quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"Levantai-vos e erguei a cabeça"

XXXIV Semana do Tempo Comum, quinta-feira
Lc 21, 20-28


Assim como padeceu a Cabeça, do mesmo modo deve padecer todo o Corpo e cada um de seus membros. Pois "o discípulo não está acima do Mestre, nem o servo acima do seu Senhor" (Mt 10, 24).
Como Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu a Paixão e a Morte, para então ressuscitar, assim deve acontecer com a Igreja, que é o Seu Corpo, e com todos e cada um de nós, que somos os seus membros.
A Igreja só chegará à plenitude da glória que lhe está reservada como Esposa imaculada de Cristo depois que sofrer o aniquilamento e a aparente derrota, tal como aconteceu ao seu Esposo e Senhor.
Nenhum de nós, membros de Cristo, poderá participar do banquete das eternas núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9) se não tiver, antes, participado de Sua Cruz e lavado as vestes (purificado a alma) em Seu Sangue.
A perseguição por causa da fé, a tribulação causada pelos que nos odeiam porque pertencemos a Cristo, isso tudo nos deve atingir para que possamos ser testemunhas (mártires) de Seu Nome até os confins da terra e até o fim dos tempos.
No entanto, temos um consolo e uma certeza: o Senhor virá "com grande poder e glória". Por isso, as dificuldades que nos são anunciadas não nos devem amedrontar, mas alegrar-nos, porque Ele, Jesus, é o vencedor do mundo (cf. Jo 16, 33). A nossa libertação das amarras deste mundo está próxima! E tudo o que tivermos sofrido por causa do Nome do Senhor será motivo de grande alegria para nós!

sábado, 24 de novembro de 2012

"Todos vivem para Ele"

XXXIII Semana do Tempo Comum, sábado
Memória dos mártires vietnamitas Santo André Dung-Lac, sacerdote, e seus companheiros
Lc 20, 27-40

A morte não é um cessar da existência. Separam-se a alma e o corpo, rompe-se a unidade de que somos feitos, como consequência última do pecado de nossos primeiros pais, que corrompeu a nossa natureza.
Mas se o corpo se desfaz até tornar-se pó, para ressuscitar somente no dia do Juízo Universal, a alma - imortal - já segue para o seu destino eterno, depois de comparecer perante o Senhor, Juiz justo e misericordioso, naquilo que se chama Juízo Particular.
Quando, então, saímos desta vida (a qual vivemos em corpo e alma) já passamos para as realidades eternas (seja o Céu ou o Inferno, a salvação ou a condenação eternas), embora não as vivamos em plenitude, porque a alma estará ainda à espera do corpo, que se lhe vai juntar novamente no último dia.
Nosso Senhor alerta, pois, que as realidades últimas superam em muito as desta vida e que não podemos supor que o Céu é uma vida igual a que temos na terra, apenas sem sofrimento, ou que o Inferno é apenas uma versão piorada daquilo que já conhecemos aqui.
Quem pensa no Céu com anjinhos sentados em nuvens com harpas nas mãos (monótono, chato) ou no Inferno como o retratam alguns comerciais de televisão (divertido e prazeroso), não só debocha de nosso destino final como tem dele uma visão infantil. Pensar assim é o mesmo que dizer que o que somos e experimentamos nesta vida não tem nenhuma consequência.
Pelo contrário: aquilo que fazemos de nós mesmos na terra será a nossa vida para sempre, seja no Céu, seja no Inferno. E depende de nossa própria escolha.
Quanto mais plenamente amarmos a Deus nesta vida, mais plena e perfeitamente felizes seremos com Ele no Céu, porque teremos atingido o fim para o qual fomos criados, que é a participação na felicidade perfeita de nosso Criador.
E quanto mais radicalmente rejeitarmos a Deus nesta vida, mais odiaremos e sofreremos no Inferno, onde não há (e nem pode haver) nenhum bem e nada que seja bom - apenas ódio, dor, angústia e desespero completos. Estaremos vivendo o absurdo e o vazio de uma existência sem sentido e fracassada, que virou as costas a seu Senhor, por quem e para quem se vive.
Recebemos de Deus o presente, a dádiva de uma vida transitória, na qual podemos construir, edificar, semear o que seremos em definitivo, na eternidade.
Aproveitemos esse tempo que nos é dado, sem desperdiçá-lo com fantasias pueris que só servem para a ilusão de uma fuga inútil da realidade que, a cada dia, se aproxima mais de nós.
***

Catecismo da Igreja Católica, número 996 a 1000

Desde o início que a fé cristã na ressurreição tem sido alvo de incompreensões e oposições. «Não há nenhum outro tema da fé cristã que seja objecto de mais contradição do que a ressurreição da carne» (Santo Agostinho). É muito comumente aceite que, após a morte, a vida da pessoa humana continue de forma espiritual. Mas como acreditar que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida eterna?
O que é «ressuscitar»? Na morte, a separação da alma e do corpo, o corpo do homem entra em corrupção enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser reunida com o seu corpo glorificado. Deus Todo-Poderoso dará definitivamente a vida incorruptível ao nosso corpo, unindo-o à nossa alma através do poder da ressurreição de Jesus.
Quem ressuscitará? Todos os homens que morreram: «Os que tiverem praticado boas obras sairão, ressuscitando para a vida, e os que tiverem praticado o mal hão-de ressuscitar para a condenação» (Jo 5,29).
Como? Cristo ressuscitou com o Seu próprio corpo: «Vede as Minhas mãos e os Meus pés; sou Eu mesmo» (Lc 24,39); mas Ele não regressou a uma vida terrena. Do mesmo modo, n' Ele «todos ressurgirão com o próprio corpo que têm agora» (Concílio de Latrão IV), mas esse corpo será «tornado conforme ao Seu corpo glorioso» (Fl 3,21), um «corpo espiritual» (1Co 15,44). «Mas dirá alguém: Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo voltam eles? Insensato! O que semeias não toma vida se primeiro não morrer. E o que semeias não é o corpo que há-de vir, mas um simples grão de trigo, por exemplo. [...] Semeia-se na corrupção e ressuscita-se na incorrupção [...]; os mortos ressuscitarão incorruptíveis. [...] É necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista de imortalidade» (1Cor 15,35-53). Este «como» ultrapassa a nossa imaginação e a nossa compreensão; só é acessível pela fé. Mas a nossa participação na Eucaristia dá-nos já um antegosto da transfiguração do nosso corpo por Cristo: «Assim como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de Deus, não é mais pão comum mas Eucaristia, constituída por duas realidades, uma terrena e a outra celeste, da mesma forma o nosso corpo que participa da Eucaristia deixa de ser corruptível, pois têm a esperança da ressurreição» (Santo Irineu).
Quando? Definitivamente, «no último dia» (Jo 6,39-40), «no fim do mundo». Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia (segunda vinda) de Cristo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

"Não reconheceste o tempo em que foste visitada"

XXXIII Semana do Tempo Comum, quinta-feira
Memória de Santa Cecília, virgem e mártir
Lc 19, 41-44


Essa mesma cidade, Jerusalém, sobre a qual Jesus chora e lamenta, seria destruída pouco tempo depois, no ano 70 d.C., pelas legiões romanas. O imperador cansara-se daquele povo sempre rebelde e mandou destruir sua cidade sagrada e seu templo, dispersando-os pela face da terra (essa dispersão dos judeus ficou conhecida como diáspora).
Jerusalém, na pessoa dos sumo-sacerdotes e mestres da lei, não reconhece Jesus como o Messias prometido a Israel e rejeita-O. Em consequência disso, é deixada à própria sorte e acaba por ser destruída. Tudo o que restou do Templo de Jerusalém, glória e esplendor da cidade de então, foi um muro, que hoje conhecemos por Muro das Lamentações.
Mas o que fala o Senhor a respeito de Jerusalém - "não deixarão em ti pedra sobre pedra (...) porque não reconheceste o tempo em que foste visitada" - não poderia aplicar-se também a nós e a nossas vidas?
Porque muitas vezes o Senhor nos visita e de muitos modos. Talvez, mais frequentemente, pela dor, para que recorramos a Ele, reconhecendo a nossa impotência, a nossa pequenez, abatendo nosso orgulho e reconhecendo nossa condição de criaturas diante do Criador, em tudo dependentes dEle.
Como diz o Senhor, diante da cidade de Jerusalém, Ele é o único que nos pode trazer a paz. Se não O reconhecemos quando nos visita, se O rejeitamos, que paz podemos esperar? O que nos aguarda, senão o mesmo destino da cidade de Jerusalém?
O Senhor Jesus vem visitar-nos, incansavelmente, durante o tempo que nos é dado viver, para que O reconheçamos. Ele espera e deseja o nosso amor. E certamente não quer chorar sobre nós.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"Jesus parou e mandou que levassem o cego até Ele"

XXXIII Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Memória de São Roque González, Santo Afonso Rodriguez e São João Del Castillo, sacerdotes e mártires
Lc 18, 35-43


Era só um cego "sentado à beira do caminho, pedindo esmolas". Só um cego mendigo, um ninguém. Alguém que só podia ouvir o ruído da multidão, mas era incapaz de acompanhá-la para saber o que acontecia. Alguém à margem da vida, que não tinha nenhuma importância.
Mas, por causa desse ninguém, Jesus parou. Podia ter seguido o Seu caminho, mas interrompeu-o porque ouviu os apelos, mais ainda, escutou o clamor daquele cego e teve compaixão.
Assim como esse cego, estávamos todos nós: à beira do caminho da verdadeira Vida e incapazes de tomar o rumo que conduz a ela, porque não podíamos ver. Como diz um dos prefácios eucarísticos, "perdidos e incapazes de Vos encontrar".
Mas, ao passar por onde estávamos, o Senhor, que sempre esteve perto de nós, teve compaixão. Escutou nosso clamor e restitui-nos a visão. Agora podemos ver o Caminho, que é Ele mesmo, segui-lO e louvá-lO como fez o cego curado, até chegar ao Seu Reino, nos Céus.
Se ainda alguns sentem-se à margem da estrada, sem poder ver, basta que clamem ao Senhor que passa. Se o fizerem com todo o coração, Ele certamente vai parar para perguntar-lhes: "o que queres que Eu faça por ti?"

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"E os outros, onde estão?"

XXXII Semana do Tempo Comum, quarta-feira
Lc 17, 11-19


Parece estranho que somente um, entre os dez leprosos, se dê conta de ter ficado curado. Mais ainda quando se pode ver claramente que todos acreditaram na palavra de Jesus - que os mandou apresentarem-se ao sacerdote para a comprovação da cura - antes que fosse, de fato, curados.
Sim, todos pediram a compaixão de Deus. E todos tiveram fé em Sua palavra. Mas o reconhecimento e a gratidão, que são próprios da humildade, somente um deles demonstrou. E precisamente este recebeu também a cura da alma, ficando livre de seus pecados, porque amou o Senhor e "o amor cobre uma multidão de pecados".
Quem de nós é como este leproso, considerado ainda menos do que os outros, porque além de leproso era samaritano e, portanto, duas vezes maldito?
Nosso Senhor, por outro lado, não tem quaisquer obrigações para conosco (como não tinha para com os leprosos que a Ele recorreram em seu infortúnio). Não nos deve absolutamente nada. Pelo contrário, nós é que Lhe somos devedores: criou-nos, redimiu-nos e concede-nos muitíssimas graças, generosa e continuamente, sustentando nossa frágil existência e dando-nos a esperança do Céu.
Se não somos - a maioria de nós - leprosos no corpo, certamente todos o somos na alma. Somos portadores de uma lepra muito mais grave, que é o pecado.
Por causa disso, o que sofremos é justo. Saibamos, pois, ser reconhecidos e gratos ao Senhor, que nos cura e salva, por pura bondade, sem mérito algum de nossa parte.


Comentário feito por São Bruno de Segni (1045-1123), bispo

Purificados da lepra do pecado

«Enquanto iam a caminho ficaram purificados.» É preciso que os pecadores ouçam estas palavras e façam um esforço para as compreender. É fácil ao Senhor perdoar os pecados. Com efeito, o pecador é muitas vezes perdoado antes de ir ter com o sacerdote. Na realidade, fica curado no próprio momento em que se arrepende; qualquer que seja o momento em que se converte, passa da morte para a vida. [...] Que se lembre, porém, de que conversão se trata. E que escute o que diz o Senhor: «Mas agora, ainda, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes.» (Jl 2,12ss) Qualquer conversão deve, portanto, efetuar-se no coração.
«Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta.» Na realidade, este homem representa todos aqueles que foram purificados pelas águas do batismo ou curados pelo sacramento da penitência. Eles já não seguem o demônio mas imitam a Cristo, caminham atrás d'Ele glorificando-O e dando-Lhe graças e não deixam o Seu serviço. [...] «Jesus diz: 'Levanta-te e vai; a tua fé salvou-te'.» Grande é pois o poder da fé, pois «sem fé é impossível agradar a Deus» (Heb 11,6). «Abraão teve fé em Deus e isso foi-lhe tido em conta de justiça» (Rm 4,3). É, portanto, a fé que salva, a fé que justifica, a fé que cura o homem na sua alma e no seu corpo.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

"Somos servos inúteis..."

XXXII Semana do Tempo Comum, terça-feira
Lc 17, 7-10


Não nos julgamos, nós, os senhores de nossas vidas? Não agimos como se Deus nos devesse favores? Não ousamos levantar os olhos para o Céu pedindo contas a Deus daquilo que acontece a nós e aos outros, como se não tivéssemos qualquer responsabilidade, como se não tivéssemos livre-arbítrio, como se não escolhêssemos agir contra a Vontade de Deus com más consequências para nós e para os demais?
Quem somos nós para pedirmos satisfações a Deus? Não passamos de meras criaturas, a quem Deus livremente, por pura bondade, criou para sermos felizes partilhando de Sua Vida bem-aventurada. Nossa felicidade está, pois, em servir a Deus.
Enquanto olharmos para nós mesmos como senhores, não podemos ser felizes. Porque, diante de Deus, ninguém é senhor. Jesus Cristo é o único Senhor. Ele, no entanto, rebaixou-Se a servir-nos (cf. Fl 2, 2-11).
Coloquemo-nos, pois, diante de Deus como servos que somos e busquemos fazer, em tudo e unicamente, a Sua Vontade. Não teremos feito mais do que nossa obrigação, mas Ele, porque é bom, nos recompensará com a felicidade verdadeira e sem fim.



Do Evangelho Quotidiano

De Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (África), doutor da Igreja

O serviço humilde

Antes da vinda do Senhor Jesus, os homens gloriavam-se de si próprios. Ele veio como homem para que diminuísse a glória do homem e crescesse a glória de Deus. Porque Ele veio sem pecado e nos encontrou a todos pecadores. Se Ele veio para perdoar os pecados, é porque Deus é misericordioso: compete ao homem reconhecê-lo. Porque a humildade do homem está nesse reconhecimento, e a grandeza de Deus na sua misericórdia.
Se Ele veio perdoar ao homem os seus pecados, que o homem tome consciência da sua pequenez e de que Deus exerce a Sua misericórdia. «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3,30). Ou seja: é necessário que Ele dê e que eu receba; que Ele tenha a glória e que eu a reconheça. Que o homem entenda qual é o seu lugar, que reconheça Deus e escute o que o apóstolo Paulo diz ao homem soberbo e orgulhoso que pretendia superiorizar-se: «Que tens tu que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias como se não o tivesses recebido?» (1 Cor 4,7). Que o homem que queria chamar seu ao que não era dele compreenda pois que o recebeu e se faça pequenino, porque é bom para ele que Deus seja glorificado nele. Que se diminua pois em si mesmo, para que Deus cresça nele.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

"Se teu irmão pecar, repreende-o..."

XXXII Semana do Tempo Comum, segunda-feira
Memória de São Josafá, bispo e mártir
Lc 17, 1-6

É muito comum lermos ou escutarmos reflexões a respeito deste trecho do Evangelho segundo Lucas que tratam apenas do aspecto do perdão - ilimitado e condicionado apenas ao arrependimento. Muito importante, sem dúvida.
Mas é preciso lembrar que o Senhor, antes de falar do perdão, ensina sobre a gravidade do escândalo e, logo em seguida, sublinha a necessidade da correção fraterna, através da repreensão.
Sabermos dimensionar a gravidade do escândalo é muito importante, hoje em dia, pois parece que esquecemos de proteger os mais fracos na fé desse mal tão grande. As ovelhinhas do rebanho do Senhor são expostas, para que se proteja e até mesmo se oculte os pecados dos pastores.
Os que estão colocados à frente da comunidade causam um grande mal quando não são repreendidos, quando se compactua com os seus erros e pecados.
A repreensão, porém, é a expressão máxima da caridade, pois é através dela que as pessoas podem dar-se conta do quanto ofenderam ao Senhor e prejudicaram a Igreja. E, nesse movimento de compreensão do mal causado, podem cair em si, arrepender-se e voltar atrás em seus passos, como o filho pródigo quando resolve dizer ao pai: "pequei contra o Céu e contra ti". Porque é apenas o arrependimento que dá espaço ao perdão e ao retorno à Casa do Pai.
Deus está sempre disposto a perdoar e ensina-nos a fazer o mesmo - abrir-nos ilimitadamente ao perdão. Mas perdoar não significa tolerar o mal ou deixar de corrigir. Pelo contrário: como expressão de amor, o perdão exige o arrependimento, para que o ofensor converta-se de seu pecado e pare de fazer mal a si mesmo e aos outros.
Nosso Senhor não minimizou o impacto do escândalo. Afirmou, pelo contrário, que seria melhor afogar aquele que produz escândalo, antes que fosse capaz de fazê-lo. É uma afirmação dura, mas necessária, por amor dos pequeninos.
Portanto, se o Senhor não quis ser tolerante e nem proteger os que causam escândalos, não sejamos nós a fazê-lo, pelo bem da Igreja. Movidos por uma verdadeira e ardente caridade, exerçamos também a repreensão, a correção fraterna que o Senhor nos exige.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ninguém ofereceu mais do que ela...

XXXII Domingo do Tempo Comum
Mc 12, 38-44


A viúva - pobre e desvalida - é a imagem da humanidade. O que é o homem senão uma criatura fraca, frágil, insegura, que vive e se debate em meio a realidades que não pode compreender e dar quais, conforme lhe concede a graça, não tem senão um vislumbre?
Como eram as pobres viúvas no antigo Israel, assim é a humanidade - a imagem do desamparo. Aquelas dependiam da caridade alheia e, se ninguém as socorresse, só lhes restava esperar a morte. A humanidade, escravizada pelo pecado, submetida ao jugo do demônio, só podia esperar a condenação eterna.
Mas Deus compadeceu-se de nós, Suas pobres criaturas, e enviou-nos o Seu Filho, para libertar-nos do inimigo que nos subjugava e salvar-nos da morte eterna, devolvendo-nos a esperança.
O coração daquela pobre viúva agradou a Deus porque, ao dar tudo o que tinha - tão pouco, fez dEle a sua única esperança e entregou-se inteiramente em Suas mãos. Ela acreditou que tudo o que lhe vinha da parte de Deus era bom e justo.
A humanidade, todos nós, somos como esta pobre viúva. Cumpre reconhecermos a nossa condição de indigência. O que podemos, de fato, dar a Deus? Ainda que lhe entreguemos tudo, será como estas duas moedas sem valor depositadas pela viúva no tesouro do templo. Não somos e nem temos nada que possa ter algum valor diante de Deus. No entanto, é exatamente isto o que Ele deseja (e não se contentará com menos): que Lhe demos tudo o que somos e temos, colocando somente nEle a nossa confiança e fazendo dEle a nossa única esperança.
Se quisermos agradar o Coração de Deus, não reservemos nada para nós.
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