sábado, 31 de outubro de 2009

XXX Semana do Tempo Comum, sábado – Lc 14, 1.7-11

"Eu sou o que sou diante de Deus", já dizia um santo do século XX.

Deus sabe quem somos e o que há no mais profundo de nossos corações; conhece todos os nossos pensamentos, até os mais íntimos; vê a intenção com que realizamos todas as nossas ações. Para Deus, nada está oculto.

A "festa de casamento" significa o Reino dos Céus. No Reino, ninguém pode ocupar o lugar que não é seu. E os primeiros lugares estão reservados àqueles que mais e melhor serviram ao Senhor em suas vidas, com toda a humildade, isto é, reconhecendo o que verdadeiramente são: criaturas limitadas, imperfeitas, fracas, falíveis e pecadoras diante de seu Criador todo poderoso, infinitamente bom e justo, que é Amor.

Jesus incentiva, então, a que deixemos as honras para Deus e não busquemos senão a Sua glória em tudo o que fizermos. Que procuremos servir a Deus e aos homens, fazendo o bem a todos e buscando o bem de todos, sem desejarmos ser servidos ou receber honra própria. Que sejamos instrumentos discretos e silenciosos do Amor de Deus para a salvação dos demais. Que só de Deus esperemos recompensa e que esta seja Ele mesmo.

XXX Semana do Tempo Comum, sexta-feira – Lc 14, 1-6

Na maioria dos casos de curas realizadas por Jesus, no Evangelho, são os doentes que vão em busca do Senhor e Lhe pedem a cura. Mas nesta refeição, na casa do fariseu, o hidrópico não Lhe pede nada, é Jesus quem toma a iniciativa de curá-lo.

Se estamos sós, desanimados, sofrendo física ou espiritualmente, como o hidrópico do Evangelho, Jesus vem ao nosso encontro. Porque somos os Seus filhos caídos no poço e Ele não hesitará em vir socorrer-nos, mesmo que seja em "dia de sábado", ou seja, mesmo que a situação seja desfavorável, mesmo que estejamos longe dEle, mesmo que haja qualquer impedimento.

Pois mesmo se fôssemos tão valiosos quanto um boi, Ele não nos deixaria abandonados. Nós, porém, somos os Seus filhos amados, pelos quais Jesus deu a própria vida na cruz.Temos muito valor, porque somos filhos. Em Seu imenso Amor, nosso Senhor sempre vem em nosso socorro, ao encontro de nossas necessidades e continuamente vela por nós.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

XXX Semana do Tempo Comum, quinta-feira – Lc 13, 31-35

No Evangelho de hoje, Jesus afirma que fará tudo o que veio fazer (ensinar, curar, expulsar demônios) e que terminará o Seu trabalho (pela Paixão, Morte e Ressurreição, completando assim a obra da Redenção), "no terceiro dia".

Ou seja, o Senhor fará tudo o que deve fazer, sem deixar nada incompleto ou inacabado, e o fará no tempo estabelecido segundo os desígnios de Deus.

Nenhum poder humano conseguirá interromper o Seu trabalho. Ninguém poderá impedir Jesus de consumar a Salvação dos homens.

Entretanto, Jesus lamenta por Jerusalém. Não só pela Jerusalém daquele tempo, representativa da casa de Israel, que não quis recebê-lO. Na lamentação por Jerusalém o Senhor lamenta por todos os homens, de todos os tempos, que se recusam a recebê-lO na pessoa daqueles que Ele envia.

Jesus lamenta por todos os homens, em todos os tempos, de quem, em virtude de sua rejeição à Salvação que o Senhor lhes oferece, se poderá dizer: "eis que vossa casa ficará abandonada".

Quando nosso Senhor bater à nossa porta, não O rejeitemos. Não sejamos nós, para ele, motivo de lamentação. Pelo contrário: seja o nosso coração uma casa para Jesus, um lugar onde Lhe agrade habitar. Sejamos para Ele motivo de alegria, no dia em que vier nos visitar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Festa de São Simão e São Judas Tadeu, apóstolos – Lc 6, 12-19

Depois de libertar os hebreus da escravidão do Egito, quando ainda os conduzia pelo deserto, Deus chamou Moisés à montanha, ao monte de Deus, o Sinai, para dar-lhe a Lei, o conjunto dos seus mandamentos, e fazer dos hebreus um povo, o povo de Israel, o Povo de Deus.

A montanha, desde o Antigo Testamento, é o lugar da manifestação de Deus, para onde Ele chama os seus representantes quando quer lhes transmitir as ordens e as palavras mais importantes.

Da mesma forma como Moisés subiu a montanha para receber de Deus a Lei e transmiti-la ao antigo Povo de Deus, permanecendo a sós com Iahweh durante quarenta dias e noites, assim agora Jesus sobre sozinho a montanha, permanecendo a noite inteira com o Pai, em oração. Chama, então, para estar com Ele, doze entre os discípulos que O seguiam, para constituí-los apóstolos (enviados) e formar, a partir deles, o novo Povo de Deus, que é a Igreja.

Depois de fazer isso, Jesus desce a um "lugar plano", isto é, vai ao encontro da multidão que espera por Ele e que dEle necessita. Ensina a todos, dá-lhes a Sua Palavra, cura-os fisicamente de suas doenças e também lhes dá a cura espiritual, expulsando os demônios que os atormentavam.

Note-se, porém, que Jesus faz isso depois de ter escolhido os apóstolos. Por que não o faz antes? Para mostrar-nos que é através da Igreja, construída sobre o fundamento dos apóstolos, que o Senhor quer ensinar, alimentar, curar e conduzir o Seu Povo.

É por meio da Igreja que o Senhor chega a todos os homens, em todos os tempos, que vão à Sua procura e buscam nEle o remédio para as suas almas e a vida que não perece.

Jesus, através de Sua Igreja, continua até hoje ensinando, pregando a Palavra, curando física e espiritualmente, expulsando os demônios dos que por eles são atormentados.

A ação do Senhor não se realizou apenas há dois mil anos, na Palestina. Continua até hoje, em todos os lugares, atualíssima e atuante, onde se encontra a Igreja de Cristo.

Se alguém, hoje, quer ver Jesus, quer ir até Ele para ouvi-lO e para ser curado, como a multidão daquele tempo o fez, vá até a Igreja: procure a Igreja e encontrará o Senhor. A quem o procura de coração sincero e aberto, Jesus jamais decepciona.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

XXX Semana do Tempo Comum, terça-feira – Lc 13, 18-21

A porção de fermento, se comparada com a quantidade de farinha usada no cozimento do pão, é insignificante. Mas basta essa pequena quantidade, bem misturada à farinha e aos demais ingredientes, para que o pão cresça e se torne macio e gostos, agradável ao paladar, indispensável como alimento.

A pequena semente de mostarda, apesar da dimensão tão ínfima, discretamente se desenvolve e cresce, até tornar-se um arbusto tão grande que os passarinhos nele podem fazer seus ninhos.

O Reino de Deus tem, aparentemente, a pequena dimensão da semente de mostarda. Mas essa minúscula semente já foi semeada no jardim de Deus, que é a terra onde vivem os homens, Seus filhos, por Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem. No correr dos séculos, a semente se desenvolve e cresce, lenta e discretamente, até que se torne a grande árvore que a todos abriga.

Mas não só exteriormente o Reino de Deus cresce. Assim como o fermento, que se mistura à massa por dentro para dar gosto e fazer do pão verdadeiro alimento, o Reino de Deus entra no coração do homem, fermenta-o e nele cresce e se desenvolve, interiormente, até que o homem todo, até que toda a sua vida seja parte indivisível do Reino de Deus.

Sem triunfalismo, sem ostentação, devagar e em silêncio, o Reino de Deus cresce, no interior do homem, em todos os homens, na sociedade humana, segundo a Vontade do Senhor, até que tudo pertença ao Reino e tudo lhe esteja conformado.

Nessa medida do Reino, que começa pequenino e depois toma conta de tudo, devem entrar os nossos corações. Que também eles sejam "fermentados" pelo Reino de Deus e se tornem solo fértil para suas sementes de vida plena.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

XXX Semana do Tempo Comum, segunda-feira – Lc 13, 10-17

Todos os dias são dias em que Deus manifesta o Seu Amor e as Suas maravilhas entre os homens. A misericórdia de Deus se derrama sobre nós a cada momento.

Não pode o ser humano ter a presunção de determinar a ação de Deus ou dar-lhe limites. O homem, sim, porque é um ser contingente, precisa de tempo, ritmos, limites e regras.

Não foi por outro motivo que o Senhor, no tempo de Moisés, havia prescrito os dias de semana para o trabalho e o sábado para o descanso e para a adoração e o louvor de Deus: deve haver um tempo para cada coisa na vida humana, a fim de que o homem possa viver bem, com equilíbrio.

Mas se a prescrição de Moisés era ainda válida, no tempo de Jesus (tanto quanto é até hoje para os cristãos a prescrição do domingo), não por isso dever-se-ia esperar passar o sábado para manifestar-se o Amor e a Misericórdia divinas. O Filho do Homem, Jesus Cristo, é Senhor do sábado, como diria em outra ocasião.

Jesus não tira o valor e a importância do sábado (que, para os cristãos, passa a ser o domingo, por causa da ressurreição do Senhor). O que Ele condena é o ritualismo daqueles homens, que colocam a observância do sábado acima da compaixão humana e do amor ao próximo, do socorro às necessidades dos demais.

Não é possível deixar desatendido o irmão que bate à nossa porta em nome de um suposto amor a Deus que é, muito mais, um atender de nossa própria conveniência.

Jesus se identifica com aqueles que veio salvar (nós, os homens e as mulheres da terra). Por isso, a atitude que tivermos em relação ao outro, teremos em relação a Ele mesmo ("cada vez que o fizestes a um destes... a Mim o fizestes", "todas as vezes que o deixastes de fazer..., foi a Mim que o deixastes de fazer", cf. Mt 26, 40.45) e dará autenticidade ao nosso culto a Deus e à observância do domingo, o Dia do Senhor.

domingo, 25 de outubro de 2009

XXX Domingo do Tempo Comum - Mc 10, 46-52

Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho, isto é, estava à margem da vida: sua cegueira era considerada um castigo divino, dado em razão de um pecado seu ou de seus pais; também era maldição, pois o impossibilitava de ler a Torá, tornava-o impuro e impedia-o, por isso, de participar das cerimônias religiosas e de oferecer sacrifícios ou mesmo entrar no Templo de Jerusalém.

Mas Jesus passa por seu caminho e ele grita por piedade. Jesus, então, o cura e Bartimeu passa a seguir ao Senhor, tornando-se seu discípulo.

De que lhe adiantaria recuperar a visão física, se não fosse primeiro curado dos olhos da alma? Bartimeu joga fora o manto antes de lhe serem abertos os olhos do corpo, porque naquele instantes Jesus lhe concede o mais importante: a visão espiritual, sobrenatural, a visão da fé. Ainda cego, Bartimeu já pode ver com clareza Aquele que é o Senhor.

Não mais inerte, semimorto, à margem, Bartimeu abandona o "homem velho", a sua antiga vida de amaldiçoado, levanta-se e anda em direção a Jesus. Então recebe dEle a cura física.

Mas a cura de Bartimeu não termina aí. Aquele que há poucos segundos era cego já não pode mais voltar ao que deixou para trás, pois recebeu de Cristo uma vida nova. Começa, então, a segui-lO. Torna-se discípulo de Jesus.

O evangelista, depois, não fala mais de Bartimeu. Mas Jesus está subindo a Jerusalém para sofrer a Paixão, morrer e ressuscitar. Se Bartimeu tornou-se um discípulo fiel, seguiu o Senhor também em Seu caminho de dor.

No fundo, o itinerário de Bartimeu também é o de cada um de nós. Esse discípulo sem nome (diz o Evangelho apenas que é "filho de Timeu") começa sua jornada na escuridão, mas o encontro com Jesus leva-o à luz e ao seguimento do Senhor. O que aconteceu (e acontece conosco) depois está em aberto: o Senhor deixa livres os que ama, cura e chama, para que O amem e, nessa liberdade, continuem a segui-lO também nos momentos difíceis.

Virá o dia, para os que Lhe forem fiéis e perseverarem no Caminho, em que "Ele enxugará toda lágrima de seus olhos" (cf. Ap 21, 4).
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