sábado, 7 de agosto de 2010

XVII Semana do Tempo Comum – Mt 17, 14-20


Para Deus alguma coisa é impossível? Então, por que não cremos? O poder de Deus não é limitado. Tudo está ao alcance de Deus, que tudo criou e tudo governa e que encaminha todas as coisas para o seu fim, para a finalidade para a qual as criou.
Nós, porém, não cremos.
E que motivos temos para não crer? Muitos dizem: "Deus não me atende". Outros argumentam: "eu procurei servir a Deus, rezar muito, ajudar o próximo e, mesmo assim, em troca só recebo dificuldades e sofrimentos".
Aos primeiros é preciso responder: Deus não nos dá tudo o que Lhe pedimos, mas somente aquilo que for bom e conveniente para a nossa salvação. Ainda que não Lhe peçamos, Ele nos dará (ou permitirá que nos aconteça) tudo – alegrias e sofrimentos, paz e tribulações – em vista do nosso maior bem, que é a vida eterna em seu Reino, a felicidade perfeita e que jamais termina.
Aos que contrapõe que servem a Deus, rezam muito e fazem o bem ao outros, é preciso dizer que nada do que fizermos torna Deus nosso devedor. Pelo contrário, pois Ele nos criou livremente, por pura bondade; nos mantém na existência; e nos deu a salvação por meio de Seu Filho, Jesus Cristo. Não estamos em posição de negociar com Deus, pois os únicos devedores somos nós.
Sendo assim, tudo o que fizermos, façamo-lo gratuitamente, por amor a Deus e aos irmãos, como retribuição e prova de nossa gratidão por tudo quanto Ele fez e faz por nós.
E entreguemo-nos com fé e confiança à Sua Divina Providência, que em tudo e por meio de tudo promove o nosso bem.
 
Comentário feito por São Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir
Dialog of Comfort against Tribulation (a partir da trad. de Ecrits des saints, Soleil Levant, pp. 23-24)
 
«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» (Mc 9, 24)
 
«Senhor, aumenta a nossa fé» (cf. Lc 17, 5). Meditemos nas palavras de Cristo e convençamo-nos de que, se não permitíssemos que a nossa fé se tornasse morna ou mesmo que esfriasse, que perdesse a força, dispersando os nossos pensamentos em futilidades, deixaríamos de dar importância às coisas do mundo e concentrá-la-íamos num cantinho da nossa alma.
Então semeá-la-íamos como se fosse um grão de mostarda no jardim do nosso coração, depois de ter arrancado de lá todas as ervas daninhas, e o rebento cresceria. Com uma firme confiança na palavra de Deus, levantaríamos uma montanha de aflições, ao passo que, se a nossa fé for vacilante, nem sequer conseguirá mover um montinho de terra. Para terminar esta conversa, dir-vos-ei que, visto que todo o conforto espiritual pressupõe uma base de fé, e que mais ninguém a pode conceder senão Deus, nunca devemos cessar de lha pedir.

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