sexta-feira, 27 de junho de 2014

"Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de Coração"

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
Mt 11, 25-30


Hoje a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Volta-se para o coração, que representa a própria pessoa naquilo que lhe é mais próprio e essencial; volta-se para o Coração de Jesus, que contém, como nos diz a Liturgia, "infinitos tesouros de amor".
De fato, o Senhor diz de Si mesmo: "sou manso e humilde de coração", "vinde a Mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados pelo peso de vossos fardos e Eu vos darei descanso", "o Meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Ao falar assim, Jesus nos abre o Seu próprio Coração, que nos amou de tal modo que Se entregou por nós.
Mas se olharmos mais atentamente para as leituras que a Liturgia nos propõe hoje (Dt 7, 6-11 e 1Jo 4, 7-16), encontramos uma outra particularidade, própria do Amor de Deus, e que se põe em relevo não apenas nas duas leituras, mas também no Evangelho proclamado hoje, em sua parte inicial.
Na leitura do Livro do Deuteronômio, Moisés, em nome do Senhor, diz ao povo de Israel que Deus não o escolheu por ser um povo numeroso, pois, ao contrário, eles são o menor de todos os povos. Afirma, ao contrário, que Deus o escolheu porque o amou e porque é fiel à promessa que fez aos seus antepassados. A eleição do Senhor, portanto, é gratuita. E Deus não escolheu um povo numeroso, formado por guerreiros fortes e ferozes, senhor de um reino; escolheu, antes, um povo de escravos que precisou, Ele mesmo, libertar "mão forte e braço estendido".
Depois, na Primeira Carta de São João, ouvimos o apóstolo afirmar que não fomos nós que amamos a Deus. Antes, foi Ele quem nos amou em primeiro lugar e nos enviou Seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados. Não houve, pois, qualquer iniciativa nossa.
Por fim, no Evangelho, Jesus louva ao Pai por haver revelado os mistérios do Reino, as Suas maravilhas, aos pequenos e humildes, escondendo-os aos sábios e entendidos. Novamente a preferência de Deus por aqueles que nada são e nada têm e que, portanto, não tem nenhum mérito naquilo que receberam dEle e não Lhe podem retribuir.
A grande característica do Amor de Deus que salta aos olhos através das leituras de hoje é, justamente, a sua gratuidade. O amor de Deus por nós é imerecido. Não o pudemos antecipar - Ele nos amou desde toda a eternidade. E não o podemos retribuir suficientemente - como podem criaturas limitadas e finitas retribuir ao amor infinito de seu Criador?
Que a consciência disso nos leve ao reconhecimento de nossa pequenez, de nossa miséria, para nos tornarmos aqueles humildes a quem Deus se revela, por pura Misericórdia. E eleve do nosso coração aos lábios um canto de agradecimento e de louvor ao Coração Misericordioso de Jesus, transpassado pela lança, do qual jorrou sangue e água, os sacramentos do Batismo e da Eucaristia, do qual nasceu a Igreja.

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