Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho, isto é, estava à margem da vida: sua cegueira era considerada um castigo divino, dado em razão de um pecado seu ou de seus pais; também era maldição, pois o impossibilitava de ler a Torá, tornava-o impuro e impedia-o, por isso, de participar das cerimônias religiosas e de oferecer sacrifícios ou mesmo entrar no Templo de Jerusalém.
Mas Jesus passa por seu caminho e ele grita por piedade. Jesus, então, o cura e Bartimeu passa a seguir ao Senhor, tornando-se seu discípulo.
De que lhe adiantaria recuperar a visão física, se não fosse primeiro curado dos olhos da alma? Bartimeu joga fora o manto antes de lhe serem abertos os olhos do corpo, porque naquele instantes Jesus lhe concede o mais importante: a visão espiritual, sobrenatural, a visão da fé. Ainda cego, Bartimeu já pode ver com clareza Aquele que é o Senhor.
Não mais inerte, semimorto, à margem, Bartimeu abandona o "homem velho", a sua antiga vida de amaldiçoado, levanta-se e anda em direção a Jesus. Então recebe dEle a cura física.
Mas a cura de Bartimeu não termina aí. Aquele que há poucos segundos era cego já não pode mais voltar ao que deixou para trás, pois recebeu de Cristo uma vida nova. Começa, então, a segui-lO. Torna-se discípulo de Jesus.
O evangelista, depois, não fala mais de Bartimeu. Mas Jesus está subindo a Jerusalém para sofrer a Paixão, morrer e ressuscitar. Se Bartimeu tornou-se um discípulo fiel, seguiu o Senhor também em Seu caminho de dor.
No fundo, o itinerário de Bartimeu também é o de cada um de nós. Esse discípulo sem nome (diz o Evangelho apenas que é "filho de Timeu") começa sua jornada na escuridão, mas o encontro com Jesus leva-o à luz e ao seguimento do Senhor. O que aconteceu (e acontece conosco) depois está em aberto: o Senhor deixa livres os que ama, cura e chama, para que O amem e, nessa liberdade, continuem a segui-lO também nos momentos difíceis.
Virá o dia, para os que Lhe forem fiéis e perseverarem no Caminho, em que "Ele enxugará toda lágrima de seus olhos" (cf. Ap 21, 4).
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