VI Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 16, 12-15
O Espírito Santo, enviado por Cristo que volta para o Pai, abre os "olhos", o coração e a mente dos discípulos para a compreensão de tudo quanto o Senhor lhes havia dito enquanto estava com eles.
A Voz do Espírito não ressoa nos ouvidos, mas na alma e no coração do homem. E não somente para os apóstolos de então, mas para todos os discípulos de Jesus Cristo, na Igreja, em todos os tempos e até o fim. O Espírito Santo torna perene a revelação do Senhor, que permanece conosco "até o fim do mundo", conforme a Sua promessa.
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A «chave do conhecimento» (Lc 11,52) não é senão a graça do Espírito Santo, que é dada pela fé. Pela iluminação, ela produz um conhecimento muito real, e mesmo o conhecimento completo. Ela abre o nosso espírito fechado na obscuridade, muitas vezes com parábolas e símbolos, mas também com declarações mais claras. (...) Prestai pois muita atenção ao sentido espiritual da palavra. Se a chave não for adequada, a porta não se abrirá. Porque, disse o Bom Pastor, «é a ele que o porteiro abre» (Jo 10,3). Mas, se a porta não se abrir, ninguém entra na casa do Pai, porque Cristo disse: «Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14,6).
Ora, é o Espírito Santo Quem primeiro abre o nosso espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e ao Filho. Cristo disse-nos: «O Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, dará testemunho a Meu favor, e guiar-vos-á a toda a verdade» (Jo 15,26; 16,13). Vede como, pelo Espírito, ou melhor, no Espírito, o Pai e o Filho Se dão a conhecer inseparavelmente. (...)
Se chamamos ao Espírito Santo uma chave, é porque é primeiramente por Ele e nEle que o nosso espírito é iluminado. Uma vez purificados, somos iluminados pela luz do conhecimento. Somos batizados do alto, recebemos um novo nascimento e tornamo-nos filhos de Deus, como disse São Paulo: «O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8,26). E ainda: «Deus enviou aos nossos corações o Espírito que clama: 'Abba, Pai'» (Gal 4,6). É por conseguinte Ele que nos mostra a porta, porta que é luz, e a porta ensina-nos que Aquele que habita esta casa é também luz inacessível.
Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022)
Monge grego, santo das Igrejas Ortodoxas
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