quinta-feira, 29 de março de 2012

V Semana do Tempo da Quaresma, Quinta-feira - Jo 8, 51-59


"Antes que Abraão existisse, EU SOU"
Jesus está falando com os judeus que O ouviram e, conforme o evangelista João, "creram nEle". Eles ecutaram as Suas palavras a respeito do templo e começaram a reconhecer nEle os sinais do Messias esperado. Porém, ainda com uma visão terrena, muito política e nada espiritual.
Esse primeiro impacto da pessoa de Jesus, essa visão ainda muito apegada às coisas terrenas, restrita, em geral é o que todos temos de início. Reduz Jesus aos seus discursos e pregações sobre o amor ao próximo, fazer o bem (significando praticar boas ações)... Ignora o que realmente compromete todo o ser e a própria existência ao Senhor - tomar a própria cruz a cada dia e segui-lO - e nem suspeita do essencial: que Jesus Cristo é Deus, o Verbo divino que se fez carne, que entrou na nossa história, que habitou entre nós para morrer por nossos pecados e ressuscitar para nossa justificação.
Mas é preciso ir além dessa visão estreita de Jesus como um grande homem, um grande líder que veio pregar uma bela mensagem de fraternidade e de paz e que morreu incompreendido. É preciso tirar os olhos da terra para poder vislumbrar em Jesus o Senhor dos Exércitos, Deus todo-poderoso, o Rei do universo. É preciso abrir a alma e o coração para a dimensão sobrenaural, para a eternidade.
Isso é o que Jesus quer fazer com esses judeus. Por isso vai levando-os no decorrer do diálogo, ao conhecimento de realidades que ultrapassam esta vida: "se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte".
Eles, porém, não O compreendem (ou não querem compreendê-lO). Jesus prossegue até o ponto de declarar-lhes abertamente a Sua divindade: "antes que Abraão existisse, EU SOU". E esse é o ponto de ruptura. Rejeitam-nO definitivamente e querem apedrejá-lO. Podem aceitar Jesus como um grande líder, uma espécie de revolucionário religoso-político. Mas nunca poderão aceitá-lO como Deus, crer nEle e adorá-lO.
Acontece o mesmo com os homens de todos os tempos, desde aquela época até os dias de hoje. A Igreja jamais cessou de proclamar a divindade e o senhorio de Jesus. E boa parte da humanidade sempre tentou (e continua a fazê-lo) reduzir a figura de Cristo ao não essencial, ao periférico, fazendo dEle somente um líder humano com palavras bonitas e um final fracassado.
É que custa muito admitir que Jesus é Deus, que Jesus é o Senhor. Implica mudar inteiramente a vida, passar a servi-lO e adorá-lO como Deus (o que, de fato, Ele é). Exige um esforço contínuo de conversão, de fazer e querer fazer unicamente a Sua Vontade. Significa deixar de olhar para nós mesmos e fixar nEle os nossos olhos, a fim de contemplá-lO e amá-lO.
Diante de Jesus, somente são possíveis duas atitudes: a de Abraão, que O amou e serviu, ou a desse grupo de judeus, que terminou por rejeitá-lO. Ele está diante de nós e espera uma resposta: "e vós, quem dizeis que EU SOU?"

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