quinta-feira, 19 de junho de 2014

"Como é que ele pode dar a sua carne a comer?"

SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
Jo 6, 51-58


Escandalizam-se os judeus presentes, que haviam seguido Jesus porque Ele lhes multiplicara o pão. Haviam presenciado um milagre - uns poucos pães saciaram uma grande multidão - e pensavam em tornar Jesus o seu rei, para que nunca mais tivessem fome e, quem sabe, talvez nunca mais precisassem trabalhar para obter o pão de cada dia.
Mas eles não entenderam que o Senhor lhes mostrava, na figura do pão multiplicado, aquilo que Ele mesmo ia tornar-se para cada pessoa que O quisesse seguir: o Pão que dá a Vida verdadeira, o alimento que mata a fome da alma e sacia para a eternidade.
Jesus quis elevar o pensamento daqueles que o ouviam, das realidades materiais, caducas e perecíveis, para as realidades espirituais, eternas, as únicas que realmente têm valor. Mas os judeus de então não O puderam compreender...
Hoje, celebramos a solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em nossas dioceses e paróquias ocorreram procissões e solenes adorações eucarísticas. Quantos, porém, verdadeiramente compreendem o que é a Eucaristia?
Infelizmente, hoje, é comum a crença de que a Eucaristia é apenas um símbolo. "O milagre nós não vemos, basta a fé no coração", diz a adaptação do hino de louvor Pange Lingua, composto por Santo Tomás de Aquino para a adoração do Santíssimo Sacramento. Mas qual fé? Em que se deve crer, quando falamos da Eucaristia?
A Igreja vive da Eucaristia, porque a Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ou seja, sob as espécies do pão e do vinho consagrados - as aparências que vemos - está verdadeiramente Nosso Senhor, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. É o que chamamos Presença Real de Jesus no Santíssimo Sacramento.
Portanto, não é um símbolo. É o próprio Senhor que se faz comida e bebida para nós. E, se é verdade que a pessoa se torna aquilo de que se alimenta, aquele que se alimenta de Cristo vai, aos poucos e conforme as suas disposições interiores, tornando-se cada vez mais semelhante a Cristo.
Na Eucaristia, o Senhor se rebaixa mais do que em Sua Encarnação. Pois, na Encarnação, o Verbo, sendo Deus, fez-Se também homem. Mas, na Eucaristia, Ele toma a aparência de uma "coisa", algo para ser comido. Mas tal rebaixamento não tem outro objetivo senão dar-nos a Vida, a Vida eterna, a Sua Vida. Como Ele mesmo afirmou, no Evangelho que lemos hoje: "aquele que me recebe como alimento viverá por causa de Mim".
A Eucaristia é o grande sacramento do amor. Deus se rebaixa a fazer-se uma "coisa", a ficar escondido e "preso" nos sacrários de nossas igrejas, a ser tratado com desprezo, a ter Sua Presença ignorada pelas nossas atitudes tão frequentemente desrespeitosas... Tudo isso, por amor de cada um de nós...
Ao menos hoje, de nossa parte, receba o Senhor a adoração e amor que Lhe são devidos. E aprendamos a amar mais a Eucaristia e a Santa Missa, pelas quais Ele se faz presente e se oferece a cada um de nós.
Que a Eucaristia não seja motivo de escândalo para nós, como foi para os judeus que ouviam Jesus e para tantos outros que ouviram o testemunho da Igreja sobre o Corpo e o Sangue do Senhor ao longo dos séculos.

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