"Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador"
Dizia Santa Teresa de Ávila que a humildade é a verdade. Quanta verdade, pois, há nestas palavras do publicano, que, reconhecendo sua pobre condição, não ousava erguer os olhos para o Céu. Não deveríamos ser como ele, quando nos colocamos diante de Deus, para fazer oração?
Mas há outro personagem no Evangelho deste domingo: um fariseu, que também fora ao Templo para rezar. A oração desse fariseu, porém, é bem diferente. Ele enumera a Deus todas as suas "qualidades", apresenta-se como bom e justo e "agradece" por não ser ruim e pecador como os outros. Se a humildade é um requisito da oração, as palavras desse fariseu não a possuem. Ele não ora a Deus, apenas fala consigo mesmo. Poderíamos dizer que se apresenta a Deus como um "sujeito de direitos" e pretende do Senhor que lhe dê tudo aquilo de que se acha merecedor, pois, sendo ele tão bom, é uma espécie de credor das bênçãos divinas.
Não se parece um tanto com as orações que frequentemente fazemos nos dias de hoje? Não é verdade que muitos de nós pensam ter, diante de Deus, todos os direitos e nenhum dever? Se não é assim, por que a fé de tantas pessoas está condicionada a verem atendidos todos os seus "pedidos" (que mais parecem exigências)? Por que, quando lhes parece que Deus não "escuta" as suas preces, abandonam a religião que supostamente professam, deixam a Igreja com grande facilidade?
A oração é um olhar lançado ao Céu, um olhar de quem se reconhece criatura e busca seu Criador, de quem tem total necessidade – nEle nos movemos, existimos e somos, já dizia São Paulo. A partir do pressuposto desse reconhecimento, podemos esperar de Deus que nos escute e que nos responda; que, a partir da nossa oração, manifeste em nossas vidas o Seu Amor e a Sua santíssima Vontade. Mas o fundamento da oração deve ser este que Jesus põe na boca do publicano: "Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador".
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