quarta-feira, 6 de junho de 2012

"Quando os mortos ressuscitarem (...) serão como os anjos do Céu"

IX Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Mc 12, 18-27

Jesus, no Evangelho de hoje, é confrontado com a pergunta dos saduceus que, não crendo na ressurreição dos mortos e nas realidades espirituais, tentam deixá-lO sem resposta, mediante a comparação da vida definitiva com uma realidade terrena, como é o casamento.
O Senhor simplesmente afirma que Deus "não é Deus de mortos, mas de vivos" e que "quando os mortos ressuscitarem (...) serão como os anjos do Céu", portanto não mais casarão, porque as realidades terrenas passarão com esta vida perecível. E diz: "estais muito enganados".
Essa passagem levanta uma questão que frequentemente surge hoje: como é a vida depois da morte? Como é o Céu? E, apesar de quase ninguém mais acreditar em sua existência, como é o Inferno?
Sim, Céu e Inferno existem. São realidades espirituais perenes e definitivas. Mas, que visão temos do Céu? Entendemos que ele é uma cópia melhorada da nossa vida na terra? Ou, talvez, que é chato, monótono, cheio de anjos tocadores de harpas sentados sobre as nuvens? E, em contrapartida, que o Inferno é um lugar divertido, com festas eternas, em que todo tipo de sacanagem é permitida, sem nenhum desagrado, dor ou proibição? Que o Inferno é o lugar onde (apesar da flagrante contradição em termos) é proibido proibir?
Essas concepções a respeito do Céu e do Inferno são características de uma sociedade hedonista, voltada para o próprio umbigo e para o próprio prazer, escrava de seus sentimentalismos. Mas, não somente isso, são concepções limitadas e infantis a respeito de realidades espirituais que nos ultrapassam, uma vez que só conhecemos e enxergamos o que vivemos hoje, aquilo que é terreno e que, inexoravelmente, passa.
Embora nada saibamos de concreto sobre o Céu e do Inferno (e só saberemos quando chegarmos lá, mas então não nos será permitido voltar para dizer aos que ainda vivem esta vida na terra), temos a Palavra de Jesus nas Escrituras. Não somente no Evangelho de hoje, que compara os ressuscitados aos anjos do Céu (diz que serão como anjos, mas não que se tornarão anjos), mas em diversas outras passagens o Senhor se utiliza de diversas imagens e comparações para nos dar uma ideia de como será a vida após a morte. Compara, por exemplo, o Céu a um banquete, à festa de núpcias do Filho do Rei; ou compara o Inferno ao fogo que não se extingue, ao lugar onde haverá choro e ranger de dentes. Fala ainda do Céu como o lugar da alegria do Senhor e do Inferno como o lugar do tormento preparado para o diabo e seus anjos e para onde irão todos os que não O tiverem amado na pessoa dos irmãos.
Podemos ficar ainda com as palavras de São Paulo: "tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada" (Rm 8, 18) e "como está escrito: coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus preparou para aqueles que O amam" (ICor 2,9).
Deixemos, pois, de infantilismos. O diabo (sim, ele existe) conseguiu convencer a maior parte das pessoas que o Céu é chato e que o Inferno, se é que existe, é o lugar mais divertido e melhor para passar a eternidade. Ele, porém, é o pai da mentira. É o mercenário que vem para roubar, matar e destruir o rebanho do Senhor. Não quer a nossa salvação, mas a nossa perdição. Quer dar-nos o tormento eterno. Fiquemos com as palavras de Nosso Senhor, que veio morrer para nós, para que tenhamos a Vida junto dEle, que ressuscitou e está vivo!
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Do Evangelho Quotidiano:
O cristianismo não promete apenas a salvação da alma, algures no Além, onde todos os valores e as coisas preciosas deste mundo desapareceriam, como se se tratasse de um cenário que tivéssemos construído e que nessa altura desapareceria. O cristianismo promete a eternidade daquilo que se realizou nesta terra.
Deus conhece e ama este homem total que somos atualmente. Portanto, é imortal tudo aquilo que cresce e se desenvolve nesta nossa vida de agora. É através do nosso corpo que sofremos e amamos, que esperamos, que experimentamos a alegria e a tristeza, que progredimos ao longo do tempo. Tudo o que assim cresce na nossa vida presente, tudo isso é imperecível. É, pois, imperecível aquilo em que nos tornamos no nosso corpo, aquilo que cresceu e amadureceu no coração da nossa vida, em ligação com as coisas deste mundo. É o "homem total", tal como se situou neste mundo, tal como viveu e sofreu, que será um dia levado para a eternidade de Deus e que tomará parte, no seio do próprio Deus, na eternidade. Isto deve inundar-nos de uma alegria profunda.
Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI)

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Leia mais!
Sobre a intercessão dos santos e o purgatório: blog Porque Creio.
Sobre os santos, vivos no Céu: blog Baixada Católica.

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