedro e André, Tiago e João. Viu-os fazendo seu trabalho de pescadores, nas tarefas de cada dia, como nos vê a todos nós. Jesus não vê massas, multidões... Nem mesmo indivíduos sem nome ou sem rosto. Ele vê pessoas concretas, com uma identidade pessoal. Ele vê a cada um de nós e a cada um ama de maneira distinta, pessoal, particular.

Voltando a André (cuja festa celebramos hoje), Pedro, Tiago e João – o Senhor viu-os e chamou-os. E eles, "imediatamente", deixaram tudo e O seguiram.

Jesus chamou a esses para serem apóstolos, "pescadores de homens"; a nós, poderá chamar para servi-lO de outra forma. Mas Ele continua chamando, hoje pela voz da Igreja, a cada um de nós, porque é a partir de nós que se dá a construção de Seu Reino.

Importa que, quando nos chame, tenhamos a mesma disposição de espírito, a mesma diligência desses primeiros discípulos, que depois se tornaram apóstolos do Senhor. Importa que, ao ouvir a Sua Voz, "imediatamente" O sigamos.

André, Pedro, Tiago e João, ao ouvirem o chamado do Amor que abrasou seus corações a partir daquele instante, corresponderam com amor. Neste tempo de Advento, iniciado ontem, deixemos que nossos corações também fiquem cheios do Amor que vem no Natal, para ouvirmos Sua Voz que nos chama com insistência todos os dias e "imediatamente" O seguirmos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

XXXIV Semana do Tempo Comum, sexta-feira – Lc 21, 29-33

"Quando virdes essas coisas, sabereis que o Reino de Deus está próximo"

Estamos acostumados a pensar na vinda de Jesus como o "fim do mundo", o acontecimento final depois de uma série de catástrofes e acontecimentos grandiosos e terríveis que deverão dizimar boa parte da humanidade. E há dois mil anos ouvimos dizer que o "fim do mundo" está próximo, mais ou menos como sinônimo de proximidade da vinda de Jesus. Mais recentemente, se repararmos bem, tem sido dito que o "fim do mundo" está próximo, mas já não se fala (tanto) da vinda de Jesus.

Antes, porém, de pensarmos no "fim do mundo", Jesus quer que pensemos na Sua vinda para nós. Porque, afinal de contas, é para Ele, para preparar-nos para a Sua chegada em nossos corações, que são direcionados todos os acontecimentos de nossas vidas. O que Ele nos pede, no Evangelho de hoje, é que saibamos discernir os sinais de Sua Presença, que nos acompanha a cada dia, em todos os momentos.

Ele diz que "minhas palavras não passarão". E as palavras de Jesus são dirigidas a cada um de nós. Ele espera que as ouçamos e acolhamos no coração e sejamos como a figueira, que vai deixando ver seus frutos à medida que o verão se aproxima. Assim saberemos o quanto o Reino de Deus está próximo, o quanto o Senhor já fez a Sua morada em nós.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

XXXIV Semana do Tempo Comum, quinta-feira – Lc 21, 20-28

"Eles verão o Filho do Homem"

Vivemos, todos os dias, em uma tranqüilidade impressionante. Acordamos, comemos, trabalhamos e dormimos como se fôssemos viver para sempre ou como se o mundo em que vivemos fosse durar eternamente. Só nos damos conta da nossa fragilidade quando, em algum ponto do planeta, ocorre uma catástrofe natural que vitima dezenas ou centenas e até milhares de pessoas. Então compreendemos, pelo menos por alguns instantes, o quanto é precária a nossa situação.

O Evangelho de hoje reforça essa noção de precariedade frágil, de contingência. Mas aponta para a esperança: "então eles verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória".

Quando parece que a destruição é iminente, virá Jesus Cristo, o Filho do Homem. Ele porá fim a essa fragilidade que domina e consome nossos dias. É por isso que o desespero não tem lugar para quem crê no Filho de Deus. Ele mesmo encoraja e garante, depois de relatar todas as calamidades e desgraças que haverão de ocorrer nos últimos tempos (ali mais diretamente falando da destruição de Jerusalém que ocorreu no ano 70 d.C.): "quando essas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima".

É o paradoxo de Jesus Cristo: quando parece que tudo está por ruir, então é que se deve levantar a cabeça, com esperança e alegria, porque a libertação está próxima. Mas isso não nos deve surpreender: também foi assim com Ele (e primeiro com Ele), na cruz. Quando parecia que tudo estava perdido, que a derrota era inequívoca, que tudo havia acabado porque Jesus estava morto, Ele ressuscita dentre os mortos, completando a obra da nossa salvação.

Quem quiser seguir Jesus, viverá pessoalmente este paradoxo, quando, em meio às tribulações da vida, tiver nEle as maiores alegrias. Até o dia em que o Senhor vier, "com grande poder e glória", para levar Consigo os Seus amados.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

XXXIV Semana do Tempo Comum, quarta-feira, - Lc 21, 12-19

"Todos vos odiarão por causa do meu Nome"

Jesus passou na terra fazendo o bem e ensinando a todos o caminho para viverem unidos a Deus, segundo a Sua Vontade e na felicidade completa. Por fim, morreu para nos livrar do peso da condenação que nos esmagava e ressuscitou, selando, assim, a Sua vitória contra os nossos opressores: o demônio, o pecado e a morte.

Diante de Jesus, só é possível ter uma, de duas atitudes: amá-lO ou odiá-lO. Quem O ama, segue Seus passos. Assim como Ele tomou a própria cruz, também o discípulo de Jesus tomará a sua a cada dia, para seguir o Mestre (cfe. Mc 8, 34). E quem decide odiar a Jesus, vai rejeitá-lO e a tudo o que vem dEle.

A cruz de Jesus Cristo é, portanto, o "divisor de águas" da humanidade. Não se pode seguir a Cristo sem abraçar a cruz, como Ele mesmo o fez. Esperam-nos a ressurreição e a felicidade sem fim com Cristo. Mas, antes, é necessário ser perseverante e fiel no seguimento do Senhor, trilhando o caminho que passa, inevitavelmente, pela cruz.

Aquele que ama e segue a Jesus partilha com Ele de Sua Cruz e do caminho de sacrifício que Ele assumiu pela salvação dos homens. Por isso, se Jesus foi rejeitado por muitos, também Seu discípulo o será. No decorrer da história da humanidade, nos últimos dois mil anos, não houve um momento em que o verdadeiro discípulo de Cristo não tenha sido perseguido, das mais variadas formas, "pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer perseguição". (2Tm 3, 12).

Mas, com os olhos voltados para o objeto de nossa esperança, que Deus preparou para os Seus amados (cfe. 1Cor 2, 9), devemos perseverar, sabendo que "tudo coopera para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8, 28). Como diz o Senhor no Evangelho de hoje: "é permanecendo firmes que ireis ganhar a vida".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Memória de Santo André Dung-Lac e companheiros, mártires vietnamitas – Lc 21, 5-11

Na leitura de hoje (Dn 2, 31-45), o profeta Daniel narra o sonho do rei Nabucodonosor, da Babilônia, e a sua interpretação. Mostra que os reinos e as nações da terra e o seu poderio são como pó e cinza diante de Deus. Os grandes impérios da terra se sucedem um após outro e nenhum deles permanece: todos têm o seu momento de ascensão e então caem e desaparecem, desde os reinos da Antiguidade até hoje.

No sonho do rei, a pedra que rola da montanha derruba e reduz a pó o poderio das nações e toma a terra inteira, formando "um reino eterno que jamais será destruído". Tanto a pedra quanto a montanha, no Antigo Testamento, eram referências a Deus. Em vários salmos podemos ver Deus sendo chamado de "rocha" ou "rochedo". E, para falar com Deus e para receber as tábuas da Lei contendo os mandamentos, Moisés precisa subir à montanha (o monte Sinai) e lá passar quarenta dias e quarenta noites. Então, no sonho de Nabucodonosor, o reino que prevalece sobre todos os outros e que será firme e estável para sempre é um reino que vem de Deus, é o próprio Reino de Deus.

Jesus Cristo, que veio ao mundo para anunciar exatamente a vinda desse Reino, quando está ensinando no Templo de Jerusalém chama a atenção das pessoas que o escutam para aquilo que é realmente importante. Mais do que a aparência externa, bela e imponente, do Templo, é preciso ver a sua caducidade – como todas as realidades terrenas, está destinado a passar.

Importa, então, que Deus reine no coração do homem, o templo que Ele de fato deseja e onde quer estabelecer o Seu Reino. Esse Reino, que Jesus anunciou e inaugurou, cresce e se aperfeiçoa em nós, dentro de nós e ao nosso redor, ainda que não sejamos capazes de percebê-lo. Um dia, a realidade terrena (a "figura deste mundo", como dizia São Paulo) dará lugar definitivamente ao Reino de Deus que está entre nós, mas ainda não se manifestou em sua plenitude.

Santo André Dung-Lac e seus companheiros, cuja memória celebramos hoje, permitiram que Deus estabelecesse Seu reinado sobre suas vidas e em seus corações. No século XIX deram testemunho com seu sangue desse Reino que não passa. Souberam escolher o mais importante, ver que as coisas da terra são apenas sombra das realidades definitivas e hoje reinam com Jesus Cristo no Céu.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

XXXIV Semana do Tempo Comum, segunda-feira – Lc 21, 1-4

Ofertar a Ti, Senhor, tudo o que temos para viver; tudo o que, afinal, Tu mesmo nos deste. Considerar que nada nos pertence, nada é nosso de fato. Tudo nos vem de Ti. O que temos, foi-nos concedido por Tua misericórdia.

Não somos mais do que aquela pobre viúva, que não tinha como sustentar-se e vivia da benevolência alheia. Porque também nós vivemos de Ti, Senhor. Se, por um breve instante, nos esqueceres, deixamos de existir.

Por isso, Senhor, nossa existência só tem sentido se a entregamos a Ti, com amor e por amor; se Tu, Senhor, reinares sobre as nossas breves e efêmeras vidas, para que sejam, em nós, sementes de eternidade.

Pois dar tudo o que se tem a Ti, morrer para si mesmo a cada dia, tomar a própria cruz e seguir-Te é ganhar a Vida imperecível e reinar Contigo no Céu.

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (XXXIV Domingo do Tempo Comum) – Jo 18, 33-37

"Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz"

Hoje a Igreja celebra a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, e o Evangelho nos coloca frente às palavras de Jesus que declara, diante de Pilatos, poucas horas antes de morrer, que é rei.

Estranha realeza, essa, que coloca Jesus, o Rei, sob a autoridade de um funcionário romano e de algumas autoridades judaicas, elas mesmas submetidas ao poderio de Roma. Estranha realeza essa, de um Rei indefeso e aparentemente sem exércitos para socorrê-lo quando é violentamente torturado e morto. Estranha realeza essa, de um Rei que, ao menos em aparência, reina sobre nada e sobre ninguém e morre sozinho, condenado à morte dos escravos e traidores.

No entanto, Ele diz: "Eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz".

O testemunho da verdade, que Jesus veio dar, conduz necessariamente à cruz. Para que Seu testemunho seja completo, para que a missão de dar a conhecer aos homens a Verdade (sobre Deus e sobre eles mesmos) seja consumada, Jesus deve dar, até o fim, um testemunho fiel, um testemunho de amor.

Mas se a cruz marcasse o fim de Sua missão, Jesus não seria Rei. A cruz é o trono de glória desse Rei a quem todas as coisas estão submetidas, porque, ao morrer, Ele venceu a morte e, ressuscitando, deu-nos a Vida plena. Pela ressurreição consuma-se a Sua vitória e a Sua realeza.

Celebremos, pois, com alegria e esperança a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Submetamo-nos de todo o coração ao Rei e deixemos que Ele reine sobre nós e sobre as nossas vidas. Vivamos na verdade, ouçamos a Sua voz e deixemos que Ele nos faça verdadeiramente livres, conforme a Sua palavra: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8, 31-32).

sábado, 21 de novembro de 2009

Apresentação de Nossa Senhora – Mt 12, 46-50

A Igreja celebra hoje a entrega que Maria faz de si mesma a Deus, sua dedicação total, fiel e perseverante à Vontade do Pai, consagrada que era a Deus desde a infância.

O Evangelho põe em relevo a visão de Jesus a respeito disso, pois Suas palavras colocam em primeiro lugar o vínculo espiritual e, subordinado a este, o vínculo biológico. Se lermos com mais atenção e cuidado veremos que, em lugar de ofensivas, as palavras do Senhor são uma forma de exaltar Sua Mãe. Afinal, quem, dentre os homens e mulheres da terra, mais do que ela ou melhor do que ela cumpriu a Vontade de Deus?

A esse respeito, diz Santo Agostinho: "Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nascesse a salvação e que foi criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Sim! Ela o fez! Santa Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou ela em ser discípula do que mãe de Cristo".

Para nós, as palavras do Evangelho de hoje devem ser fonte de alegria e de esperança. Podemos ser irmãos de Cristo, se fizermos a Vontade do Pai que está nos céus. Podemos ser discípulos de Cristo se, a exemplo de Maria, ouvirmos a Palavra de Deus e a pusermos em prática (cfe. Lc 11, 28).

Ao fazermos memória da consagração e da dedicação de Nossa Senhora a Deus, permitamos que ela, mais uma vez, nos aponte Jesus Cristo e nos indique o caminho do cumprimento fiel da Vontade do Pai. Por seu exemplo, podemos ter a esperança e a alegria de que também a nós façam referência as palavras do Senhor quando fala dos seus irmãos, aqueles que procuram fazer em suas vidas o que deles deseja o Pai que está nos céus.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

XXXIII Semana do Tempo Comum, sexta-feira – Lc 19, 45-48

Todos os que fomos batizados formamos parte do Corpo de Cristo, que é a Igreja, o Templo de Deus por excelência, a grande "casa de oração" para todos os que desejam formar comunhão com o Senhor.

Também nosso coração é um templo de Deus, uma casa de oração interior que carregamos permanentemente. Não importa o que aconteça, nesta casa de oração interior podemos sempre estar em paz, em silêncio, contemplando e ouvindo a Deus, unidos a Ele.

Mas a nossa liberdade poderá corromper esta casa de Deus, enchê-la de "vendedores" que atrapalham o seu silêncio e perturbam a nossa oração. E assim Deus será afastado de Sua casa, do nosso coração humano que deveria pertencer-Lhe.

Jesus Cristo quer expulsar do nosso coração tudo aquilo que nos afasta dEle, para que seja devolvido a Deus aquilo que é Seu. Se permitirmos que nos limpe, que expulse os "vendedores", ficaremos como o povo que O cercava, maravilhado com as Palavras de Seus lábios.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

XXXIII Semana do Tempo Comum, quinta-feira - Lc 19, 41-44

Jesus chorou... É surpreendente, talvez perturbador para alguns, mas Deus chorou... E, no entanto, deveria ser, sobretudo, consolador, porque Deus chorou por nós.
Ao chorar sobre Jerusalém, Jesus lamenta o fato dos habitantes de Jerusalém (e da Palestina da época, de modo geral) não haverem reconhecido o tempo de sua visitação e Aquele que lhes podia trazer a paz! Pois Deus veio visitar Seu Povo, "veio para os seus, mas os seus não o receberam" (Jo 1, 11), veio trazer-lhes a paz verdadeira, que só Ele pode oferecer. Mas não O quiseram...
Anos mais tarde, Jerusalém foi devastada pelos romanos e desde essa época até hoje é cenário de morte, desolação, guerra e destruição. Diriam alguns: Deus castigou a cidade e o povo por terem rejeitado e crucificado Seu Filho. Mas não é assim. Deus não quer castigar, muito menos destruir os homens que criou e o povo de Israel, que escolheu como povo de Sua predileção. A devastação sofrida foi a consequência da opção daquele povo, foi o que eles mesmos escolheram ao rejeitar a Deus que os visitava com amor.
Hoje nós também, tanto quanto o povo de Jerusalém, somos visitados por Deus, por Jesus Cristo. Também a nós, a todo instante, o Senhor oferece paz e consolação, como só Ele pode fazê-lo.
Quem sabe, algumas vezes no decorrer de nossas vidas, Lhe tenhamos dado motivo para chorar por nós, como chorou por Jerusalém.
Mas se estamos agora novamente ouvindo ou lendo as Suas Palavras, quem sabe podemos fazer o caminho de volta ao Coração de Deus, quem sabe podemos recebê-lO e reconhecer as muitas vezes, como agora, em nos veio visitar e oferecer a Paz!...
Não queiramos sofrer, como tantos hoje em dia, a desolação, a falta de sentido para a vida, a angústia, a tristeza que a rejeição a Deus nos traz. A presença de Deus põe fim a todo esse sofrimento inútil e sem sentido e nos dá paz e forças para enfrentarmos com coragem e ânimo o caminho desta vida, rumo à eternidade.
Voltemo-nos hoje ao Senhor, para consolá-lO das lágrimas que Lhe fizemos chorar e viveremos na Paz e no Amor do Coração de Jesus.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

XXXIII Semana do Tempo Comum – Lc 19, 11-28

Quem é o "homem nobre" que "partiu para um país distante a fim de ser coroado rei e depois voltar"? É Jesus, o Filho de Deus, o Verbo que "se fez carne e habitou entre nós" (cfe. Jo 1, 14). A Sua "coroação" ocorreu na Paixão, quando Ele foi crucificado. Depois disso, Ele "voltou", isto é, ressuscitou e subiu novamente ao Céu para sentar-se à direita de Deus Pai.

Muitos entre os homens, porém, ao reconhecem a realeza de Jesus e, em seus corações e em suas vidas, rejeitam-nO, dizendo: "nós não queremos que esse homem reine sobre nós".

Dar ao Senhor o reinado sobre as nossas vidas é, antes de tudo, dar a Ele o que Lhe pertence de direito, pois Jesus é o Rei e Senhor de todo o universo.

Para nós, concretamente, significa colocar nossas vidas ao dispor de Deus, em Suas mãos, sabendo que Ele, mais do que qualquer um (inclusive nós mesmos), sabe qual é o nosso bem, o que é o melhor para nós. Significa seguir os passos de Jesus Cristo, imitando seus gestos e atitudes; ouvir e assimilar os Seus ensinamentos; amar como Ele amou; e levar aos demais o conhecimento de Sua Pessoa e de Seu Amor, para que muitos lhe dêem o reinado sobre suas vidas.

Isso é servir ao Senhor, procurar lucrar com as moedas que Ele nos confiou para fazer render.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

XXXIII Semana do Tempo Comum, segunda-feira – Lc 18, 15-43

"Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim"

O cego, que não enxergava, "via" em Jesus o Filho de Davi, o Messias prometido, mais do que a multidão que acompanhava o Senhor.

Ele grita por piedade e, ao ser repreendido, grita ainda mais, sabendo-se necessitado da compaixão de Jesus, que é poderoso para livrá-lo da cegueira.

Não será justamente essa perseverança que o Senhor espera de nós? Que gritemos, sem cessar e sem nos importar com quem nos manda calar, pela piedade de Deus em relação às nossas mazelas, a tudo o que nos afasta de Seu caminho e nos deixa à margem?

Por sua confiança e perseverança, o cego foi recompensado: Jesus manda que o levem até ele e o cura.

Parte importante nessa cura também têm o que levam o cego a Jesus; se não o tivessem feito, o milagre teria ocorrido? Muitas vezes seremos nós esses que devem levar a Jesus os que ele deseja curar, porque o Senhor quer que tomemos parte no bem que Ele quer fazer a todos os que dEle necessitam e por ele clamam. Não nos recusemos, pois, a esse serviço. Mas, por nossas orações e ações, levemos para o Senhor muitos irmãos, para que Ele os cure. Assim fazendo, também nós seremos curados.

domingo, 15 de novembro de 2009

XXXIII Domingo do Tempo Comum – Mc 13, 24-32

Jesus, no Evangelho deste Domingo, afirma: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão". As palavras do Senhor são perenes, eternas, não têm data de validade ou vencimento. Mudam as civilizações e as culturas, mudam os gostos e as modas dos homens, muda a forma de pensar e de ver a vida nas gerações que se sucedem; mas o que Jesus, o Filho de Deus e Filho do Homem, disse, ensinou e fez permanece e permanecerá sempre, atravessando séculos e gerações, divina e inesgotavelmente.

E a Palavra do Senhor é exatamente o nosso critério de vida diante de Deus.

Um dia o Senhor virá novamente, como Ele mesmo diz, para "reunir os eleitos de Deus de uma extremidade à outra da terra". Ele virá, nesse dia, "com grande poder e glória". Na primeira vez, Jesus veio pequeno, humilde, um entre os homens, para anunciar a boa nova do Reino dos Céus, para ensinar e conduzir os filhos de Deus dispersos, que andavam perdidos, para a unidade de sua família, a Igreja (cf. Catecismo da Igreja Católica, número 1). Nessa segunda e última vez, Jesus virá como Rei e como Juiz, para a instauração definitiva desse mesmo Reino.

Muitos especularam e especulam, no correr da história humana, quando será esse "Dia do Senhor". Já foram escritos muitos livros; muitos se intitularam profetas e tentaram fazer previsões (todas fracassadas); e hoje muitos filmes de ficção usam esse tema, a maioria prescindindo da explicação religiosa e falando do "fim do mundo"(?). O fato é que "ninguém sabe" quando será esse dia, "somente o Pai", conforme as próprias palavras de Jesus.

Mas é certo que Jesus, Filho de Deus e Filho do Homem, virá ainda uma vez, seja para cada um de nós no dia em que morrermos, seja para todos os que estiverem vivos no dia em que vier "reunir os seus eleitos".

E, quando Ele vier, presidirá o nosso julgamento, de todos nós, vivos e mortos, tendo como critério a Sua Palavra, que não passa, e o amor que tivermos vivido à semelhança do Seu Amor, capaz de dar a vida pelos amigos, por todos nós.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Memória de São Martinho de Tours, bispo – Lc 17,11-19

"Dez leprosos vieram ao seu encontro": a humanidade, com suas misérias, vai ao encontro de Jesus. "Pararam à distância", como convinha a leprosos, pois a lepra é altamente contagiosa e destruidora e, na época, não tinha cura. E gritaram a Jesus, pedindo compaixão (é o homem ferido de morte que grita e pede ao Senhor que dele se compadeça).

Jesus não faz nenhum gesto. Apenas olha para eles e manda que se apresentem aos sacerdotes para comprovar que estão curados. É digna de nota a fé desses homens, pois vão, mesmo sem ainda terem notado sinais externos de cura. Enquanto andam, sustentados e movidos unicamente pela fé na palavra de Jesus, vão sendo curados. O Senhor quis fazer crescer na fé o espírito desses leprosos, para então dar saúde ao corpo.

Mas dentre dez que tinha fé, apenas um soube ser reconhecido e grato. Apenas um voltou "glorificando a Deus" e agradeceu a Jesus. Este, entre os dez, foi o que o passo maior na fé.

Quem de nós não é também um leproso, não tem misérias, fragilidades, pecados? Quem de nós não é necessitado da compaixão de Deus? A quem de nós Deus não oferece constantemente os Seus favores, curas espirituais e físicas, de alma e de corpo? Porém, quantos de nós sabem ser agradecidos?

Memória de São Leão Magno, papa – Lc 17, 7-10

"Somos Servos Inúteis"

Mesmo quando realizamos perfeitamente a Vontade de Deus em nossas vidas é a graça que nos possibilita isso. Então, não podemos ter a presunção de pensar que é mérito nosso se fazemos o que Deus nos pede. Pois, se a Sua graça, isso nos seria impossível. Como disse São Paulo: "o que tens que não tenhas recebido?" (1Cor 4, 7).

Ainda assim, grande é a misericórdia do Senhor, que tudo nos credita como merecimento, em virtude da Cruz de Cristo. Por isso Ele mesmo, aqui, já nos serve à mesa, nessa antecipação do Céu, que é a Eucaristia; e mais ainda nos servirá quando estivermos com Ele na Vida definitiva, cumulando-nos de felicidade.

"Que é o homem, Senhor, para nele pensardes e o tratardes com tanto carinho?" (cf. Sl 8,5)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Festa da Dedicação da Basílica de Latrão – Jo 2, 13-22

Jesus fala de Seu corpo como o Templo de Deus por excelência, visto que Ele é Deus e homem e é um só Deus com o Pai e o Espírito Santo. Seu corpo, uma vez destruído pelas torturas e pela crucifixão, ressuscitará, pois não pode permanecer em poder da morte.

Pelo Batismo que recebemos (muitos, quando crianças; outros, já adultos) nosso corpo também se torna templo de Deus, morada do Espírito Santo. Pelo Batismo, a Trindade habita em nós e o Deus único, que se revelou em Jesus Cristo, é o Senhor de nosso corpo. Não devemos, por isso, mantê-lo puro para Deus?

Jesus expulsou os vendedores e os cambistas. Pode parecer estranho o fato de haver esse tipo de pessoas no Templo. Na verdade, havendo muitos judeus que vinham de regiões distantes à Jerusalém para as festas religiosas judaicas, em especial para a festa da Páscoa, não podiam esses peregrinos percorrer longas distâncias trazendo consigo os animais que deveriam ser oferecidos em sacrifício. Os comerciantes estavam lá para vender aos peregrinos esses animais. Quanto aos cambistas, eram necessários porque os peregrinos deviam fazer o pagamento do tributo do Templo, mas isso não podia ser feito com moedas pagãs, que continham as efígies dos reis e imperadores estrangeiros – então os cambistas faziam a troca das moedas estrangeiras para a moeda do Templo, com a qual se pagava o imposto. Portanto, a presença dos cambistas e dos vendedores era necessária. No entanto, a área destinada a eles ficava fora do pátio do Templo. Eles, porém, superlotavam essa área e invadiam também as dependências do Templo, que deveriam ser locais exclusivamente de oração e oferta de sacrifícios. Invertiam, assim, a ordem das coisas (e subvertiam o Templo), tornando mais importante o comércio do que a oração e os sacrifícios a Deus.

Quanto a nós: que "vendedores" e "cambistas" deixamos ocupar nosso coração, dando a eles mais espaço que ao Deus vivo, do qual nosso corpo deve ser um templo santo? Procuremos, pois, hoje, descobrir quem ocupa o lugar preferencial em nosso coração e em nossa vida. Façamos, como Jesus, um "chicote de cordas" e expulsemos todos esses invasores para dar o lugar devido ao Senhor, nosso Deus.

domingo, 8 de novembro de 2009

XXXII Domingo do Tempo Comum – Mc 12, 38-44

Generosidade é a palavra deste domingo. Generosidade para com Deus, generosidade para com o próximo.

A generosidade para com o próximo merece uma superabundante recompensa por parte de Deus, como se vê na história da viúva que recebe o profeta Elias e com ele reparte o minguado pão que lhe resta (1Rs 17, 10-16). Porque a viúva deu tudo o que lhe restava para viver, Deus lhe deu em abundância farinha e óleo para que o pão não lhe faltasse, durante todo o tempo em que Elias esteve em sua casa e durou a seca que castigava aquela região.

E a generosidade para com Deus recebe de Jesus um elogio, como se vê na história da viúva do Evangelho deste domingo, a segunda viúva das leituras de hoje. Ela, pobre e sem recursos, deposita no cofre de esmolas do Templo de Jerusalém duas pequenas moedas, que são tudo o que possui. Isso não passa despercebido ao Coração de Jesus, que se comove com tamanha prova de amor e de fidelidade a Deus e declara que a oferta da viúva, tão pequena e pobre, supera em valor a de todos os outros que depositam no mesmo cofre as sobras do que têm em abundância. Embora o Evangelho não relate, certamente a viúva foi recompensada e não lhe permitiu o Senhor que faltasse o necessário para o seu sustento.

A partir da história dessas duas viúvas, tão generosas em sua pobreza, as leituras de hoje nos interrogam sobre a mesquinhez ou a generosidade de nosso coração. E nos convidam, qualquer que tenha sido nossa atitude até hoje, a tornar-nos generosos para com Deus e para com o próximo a partir de agora, na certeza de que é o Senhor quem não se deixa vencer em generosidade, destinando-nos uma grande recompensa, aqui e na outra vida.

sábado, 7 de novembro de 2009

XXXI Semana do Tempo Comum, sábado – Lc 16, 9-15

"Usai o dinheiro injusto para fazer amigos..."

Pois o dinheiro, que aqui representa todo tipo de bens materiais e riquezas aos quais se apega o coração do homem, não é um fim em si mesmo.

O dinheiro, os bens, as riquezas, se corretamente usados, também são um meio para chegar ao Céu. Por isso é que Jesus recomenda fazer amigos com o dinheiro injusto, "pois, quando acabar [o dinheiro], eles vos receberão nas moradas eternas".

Mas que "amigos" são esses? Todo o bem que fizermos nos recomendará diante de Deus. E, principalmente, todos aqueles a quem fizermos o bem serão os defensores de nossa causa quando tivermos de nos apresentar no tribunal do Senhor. São esses os amigos que nos receberão nas moradas eternas, porque "o amor cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).

Importa, porém, que observemos a quem queremos servir. Se escolhermos servir a Deus, rejeitaremos servir ao dinheiro, aos bens, às riquezas, enfim, diremos "não" a todo tipo de apego material. Ao contrário, se decidirmos servir às riquezas, apegar nosso coração ao que é material, teremos de deixar a Deus de lado, abandoná-lO, recusar servi-lO, impedir que entre e transforme nossas vidas para melhor. Porque a ambos (Deus e o dinheiro), diz Jesus, não se pode servir.

Diz mais ou menos assim uma canção de Bob Dylan, conforme a versão de Vitor Ramil: "seja ao diabo, ou seja a Deus, você sempre vai servir a alguém".

Nada impede que os bens e as riquezas sejam meios colocados à disposição para o serviço de Deus. Ao contrário, é bom que seja assim. É o que Jesus nos fala no Evangelho de hoje e assim também pensavam santos como Teresa de Jesus, que nada aceitava para si, mas sabia usar o dinheiro das doações que recebia para melhor servir ao Senhor. O mesmo já fazia Francisco de Assis, o santo da pobreza, séculos antes.

Mas não esqueçamos as palavras de advertência de Jesus no final do Evangelho de hoje: "Deus conhece vossos corações. (...) O que é importante para os homens é detestável para Deus".

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

XXXI Semana do Tempo Comum, sexta-feira – Lc 16, 1-8

Um homem rico acusa seu administrador de infidelidade na administração de seus bens e exige-lhe a prestação de contas. O administrador sabe que a acusação de seu senhor é verdadeira, por isso nem sequer perde tempo tentando defender-se. Mas vai rapidamente arranjar uma forma, embora desonesta, de garantir seu sustento, para não ficar na miséria quando o senhor o mandar embora.

Todos somos administradores dos bens que Deus nos concede, a começar pela vida, que é dom primeiro e fundamental sem o qual não receberíamos os demais.

Se o Senhor nos chamasse hoje para prestar constas de nossa administração, que Lhe poderíamos dizer? Admitiríamos também a nossa infidelidade?

Cumpre-nos, porém, olhar a esperteza com que o administrador ajeitou seus negócios para não ficar sem nada, pois até o patrão o elogiou nesse aspecto. Cumpre olhar a esperteza e imitá-la, mas não a desonestidade.

Sejamos espertos em "invocar o Senhor enquanto Ele está perto, buscá-lO enquanto se pode achar" (cf. Is 55, 6): mudando de conduta e convertendo nosso coração a Deus; procurando nossos amigos entre os anjos e os santos, que estão perto de Deus e podem interceder por nós.

Assim, no dia da prestação de contas, o que tivermos lucrado com a boa administração compensará a infidelidade anterior e o Senhor haverá de elogiar a esperteza com que procuramos ganhar a Vida nas moradas eternas.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

XXXI Semana do Tempo Comum, quinta-feira – Lc 15, 1-10

"Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles".

A posição em que os fariseus e os mestres da lei se colocavam era de estarem acima das outras pessoas e de serem eles os justos, enquanto os demais não eram (em especial os publicanos, que cobravam impostos em nome dos dominadores romanos).

Jesus, porém, inverte a lógica: ao invés de um olhar de condenação, Ele manifesta a alegria quem sente quando alguém se aproxima dEle buscando palavras de Vida eterna e querendo mudar de vida.

Não quer dizer que não se alegra com aqueles que já estão no caminho, mas que é grande a Sua alegria quando um pecador se converte e busca a justiça e a misericórdia de Deus.

E quem de nós pode dizer que não tem pecado? Quem pode dizer que é justo, que vive inteiramente de acordo com a Vontade de Deus? Quem pode dizer que jamais pecou? Ou que não tem alguma coisa, grande ou pequena, de que se arrepender?

Sabendo, pois, que o Senhor não condena o pecador arrependido, antes, quer que se arrependa e se converta para poder salvá-lo, procuremos repassar as nossas vidas, hoje, sob o olhar de Deus. Assim, arrependidos e contritos, busquemos a mudança de vida e voltemos para o Senhor.

Seremos como a ovelha que se extraviou do rebanho e que Jesus reencontrou e daremos muita alegria ao Coração de Cristo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Memória de São Carlos Borromeu – Lc 14, 25-33

Diz São Paulo que "o amor é o cumprimento perfeito da lei" (Rm 13, 10) e recomenda: "não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo – pois quem ama o próximo está cumprindo a lei" (Rm 13, 8).

O amor de que São Paulo fala não é um mero sentimentalismo. É o amor que decorre de querer o bem do outro, de promover o bem do outro, de reconhecer as reais e legítimas necessidades (materiais e espirituais) do outro e procurar satisfazê-las, de querer fazer o outro feliz. É o amor que se fundamenta na doação de si mesmo.

Não foi outro o amor de Jesus Cristo por nós: Ele renunciou até mesmo à honra e à glória devidas à Sua divindade para fazer-se um conosco, para doar-se a nós até a última gota de sangue e, assim, dar-nos a Vida.

Por isso, quem quiser ser discípulo de Jesus Cristo, quem quiser segui-lO, não pode fazer menos do que Ele fez, porque o verdadeiro amor exige de quem ama a total entrega de si. Se Jesus carregou a Sua Cruz, nós, que queremos ser Seus discípulos, devemos carregar do mesmo modo a nossa cruz.

Mas isso significa "calcular os gastos" para a construção da torre, como explica o Senhor no Evangelho de hoje ("para ver se tem o suficiente para terminar"); ou, antes de "sair para guerrear com o outro", se as forças do exército não são suficientes, enviar mensageiros para "negociar condições de paz". O que Jesus quer indicar com isso? Que o Seu seguimento é um caminho, que se constrói dia após dia; que a formação do discípulo de Cristo não é instantânea, pelo contrário, é um processo. É o que Jesus quer indicar quando diz que é preciso tomar a própria cruz a cada dia.

Nesse caminho para ser discípulo é preciso cultivar a vida espiritual, buscando a solidez e a união com Deus na oração e na formação das virtudes; procurar a própria formação, o conhecimento da doutrina da fé, para que o amor a Deus tenha bases firmes e coerentes; e doar-se ao próximo, praticando a misericórdia para com ele, a fim de que a imitação de Cristo se concretize no irmão. Por fim, a renúncia de si mesmo implica em esperar tudo de Deus e nada esperar de si; colocar tudo nas mãos do Senhor e confiar inteiramente nEle.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

XXXI Semana do Tempo Comum, terça-feira – Lc 14, 15-24

Parece óbvio que é feliz "aquele que come o pão no Reino de Deus" (Lc 14, 15). Afinal, quem não há de querer participar desse Reino e ser feliz com Deus para sempre?

Assim como parece óbvio que os convidados deveriam querer ir ao banquete que lhes está sendo oferecido. Quem não quer comer, beber e festejar à vontade e sem pagar nada? Mas, diz o Evangelho, "todos, um a um, começaram a dar desculpas" e não quiseram comparecer.

O fato é que para participar do banquete do Reino existem exigências; não basta ser convidado, pois convidados todos somos. Aceitar o convite significa conformar a vida a Jesus Cristo e à Vontade do Pai por Ele revelada. Isto nem sempre é fácil e implica em fazer renúncias, esquecer de si mesmo, tomar a própria cruz a cada dia para seguir ao Senhor.

O "dono da casa", isto é, Deus, que oferece o banquete, conhece nossas fragilidades. Ainda assim, Ele nos convida e faz questão da nossa presença.

Quando Jesus diz que o homem manda o empregado chamar "os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos", não está justamente querendo mostrar que Deus chama a cada um de nós, imperfeitos e fracos, para o banquete de Seu Reino?

E quando diz que o homem quer obrigar a todos a irem ao seu banquete, para que sua casa fique cheia, não está querendo com isso mostrar o quanto Deus nos ama e deseja a nossa salvação?

Pois é preciso, apenas, que paremos de dar desculpas e comecemos, agora, a amar a Deus. Enquanto vivemos esta vida, temos tempo de aceitar o convite e nos dirigirmos à mesa no Reino de Deus.

FINADOS – Mt 25, 31-46

Tanto nós quanto os falecidos, cujo destino eterno desconhecemos (exceto por aqueles que a Igreja declarou santos, isto é, que já estão no Céu com Deus), temos o mesmo critério de julgamento: o amor. O amor a Deus que se manifesta no amor ao irmão, pois Deus é invisível.

As obras enumeradas por Jesus, justo Juiz assentado em seu trono de glória, são todas bem concretas: dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; acolher ao peregrino e ao estrangeiro, aos viajantes e migrantes em geral; vestir a quem está nu; assistir e cuidar dos enfermos; visitar os encarcerados.

São as chamadas obras de misericórdia corporal, através das quais se manifesta concretamente o amor ao próximo, com quem Jesus se identifica.

O critério do Senhor para medir o nosso amor por Ele já está dado. Se queremos amar a Deus, a quem não vemos, devemos amar o nosso irmão, a quem podemos ver (cf. 1Jo 4, 20). Pois "a fé sem obras é morta" (cf. Tg 2, 26) e o amor que não se traduz em obras concretas, resultantes do desejo de agradar ao Amado, não existe.

Ao rezarmos hoje e em toda esta semana de modo especial pelos falecidos e confiá-los à misericórdia divina, lembremos que o julgamento deles (que já ocorreu) e o nosso (que um dia virá) será baseado nas mesmas premissas.

Dizia São João da Cruz, carmelita: "no entardecer da vida sereis julgados quanto ao amor".

Solenidade de Todos os Santos – Mt 5, 1-12

São João relata que viu (no livro do Apocalipse) um anjo marcando com o selo de Deus aqueles que Lhe pertencem. E que eram "uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas e que ninguém podia contar". Diz ainda que "estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão".

Estar de pé diante do Senhor, que é o Cordeiro imolado do Apocalipse, significa poder apresentar-se como justo diante dEle, como "servo bom e fiel", que não tem o que temer da parte do Senhor, pois cumpriu a Sua Vontade. As vestes brancas indicam a pureza e a santidade, enquanto as palmas na mão significam o martírio, o testemunho da fé dado com o sacrifício de si mesmo.

E esses, conforme São João, eram "uma multidão imensa", "que ninguém podia contar".Eles são a multidão dos santos, daqueles que fizeram das palavras de Jesus no Evangelho o seu programa de vida: "bem-aventurados...".

As bem-aventuranças são, antes de mais nada, um programa de santidade dado pelo Filho de Deus, que "se fez carne e habitou entre nós".

E isto é o que todos somos chamados a ser: santos, isto é, aqueles que desejam amar e servir fielmente ao Senhor e em tudo fazer a Sua Vontade. As bem-aventuranças dão o tom e o critério dessa vida de perfeição à qual Deus nos chama.

E ser chamado a ser santo, a ser perfeito quer dizer, simplesmente, que a perfeição ou santidade (que é amar e querer cumprir sempre a Vontade de Deus) deve ser o objetivo maior de nossas vidas.

Quem aceitar essa proposta do Senhor tem, nas bem-aventuranças, um programa de vida espiritual e humana, que vai lutar por atingir a cada dia, um passo de cada vez.

Jesus sabe que teremos algumas vitórias e também muitas dificuldades e derrotas. Ele conta com isso e, por isso, nos dá a força do Espírito Santo. Pois, mais que tudo, o que Ele espera é a nossa perseverança.

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