terça-feira, 7 de janeiro de 2014

"... teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor"

Tempo do Natal, Semana da Epifania, terça-feira
Mc 6, 34-44


Nosso Senhor nos vê. Contempla a cada um de nós em particular e por todos os nossos atos Se interessa. Ele não deixa o Seu Povo em abandono. Nós, porém, muitas vezes (tantas vezes, nestes tempos tão difíceis), nos sentimos como ovelhas sem pastor, desamparados e desanimados.
Mas Ele, Jesus, está conosco. Ele nos vê e nos ama. E sente compaixão deste Seu rebanho faminto, que segue e busca dEle e de Sua Palavra até mesmo no deserto, porque não tem quem lhe ensine.
Disse o Senhor aos Seus apóstolos (e diz ainda hoje, aos seus sucessores): dai-lhes vós mesmos de comer. Eles, porém, continuam sem compreender, mesmo hoje, que não é do pão material que Jesus lhes fala, mas do Pão da Vida, que é Ele mesmo, do Pão da Eucaristia e do Pão de Sua Palavra.
Esse é o Pão que não precisa ser comprado, porque entregou a Si mesmo para a vida do mundo. É o Senhor quem providencia o Pão a ser distribuído por Seus apóstolos entre a multidão que tem fome e sede do Deus vivo, naquele tempo, como hoje. Os discípulos - naquele tempo, como hoje - pensam em comprar o pão que mata a fome do corpo por apenas um momento. O Senhor, ao multiplicar o pão que Lhe havia sido oferecido, que outro é o Pão que eles devem distribuir aos homens com fartura, para saciar as suas almas. O pão que o Senhor multiplicou é figura do Pão Vivo que desce do Céu para dar vida ao mundo.
Quantos, porém, ainda não compreendem que Jesus Cristo é o único Pão do qual todos comem e ficam satisfeitos? Que Ele é o único Pão que deve ser distribuído por aqueles que Ele mesmo escolheu? Que todo o resto passa e só o Amor de Deus permanece? Que só de Jesus Cristo, Nosso Senhor, é que nos pode vir a Vida verdadeira?
Roguemos ao Senhor, neste dia, que tenha compaixão de Suas ovelhas que O procuram no deserto...!
***
Beata Lindalva Justo de Oliveira

Lindalva nasceu em 20 de outubro de 1953, no pequeno povoado Sítio Malhada da Areia, município de Açu, Rio Grande do Norte. Filha do segundo matrimonio de João Justo da Fé (viúvo) e Maria Lúcia da Fé, de cujas núpcias nasceram 12 filhos.
Lindalva, a sexta filha do casal, já dava sinais de uma especial predestinação divina, pois entregava-se com naturalidade às práticas de piedade. Cresceu como menina normal, de aspecto gracioso, piedosa e muito sensível para com os pobres, de tal forma que ainda jovem surpreendeu a família doando as próprias roupas aos necessitados. Transferindo-se para Natal, estudava e trabalhava para se manter e ajudar a família, e todos os dias visitava os idosos do Instituto Juvino Barreto.
Após concluir o segundo grau passou a cuidar do pai, idoso e doente, com todo carinho e paciência. Quando este faleceu, Lindalva, aos 33 anos, entrou para a Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo: queria servir a Cristo nos pobres.
Não foi fácil adaptar-se à nova vida, mas com a graça de Deus foi progredindo na sua caminhada espiritual, passo a passo, renúncia após renúncia. Dizia sempre: “Amo mais a Jesus Cristo do que a minha família”.
Foi superando as etapas de sua formação religiosa na prática das virtudes, no amor à oração, à obediência alegre, sincera e compreensiva. Lutava para corrigir seus próprios defeitos e crescer no caminho da perfeição. Suas superioras estavam muito contentes com ela, notando sua disponibilidade e grande amor aos pobres.
Terminado o período do noviciado foi enviada para o Abrigo Dom Pedro II, em Salvador, BA, recebendo o ofício de coordenar uma enfermaria com 40 idosos, sendo responsável pela ala do pavilhão masculino. Fez curso de Enfermagem para poder dedicar-se melhor aos seus doentes e idosos. À caridade unia o zelo espiritual por seus assistidos, procurando levá-los para Cristo pela boa palavra. Sua conduta era impecável, alegre, pura, modesta e caridosa para com todos. Encontrava ainda tempo para visitar os pobres no domicílio, e procurava meios para suprir suas necessidades materiais. Lindalva sentia-se feliz e realizada no seu trabalho.
***
Toda santidade passa pelo crisol do sofrimento. Em 1993, devido a uma recomendação, o abrigo acolheu entre os anciãos Augusto da Silva Peixoto, homem de 46 anos. Ele passou a assediar Ir. Lindalva, e chegou até mesmo a manifestar-lhe suas intenções. Ela começou a ter medo, e procurou afastar-se o mais que pode. Confidenciou-se com outras irmãs e refugiava-se na oração. Seu amor aos velhinhos a mantiveram no abrigo, e chegou a dizer a uma irmã: “prefiro que meu sangue seja derramado do que afastar-me daqui”.
Por não ser correspondido, Augusto foi à Feira de São Joaquim na Segunda-feira Santa e comprou uma faca, que amolou ao chegar ao abrigo. Não dormiu na noite de quinta para sexta-feira santa. De manhã, Irmã Lindalva havia participado da Via-Sacra, ao raiar da aurora, na paróquia da Boa Viagem. Ao regressar, foi servir o café da manhã aos idosos. Subiu as escadarias da enfermaria, como se estivesse subindo para o calvário, e pôs-se a servir pão com café e leite para os internos da ala masculina. Todos eles estavam em fila, esperando a vez. A irmã, compenetrada com o café, tinha a cabeça baixa quando sentiu um toque no ombro: virou-se e teve tempo apenas de ver o rosto enraivecido do homem que conhecera havia poucos meses... Em seguida, foram dezenas de facadas, pontilhadas por todo o corpo. Tudo diante do semblante horrorizado dos velhinhos que assistiam à cena bem em frente à mesa de café. Um senhor ainda tentou evitar a tragédia, avançando sobre o assassino. Mas Augusto Peixoto estava decidido e, ameaçou de morte quem ousasse se aproximar. Terminado o crime, foi esperar a polícia sentado em um banco na frente da casa. Do abrigo, ele foi para Casa de Detenção e, posteriormente, parou no Manicômio Judiciário.
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