segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VIII Semana do Tempo Comum - Mc 10, 17-27

"SÓ UMA COISA TE FALTA"

O homem cumpria rigorosamente os mandamentos de Deus, desde a sua juventude. Mas não fundamentava sua obediência no amor, que é o vínculo da perfeição. Cumpria os mandamentos porque considerava-os um dever, mas não porque amava a Deus.
Note-se que Jesus não o reprova por isso. Afinal, o rapaz não está errado. É preciso, de fato, obedecer a Deus e cumprir Seus mandamentos.
Mas o Senhor quer elevá-lo a um degrau mais alto, que é o degrau do amor. Deseja levá-lo à obediência do amor, em que tudo se faz unicamente para agradar ao Amado, que é Deus. É aquele degrau da plena liberdade do amor, no qual só se deseja aquilo que é Vontade do Amado e nada se quer que Ele não queira ("ama e faze o que queres", dizia Santo Agostinho).
Por isso, Jesus pede ao homem que deixe tudo - para ter o coração livre, desapegado de todos os bens, a fim de que Deus se torne o seu único e verdadeiro Bem.
Lamentavelmente, porém, o rapaz não quer dar esse passo. Poderia tornar-se rico em espírito, possuindo tudo em Deus, mas prefere continuar rico dos bens deste mundo, bens transitórios, e ser pobre para Deus. Sobram-lhe a tristeza e o vazio, porque escolhe não realizar os anseios mais profundos de seu coração. "Fizeste-nos, Senhor, para ti e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti" (Santo Agostinho).
Qual será a nossa escolha? O que vamos preferir?

 
De São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, Doutor da Igreja
Homilia 7, sobre a riqueza; PG 31, 278 (a partir da trad. coll. Icthus, t. 6, p. 82 rev.)
 
"Ao ouvir estas palavras [...], retirou-se pesaroso."

O caso do jovem rico e dos seus semelhantes faz-me pensar no de um viajante que, pretendendo visitar uma cidade, chega junto das muralhas, encontra aí uma estalagem, hospeda-se nela e, desencorajado pelos últimos passos que ainda lhe falta dar, perde o benefício das fadigas da sua viagem e acaba por não ir visitar as belezas da cidade. Assim são estes que cumprem os mandamentos mas se revoltam com a ideia de perderem os seus bens. Conheço muitos que jejuam, rezam, fazem penitência e praticam todo o tipo de obras de caridade, mas não dão uma esmola aos pobres. De que lhes servem as outras virtudes?
Eles não entrarão no Reino dos Céus porque «é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus». São palavras claras e o seu Autor não mente, mas raros são aqueles que se deixam tocar por elas. «Como viveremos quando estivermos despojados de tudo?» exclamam. «Que existência levaremos quando tudo for vendido e já não tivermos propriedades?» Não me perguntem qual é o desígnio profundo que está subjacente aos mandamentos de Deus. Aquele que estabeleceu as nossas leis conhece igualmente a arte de conciliar o impossível com a lei.
 
(fonte: http://www.evangelhoquotidiano.org)

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