quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"E os outros, onde estão?"

XXXII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Lc 17, 11-19


Parece estranho que somente um, entre os dez leprosos, se dê conta de ter ficado curado. Mais ainda quando se pode ver claramente que todos acreditaram na palavra de Jesus - que os mandou apresentarem-se ao sacerdote para a comprovação da cura - antes que fosse, de fato, curados.
Sim, todos pediram a compaixão de Deus. E todos tiveram fé em Sua palavra. Mas o reconhecimento e a gratidão, que são próprios da humildade, somente um deles demonstrou. E precisamente este recebeu também a cura da alma, ficando livre de seus pecados, porque amou o Senhor e "o amor cobre uma multidão de pecados".
Quem de nós é como este leproso, considerado ainda menos do que os outros, porque além de leproso era samaritano e, portanto, duas vezes maldito?
Nosso Senhor, por outro lado, não tem quaisquer obrigações para conosco (como não tinha para com os leprosos que a Ele recorreram em seu infortúnio). Não nos deve absolutamente nada. Pelo contrário, nós é que Lhe somos devedores: criou-nos, redimiu-nos e concede-nos muitíssimas graças, generosa e continuamente, sustentando nossa frágil existência e dando-nos a esperança do Céu.
Se não somos - a maioria de nós - leprosos no corpo, certamente todos o somos na alma. Somos portadores de uma lepra muito mais grave, que é o pecado.
Por causa disso, o que sofremos é justo. Saibamos, pois, ser reconhecidos e gratos ao Senhor, que nos cura e salva, por pura bondade, sem mérito algum de nossa parte.


Comentário feito por São Bruno de Segni (1045-1123), bispo

Purificados da lepra do pecado

«Enquanto iam a caminho ficaram purificados.» É preciso que os pecadores ouçam estas palavras e façam um esforço para as compreender. É fácil ao Senhor perdoar os pecados. Com efeito, o pecador é muitas vezes perdoado antes de ir ter com o sacerdote. Na realidade, fica curado no próprio momento em que se arrepende; qualquer que seja o momento em que se converte, passa da morte para a vida. [...] Que se lembre, porém, de que conversão se trata. E que escute o que diz o Senhor: «Mas agora, ainda, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes.» (Jl 2,12ss) Qualquer conversão deve, portanto, efetuar-se no coração.
«Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta.» Na realidade, este homem representa todos aqueles que foram purificados pelas águas do batismo ou curados pelo sacramento da penitência. Eles já não seguem o demônio mas imitam a Cristo, caminham atrás d'Ele glorificando-O e dando-Lhe graças e não deixam o Seu serviço. [...] «Jesus diz: 'Levanta-te e vai; a tua fé salvou-te'.» Grande é pois o poder da fé, pois «sem fé é impossível agradar a Deus» (Heb 11,6). «Abraão teve fé em Deus e isso foi-lhe tido em conta de justiça» (Rm 4,3). É, portanto, a fé que salva, a fé que justifica, a fé que cura o homem na sua alma e no seu corpo.

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