terça-feira, 29 de maio de 2012

"Eis que nós deixamos tudo e Te seguimos"

VIII Semana do Tempo Comum, terça-feira
Mc 10, 28-31


Pedro entende perfeitamente a mensagem de Jesus quanto ao desapego das coisas deste mundo. Compreende que Deus quer seu coração livre das coisas da terra. Mas não entende até onde vai esse desapego. Pedro ainda espera uma recompensa.
Jesus, conhecendo a imaturidade daquele que viria a ser o primeiro papa, responde-lhe que a recompensa virá, já neste mundo e, com uma glória maior, no outro, no Reino dos Céus. O Senhor não deixa os Seus discípulos desamparados, mas adianta-lhes o prêmio ainda nesta vida.
Mas aqueles que pretendem seguir a Jesus Cristo devem estar cientes de que não é possível fazê-lo, na vida presente, sem perseguições, sofrimentos e tribulações. Pois o discípulo não é maior do que o Mestre, nem o servo maior que o seu Senhor. Como Cristo sofreu e morreu antes de ressuscitar, do mesmo modo os que querem seguir Seus passos devem sofrer e morrer, para então viver na glória de Seu Reino.
No entanto, para receber a recompensa, é preciso deixar tudo. O Senhor enumera família e bens, aquilo que há de mais importante na vida de uma pessoa. E é preciso deixar tudo o que há de mais importante, por causa dEle. Ou seja, é preciso amá-lO mais do que todos e do que tudo, mais do que a si mesmo. É preciso que Ele, Jesus, reine em nosso coração e sobre nossas vidas e que nada reine sobre nós ou tome o nosso coração em Seu lugar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

"Vai, vende tudo o que tens... Depois vem e segue-Me"

VII Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Mc 10, 17-27

Por que Jesus disse "vende tudo o que tens", para só então convidar o jovem rico a segui-lO? Certamente porque o coração do jovem ainda estava apegado demais a coisas que o impediriam de amar Nosso Senhor com um amor exclusivo, "sobre todas as coisas", de todo o coração e com todo o ser.
O jovem já havia dito que cumpria todos os mandamentos, que os observava "desde a juventude". No entanto, se era exemplar no cumprimento da lei, não colocava nisso seu coração. A lei de Deus não passava, para ele, de meros preceitos a cumprir, obrigações sem finalidade, incapazes de levá-lo ao amor, o primeiro mandamento.
Por isso, quando Jesus o manda despojar-se de suas certezas, de suas seguranças, dos bens materiais e exteriores que o prendiam às coisas da terra e o mantinham longe de Deus, o jovem não se sente capaz. Volta as costas a Jesus e vai embora, com o coração triste, porque deixou para trás Aquele que era capaz de saciar a sua fome de felicidade, amarrando-se ainda mais fortemente à causa de sua tristeza, os bens que não quer deixar.
Também nós podemos ser como este jovem rico, apegados às coisas que colocamos em nosso coração no lugar que só pertence a Deus. A cada "esquina" de nossas vidas, o Senhor olha-nos com amor, como olhou um dia para aquele jovem e diz-nos o mesmo que a ele: "vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me". É como se nos dissesse: "Dá-me o teu coração, inteiro, sem reservas, e Eu te darei a felicidade plena, porque sou o Único que pode fazê-lo".
Resta-nos decidir se faremos como Pedro, Tiago, João, André, Mateus, Paulo... e outros tantos que venderam tudo o que tinham para ser ricos para Deus; ou se faremos como este jovem, que resolveu continuar sendo rico para si mesmo e muito pobre para Deus e, por isso, foi embora cheio de tristeza, que nada neste mundo poderia tirar.
Temos um consolo: a palavra de Cristo que nos diz que "para Deus nada é impossível".

domingo, 27 de maio de 2012

"Recebei o Espírito Santo"

Solenidade de Pentecostes
Jo 20,19-23


Jesus ressuscitado aparece pela primeira vez aos discípulos reunidos e, como primícias da Sua Ressurreição, promete-lhes enviar o Espírito Santo. Pelo mesmo Espírito, também lhes concede o poder de perdoar os pecados, aplicando aos homens os frutos da Redenção por Ele operada na cruz.
O Espírito Santo traz-nos o perdão e a Paz de Jesus. Por Ele, pois, podemos clamar ao Pai como filhos adotivos: "Abá"! Pois, como diz São Paulo, "o próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus" (Rm 8, 15-16).
Hoje, peçamos ao Senhor Jesus que, uma vez mais, derrame o Seu Espírito sobre toda a Igreja, de modo que se realize na vida de todos os seus membros (e, portanto, em nossas vidas) este grande mistério de Pentecostes, que hoje celebramos na liturgia com fé viva, esperança renovada e ardente caridade.
***
Dos Escritos sobre a Revelação e a Provação,
de Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem (século XVI)

Vinde, Espírito Santo

Verdadeiramente admirável sois Vós, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, ao fazer que Ele se infunda de tal modo na alma, que ela chegue a unir-se a Deus, conheça a Deus, saboreie Deus, e em nada se alegre fora de Deus.
O Espírito Santo desce à alma, marcado com o precioso selo do Sangue do Verbo, do Cordeiro imolado; mais ainda, é esse mesmo Sangue que o incita a descer, embora o Espírito já por Si tenha esse desejo.
O Espírito que assim deseja, é a substância do Pai e a substância do Verbo; procede da essência do Pai e do beneplácito do Verbo, vem como fonte que se difunde na alma, e a alma submerge-se n’Ele. Assim como dois rios, confluindo, de tal modo se misturam que o menor perde o seu nome e recebe o do maior, assim actua este Espírito divino, quando desce à alma para com ela Se unir. Mas é necessário que a alma, que é menor, perca o seu nome e o ceda ao Espírito Santo; e deve fazer isto transformando-se de tal modo no Espírito que se torne com Ele uma só coisa.
Porém, este Espírito, distribuidor dos tesouros que estão no coração do Pai e guarda dos segredos entre o Pai e o Filho, introduz-Se tão suavemente na alma que não se sente a sua vinda e, pela sua grandeza, poucos O apreciam.
Com a sua densidade e a sua leveza entra em todos os lugares que estão aptos e predispostos para O receber. Na sua palavra frequente, como também no seu profundo silêncio, é ouvido por todos; com impetuosidade e prudência, imóvel e mobilíssimo, penetra em todos os corações.
Não Vos ficais, Espírito Santo, no Pai imóvel e também não Vos ficais no Verbo; estais sempre no Pai e no Verbo, e em Vós mesmo, e em todos os espíritos bem-aventurados e nas criaturas. Sois necessário à criatura, por causa do Sangue derramado pelo Verbo Unigénito, o qual, pela veemência do amor, se tornou necessário à sua criatura. Repousais nas criaturas que se predispõem com pureza a receber em si, pela comunicação dos vossos dons, a vossa própria semelhança. Repousais nas almas que recebem em si os efeitos do Sangue do Verbo e se tornam habitação digna de Vós.
Vinde, Espírito Santo. Venha a união do Pai e o beneplácito do Verbo. Vós, Espírito da verdade, sois o prémio dos santos, o refrigério das almas, a luz das trevas, a riqueza dos pobres, o tesouro dos que amam, a abundância dos famintos, a consolação dos peregrinos; enfim, Vós sois Aquele que contém em Si todos os tesouros.
Vinde, Vós que, descendo a Maria, realizastes a Encarnação do Verbo, e realizai em nós, pela graça, o que n’Ela realizastes pela graça e pela natureza.
Vinde, Vós que sois o alimento de todo o pensamento casto, a fonte de toda a clemência, a plenitude de toda a pureza.
Vinde e transformai tudo o que em nós é obstáculo para sermos plenamente transformados em Vós.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Rogo... por aqueles que vão crer em Mim"

VII Semana do Tempo Pascal, quinta-feira
Jo 17, 20-26


Na súplica que faz ao Pai por Sua Igreja, antes de sofrer por amor dos homens, Jesus tem diante dos olhos todos os que, por causa do testemunho dos apóstolos, haverão de crer nEle, em todos os tempos e lugares.
Nosso Senhor não roga ao Pai por uma massa humana sem rosto e sem identidade, mas por cada um de nós. Ele nos via, a cada um, com suas dúvidas e inquietações, com nossas alegrias e esperanças. Via o caminho que percorreríamos para chegar até Ele, as graças que nos concederia, os atalhos e desvios que tomaríamos, nossas quedas e todas as vezes que haveríamos de levantar-nos, firmando-nos em Sua mão estendida com amor para nós.
Jesus também via e sabia, de cada um de nós, com nome e rosto, com quanto amor haveríamos de amá-lO ou com que ódio e desprezo Lhe daríamos as costas.
Ao rogar por nós, o Senhor afirma que somos tão amados pelo Pai quanto Ele, o Filho, é amado por Deus Pai. Por isso, pede que estejamos com Ele em Seu Reino e que possamos contemplar a Sua glória junto do Pai.
Em Sua oração, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, olha-nos, contempla-nos, pede ao Pai por nós...! Ele, o Senhor, deseja ser um conosco, viver em nós...!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Aparecerão lobos ferozes, que não pouparão o rebanho"

VII Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 17, 11-19


O apóstolo Paulo, ao despedir-se dos efésios (At 20, 28-38), avisa-os que, depois de sua partida, "aparecerão lobos ferozes que não pouparão o rebanho" e "homens com doutrinas perversas que arrastarão discípulos atrás de si".
Não só na Igreja de Éfeso, mas em todos os lugares onde a Igreja de Jesus Cristo plantou suas raízes e anunciou o Evangelho, os discípulos do Senhor sofreram ataques, perseguição e morte. Não só naquele tempo, mas em todos os tempos desde que a Igreja nasceu do lado aberto de Cristo na cruz, até hoje.
E os ataques não vêm só de fora, mas também e mais dolorosamente da parte daqueles que se diziam (dizem) seguidores de Jesus e obedientes à doutrina que lhes fora transmitida pelos apóstolos.
Porque muitos há que, estando na Igreja, promovem a divisão e introduzem "doutrinas perversas", a fim de fazer perder os filhos de Deus: esses são os filhos das trevas, que rejeitam a Luz que veio ao mundo, Jesus Cristo, nosso Senhor, para que não se manifeste que suas obras são más (cf. Jo 3, 19-20) e que eles são filhos do diabo e fazem as obras de seu pai, que é mentiroso e homicida desde o princípio (cf. Jo 8, 44).
Por isso, o Senhor, antes de passar deste mundo para o Pai, pede-Lhe que nos guarde, a nós, que.somos a Sua Igreja, para que não nos percamos e para que sejamos um em Cristo, como Ele e o Pai são um, conservando a unidade. Pois deve haver "um só rebanho e um só Pastor" (cf. Jo 10, 16), Jesus Cristo, Senhor nosso.
Mas é preciso que estejamos preparados. A unidade virá, mas a Igreja precisa, antes, sofrer a sua paixão, tal como seu Senhor, para ser "consagrada na verdade". E há de sofrê-la, em todos os seus membros. Pois o mundo nos rejeita e nos traz aflições. E o Senhor não pediu ao Pai que nos tirasse do mundo, mas, sim, que nos guardasse do Maligno. Ele mesmo, porém, já nos havia dito: "tende confiança, Eu venci o mundo" (Jo 16, 33).

segunda-feira, 21 de maio de 2012

"Credes agora? Eis que vem a hora em que vos dispersareis..."

VII Semana do Tempo Pascal, segunda-feira
Jo 16, 29-33
Os discípulos mostram-se pretensiosos: ouviram as palavras de Jesus sobre a Sua volta ao Pai, não compreenderam inteiramente o seu alcance e pensam já possuir uma fé plena e amadurecida.
Mas o Senhor os adverte que a sua fé será provada - quando Ele, Jesus, for preso, sofrer e morrer na cruz diante de seus olhos estarrecidos e aterrorizados - e que, nessa hora, eles se mostrarão fracos, "homens de pouca fé", e O abandonarão, deixando-O só.
Apontando para um horizonte mais além, Jesus avisa aos discípulos que, no mundo, sempre terão sofrimentos e provas. Eles, que estão no mundo mas não pertencem ao mundo, devem sofrer a "sua paixão", tal como seu Mestre e Senhor. Mas, permanecendo nEle, em Seu Amor, e guardando a Sua Palavra, serão vencedores do mundo, assim como Jesus é o vencedor do mundo.
A nós, sucede o mesmo que aos discípulos. Sempre pensamos compreender tudo, estar "no controle da situação". Presumimos ter uma fé madura e consciente, sempre que estamos tranquilos. Mas quando Jesus nos visita e prova a nossa fé, permitindo que tenhamos tribulações da parte do mundo e soframos um pouco, fugimos da cruz que Ele nos oferece com tanto amor, nos dispersamos e deixamos só a nosso Senhor.
Reconheçamos, com humildade, que a nossa fé é pequena e fraca, infantil mesmo, para que o Senhor, pelo Espírito Santo, nos aumente e amadureça a fé. Então, quando chegar a hora da cruz, ela já não pesará tanto. Terá o peso do amor. E seremos, em Jesus Cristo, vencedores do mundo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"O Espírito vos conduzirá à verdade plena"

VI Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Jo 16, 12-15

O Espírito Santo, enviado por Cristo que volta para o Pai, abre os "olhos", o coração e a mente dos discípulos para a compreensão de tudo quanto o Senhor lhes havia dito enquanto estava com eles.
A Voz do Espírito não ressoa nos ouvidos, mas na alma e no coração do homem. E não somente para os apóstolos de então, mas para todos os discípulos de Jesus Cristo, na Igreja, em todos os tempos e até o fim. O Espírito Santo torna perene a revelação do Senhor, que permanece conosco "até o fim do mundo", conforme a Sua promessa.

* * *

A «chave do conhecimento» (Lc 11,52) não é senão a graça do Espírito Santo, que é dada pela fé. Pela iluminação, ela produz um conhecimento muito real, e mesmo o conhecimento completo. Ela abre o nosso espírito fechado na obscuridade, muitas vezes com parábolas e símbolos, mas também com declarações mais claras. (...) Prestai pois muita atenção ao sentido espiritual da palavra. Se a chave não for adequada, a porta não se abrirá. Porque, disse o Bom Pastor, «é a ele que o porteiro abre» (Jo 10,3). Mas, se a porta não se abrir, ninguém entra na casa do Pai, porque Cristo disse: «Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14,6).
Ora, é o Espírito Santo Quem primeiro abre o nosso espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e ao Filho. Cristo disse-nos: «O Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, dará testemunho a Meu favor, e guiar-vos-á a toda a verdade» (Jo 15,26; 16,13). Vede como, pelo Espírito, ou melhor, no Espírito, o Pai e o Filho Se dão a conhecer inseparavelmente. (...)
Se chamamos ao Espírito Santo uma chave, é porque é primeiramente por Ele e nEle que o nosso espírito é iluminado. Uma vez purificados, somos iluminados pela luz do conhecimento. Somos batizados do alto, recebemos um novo nascimento e tornamo-nos filhos de Deus, como disse São Paulo: «O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rom 8,26). E ainda: «Deus enviou aos nossos corações o Espírito que clama: 'Abba, Pai'» (Gal 4,6). É por conseguinte Ele que nos mostra a porta, porta que é luz, e a porta ensina-nos que Aquele que habita esta casa é também luz inacessível.
Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022)
Monge grego, santo das Igrejas Ortodoxas

terça-feira, 15 de maio de 2012

"É bom para vós que Eu parta"

VI Semana do Tempo Pascal, terça-feira
Jo 16, 5-11
O Senhor, reunido com os discípulos na Última Ceia, prepara-os para os próximos acontecimentos. Pois Ele ressuscitará, mas eles, não sabendo disso (porque não haviam compreendido o que Jesus lhes dissera a respeito da ressurreição), precisarão primeiro suportar o escândalo de Seu sofrimento e de Sua morte na cruz.
Jesus vai partir, vai passar deste mundo para o Pai. Os discípulos, que deverão vê-lO passar primeiro pela cruz, depois também hão de vê-lO passar para o Céu na Ascensão. E o Senhor não mais estará fisicamente presente entre eles (ainda que até hoje permaneça conosco, conforme a Sua promessa, todos os dias até o fim do mundo, tanto espiritualmente quanto sacramentalmente, pela Eucaristia).
Mas era preciso que Jesus partisse, para que a Sua Humanidade não nos limitasse e o Espírito Santo pudesse vir para nos impulsionar a fazermos a nossa páscoa, a nossa passagem deste mundo para o Pai. Pois para isso fomos criados.
Jesus foi preparar-nos um lugar na casa do Pai; nós, guiados pelo Espírito Santo, unidos à Igreja, "caminhamos nas estradas do mundo rumo ao Céu, cada dia renovando a esperança de chegar junto" ao Senhor no Seu Reino.
E o Espírito Santo, que fala na Igreja e por meio dela, anuncia sem cessar ao mundo: que o adversário, o diabo, já foi condenado; que Jesus, por Sua Paixão, Morte e Ressurreição, cumpriu "toda a justiça" e, tendo vencido o antigo inimigo, foi glorificado junto do Pai; e que é preciso crer em Jesus Cristo e guardar a Sua Palavra, a fim de permanecer no Seu Amor e morrer para o pecado. 
Hoje, pois, quando ouvirmos a voz do Espírito que nos fala pela Igreja, não fechemos o nosso coração.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

"Não fostes vós que Me escolhestes"

VI Semana do Tempo Pascal, segunda-feira
Festa de São Matias, apóstolo
Jo 15, 9-17


Jesus nos ama do mesmo modo como é amado pelo Pai. O vínculo de amor que une o Pai e o Filho, Ele o estende a nós. E revela que a união de vontades entre Ele e o Pai ("eu guardei os mandamentos do meu Pai...") é o que mantém esse vínculo ("... e permaneço no Seu Amor"). Portanto, se fizermos o mesmo, unindo a nossa vontade com a Sua Vontade ("... se guardardes os meus mandamentos..."), estaremos ligados a Ele, Jesus, do mesmo modo que o Senhor está ligado ao Pai ("... permanecereis no meu amor").
Essa união íntima e estreita, essa identificação total de nosso ser com Jesus, o Verbo feito carne, e com o Pai, pelo Amor, é, em primeiro lugar, uma escolha divina, uma eleição de Deus, não nossa: "não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi". Feito o chamado a viver e permanecer em Seu Amor, Jesus espera a nossa resposta. Aceitar o Seu Amor só pode significar uma coisa: amar em resposta, unindo a nossa vontade à dEle e, por meio de Cristo, à Vontade do Pai.
E o Amor de Deus, que habitará em nossos corações, também nos levará ao amor dos irmãos, pois o Amor que une o Pai e o Filho e se estende a nós deve propagar-se para formar a Comunidade de Amor, a Igreja.
Unidos ao Pai, pelo Filho, no Amor, não poderemos querer nada contrário à Vontade de Deus e, nEle, teremos tudo e tudo nos será concedido.


São Matias, conforme o livro dos Atos dos Apóstolos, foi o escolhido para ser apóstolo no lugar de Judas, de modo que o número dos apóstolos permanecesse sendo doze (pois os apóstolos são os patriarcas do novo Povo de Deus, como os doze filhos de Jacó no Antigo Testamento eram os "pais" das doze tribos de Israel). Em At 1, 15-26 lemos a narração dessa escolha. José Barsabás e Matias conviveram com o Senhor desde o batismo de João até a Ascensão e foram testemunhas da ressurreição de Jesus. A escolha divina recaiu sobre Matias.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Em Cristo, Somos Feitos Amigos de Deus

V Semana do Tempo Pascal, sexta-feira
Jo 15, 12-17



A poucos personagens do antigo Israel a Escritura chama "amigos de Deus": Abraão, Moisés... Jesus Cristo, porém, diz que serão Seus amigos todos os que Lhe obedecem. E no que é preciso obedecer-Lhe? "Amai-vos uns aos outros , assim como Eu vos amei" e isto significa, de diversas formas, dar a vida pelos outros, do mesmo como Ele, o Senhor, deu a vida por todos nós.
O Senhor nos escolheu. Ele espera que, pelo amor, produzamos frutos de vida eterna, dos quais Ele mesmo é a garantia de perenidade.
Mas o amor é sempre uma proposta, nunca uma imposição. Por isso é que Deus nos amou primeiro, para tornar-nos capazes de amá-lO em retribuição e resposta ao Seu Amor.
Jesus aguarda a nossa resposta. Mas ela deve ser dada na liberdade (porque o amor só é verdadeiro se for livre), na medida em que cumprimos - livremente - o Seu mandamento do amor, amando-nos uns aos outros como Ele nos amou e dando a nossa própria vida por amor, sem reservas.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Não se perturbe o vosso coração"

IV Semana do Tempo Pascal, sexta-feira
Jo 14, 1-6
As palavras de Jesus na ceia, ditas em tom de despedida, deixaram os discípulos confusos e perturbados, embora nenhum deles fosse capaz de imaginar o que ia acontecer em seguida - a Paixão, a Morte e a Ressurreição do Senhor.
Nós, hoje, também nos sentimos frequentemente aflitos, confusos e perturbados, seja pelas provações que experimentamos em nossas próprias vidas, seja pela perseguição e pelos sofrimentos infligidos à Igreja (a todos os cristãos) no mundo inteiro.
Por isso, o que Jesus disse naquele tempo aos discípulos, torna a dizer, hoje, para nós: "não se perturbe o vosso coração". Há lugar para nós na casa do Pai, Ele nos garante, se crermos no Filho, o Enviado do Pai.
Porque não há outro caminho para o Reino de Deus, senão Jesus. Acima de todas as pseudo-verdades com as quais somos confrontados todos os dias, Jesus é a única Verdade. E somente Jesus pode dar-nos a Vida em plenitude.
Então, que o nosso coração não se perturbe. Realizemos, com Ele, a nossa páscoa, isto é, a nossa passagem deste mundo para o Pai. Inseridos que estamos, pelo Batismo, no mistério de Sua Morte e Ressurreição, precisamos passar por sofrimentos para chegar à Vida, do mesmo modo que Ele, Jesus, passou em primeiro lugar e por todos nós. Depois, se Lhe tivermos sido fieis, o nosso coração se alegrará e ninguém nos tirará a nossa alegria (cf. Jo 16, 22).

quarta-feira, 2 de maio de 2012

"Eu vim ao mundo como Luz"

IV Semana do Tempo Pascal, quarta-feira
Memória de Santo Atanásio de Alexandria, bispo e doutor da Igreja
Jo 12,44-50
Jesus é o Logos, o Verbo eterno que veio ao mundo para expressar-nos o Pai. Ele é Um com o Pai, de tal forma que o mandamento do Pai é para Ele vida. A vontade de Jesus é plenamente identificada com a vontade do Pai.
Assim também deve ser a nossa relação com Deus Pai, por Jesus Cristo. É preciso que a nossa vontade humana esteja de tal modo identificada com a Vontade divina que o mandamento de Deus se torne a nossa vontade e nossa própria vida. Não como algo que nos vem de fora, mas a referência e o centro de nosso ser.
Cremos em Jesus Cristo, o enviado do Pai (e, portanto, no Pai que O enviou), se fazemos da Sua Palavra - o mandamento do Pai - a própria vida para nós. Assim brilha em nossa vida a Luz de Cristo e já não estamos mais mergulhados nas trevas da morte.
Mas é preciso escutar a Palavra e guardá-la no coração, observando-a e vivendo dela. Aquele que ouve a Palavra da Verdade e a rejeita será por ela julgado, pois "preferiu as trevas à Luz, porque suas obras eram más" (cf. Jo 3, 19-20).

terça-feira, 1 de maio de 2012

"Não é Ele o Filho do Carpinteiro?"

Memória de São José Operário (esposo de Maria e pai adotivo de Jesus Cristo)
Mt 13, 54-58
E o filho do carpinteiro não pode fazer milagres? E Deus não pode servir-Se dos instrumentos que quer para fazer cumprir a Sua Vontade?
Mais do que a posição social ou a riqueza e o poder, que são nada para Deus, Ele vê o coração do homem. E José, diz o Evangelho, "era um homem justo", isto é, buscava de todo o coração fazer a Vontade de Deus, colocando-a sempre em primeiro lugar. José, então, era um homem fiel e temente a Deus.
Por isso, Jesus, mesmo sendo o Filho de Deus, não se envergonha de ter tido José por pai adotivo na terra, nem de ser chamado "o filho do carpinteiro".
Porque José, o carpinteiro, amou e serviu a Jesus, seu filho adotivo e também seu Senhor e Deus, de todo o coração e cumpriu com perfeição o plano de Deus a seu respeito.
Seja São José para nós, hoje, exemplo de obediência, de humildade e de fidelidade a Deus, mesmo nas pequenas coisas e no trabalho de cada dia.
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