XI Semana do Tempo Comum, sexta-feira
Mt 6, 19-23
O Senhor contrapõe os tesouros da terra aos tesouros do Céu, mas apenas para mostrar que os tesouros da terra contém em si a caducidade das coisas deste mundo, isto é, passam e terminam como passa e termina esta vida. Os tesouros do Céu, pelo contrário, não passam jamais: são perenes, não se extinguem, não perdem o seu valor.
Com isto quis dizer Nosso Senhor que as coisas deste mundo não têm valor? Absolutamente não. Nesta vida, que um dia terminará inevitavelmente, há coisas boas e belas, criadas por Deus para o homem, a fim de que delas se sirva. O homem pode e deve fazer bom uso das coisas deste mundo. Se o fizer, elas o estarão ajudando a chegar ao seu fim último, a Vida imperecível.
A advertência que o Senhor nos faz hoje é que não coloquemos o nosso coração unicamente nas coisas perecíveis deste mundo (ainda que, em si, boas e belas), de modo que nos façam esquecer que "não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura daquela que está por vir" (Hb 13, 14). Ou seja, o nosso destino é o Céu. Estamos aqui de passagem. Não podemos, portanto, esquecer que as coisas deste mundo têm valor relativo, isto é, são boas enquanto nos ajudam em nossa caminhada para o Reino dos Céus, para Deus, pois este é o motivo pelo qual estamos neste mundo.
Quem fixa seu olhar nas coisas deste mundo e esquece de colocar seu coração naquilo que é perene, vai aos poucos escravizando-se a coisas perecíveis, "que a ferrugem e a traça consomem". Aquele que se prende ao que passa, também ele passará. Não poderá cumprir a finalidade de sua existência - ganhar o Céu e estar com Deus para sempre.
Procuremos, pois, os tesouros do Céu e coloquemos neles o nosso coração, usando os tesouros da terra apenas para chegar até eles.
"O alimento dos eleitos é o rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem interrupção, a alma sacia-se eternamente com o alimento da vida. Procuremos pois, irmãos caríssimos, alcançar estas pastagens, onde poderemos alegrar-nos na companhia dos cidadãos do céu. A alegria festiva dos bem-aventurados nos estimule. Reanimemos o nosso espírito, irmãos; afervore-se a nossa fé nas verdades em que acreditamos; inflame-se a nossa inspiração pelas coisas do céu. Amar assim já é caminhar. Nenhuma contrariedade nos afaste da alegria desta solenidade interior. Se alguém, com efeito, deseja atingir um lugar determinado, não há obstáculo no caminho que o demova do seu intento. Nenhuma prosperidade sedutora nos iluda. Insensato seria o viajante que, contemplando a beleza da paisagem, se esquecesse de continuar a sua viagem até ao fim." (São Gregório Magno)
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