quinta-feira, 26 de junho de 2014

"Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim!"

XII Semana do Tempo Comum, quinta-feira
Mt 7, 21-29


Embora este Evangelho seja mais conhecido pela sua segunda parte, em que Jesus compara aquele que O escuta e põe em prática as Suas palavras a alguém que constrói a sua casa sobre terreno sólido (sobre a Rocha, sobre Deus - muitas vezes os salmos se referem a Deus como "a Rocha" ou "Rochedo" - "sois o meu rochedo e salvação, em Vós espero"), chama a atenção primeiro a dureza com que Jesus se exprime contra aqueles que o chamam "Senhor" e alegam ter realizado muitos prodígios em Seu Nome: "jamais vos conheci; afastai-vos de Mim, vós que praticais o mal".
Lembra um pouco, em sentido contrário, a passagem do livro de Samuel em que o profeta está para ungir um dos filhos de Isaí como novo rei de Israel. Enquanto Isaí apresenta-lhe os seus filhos, Samuel impressiona-se com o mais velho - forte, robusto, de aparência decidida, mas o Senhor lhe diz que este não é o Seu escolhido e explica: "o homem vê a aparência, mas o Senhor olha o coração". E quando chega Davi, o mais novo, quase um adolescente, Deus manda que Samuel o unja como rei de Israel, pois esse é o que Ele escolheu.
Pois o Senhor não se importará com as obras exteriores daqueles que dizem segui-lO e servirem-nO, se estas mesmas obras não estiverem acompanhadas de um coração que verdadeiramente ama a Deus e O serve com humildade.
Os verdadeiros discípulos de Jesus não fazem, muitas vezes, grandes obras. Mas tem um coração que O ama e desejam servi-lO com fidelidade. Sabendo que são pequenos e fracos, depositam no Senhor toda a sua esperança. E o Senhor realiza grandes coisas por meio deles.
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Hoje a Igreja faz memória de São Josemaría Escrivá, espanhol, falecido em 26/06/1975, fundador do Opus Dei. Conhecido como "santo do cotidiano" ou "santo das coisas pequenas", ele ensina ao homem de hoje como servir a Deus no seu dia-a-dia, feito de pequenas coisas que exigem, cada uma delas, fidelidade a Deus. Quem for fiel a Deus no pouco, nas pequenas coisas de seu cotidiano, terá construído, com perseverança, a sua casa sobre a Rocha e gozará, no Céu, da alegria de seu Senhor.
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Josemaría Escrivá nasceu em Barbastro (Huesca, Espanha) no dia 9 de Janeiro de 1902. Os pais chamavam-se José e Dolores que deram aos filhos uma profunda educação cristã.
Em 1915 faliu o negócio do pai, que era um industrial de tecidos, e ele teve de mudar-se para Logronho, onde encontrou outro trabalho. Nessa cidade, Josemaría apercebe-se da sua vocação pela primeira vez: depois de ver na neve umas pegadas dos pés descalços de um frade, intui que Deus deseja qualquer coisa dele, embora não saiba exactamente o que é. Pensa que poderá descobri-lo mais facilmente se se fizer sacerdote e começa a preparar-se para tanto, primeiro em Logronho, e mais tarde no seminário de Saragoça. Estuda Direito como aluno voluntário. O pai morre em 1924, e ele fica como chefe de família. Recebe a ordenação sacerdotal em 28 de Março de 1925 e começa a exercer o seu ministério numa paróquia rural e, depois, em Saragoça.
Em 1927 muda-se para Madrid, com autorização do seu bispo, com o objectivo de se doutorar em Direito. Aí, no dia 2 de Outubro de 1928, no decorrer de um retiro espiritual, vê aquilo que Deus lhe pede e funda o Opus Dei. Desde então começa a trabalhar na fundação, ao mesmo tempo que continua exercendo o ministério sacerdotal, especialmente entre pobres e doentes. Além disso, estuda na Universidade de Madrid e dá aulas para manter a família.
Quando rebenta a guerra civil encontra-se em Madrid, e a perseguição religiosa obriga-o a refugiar-se em diversos lugares. Exerce o ministério sacerdotal clandestinamente, até que consegue sair de Madrid. Depois de ter atravessado os Pirenéus, fixa residência em Burgos.
Acabada a guerra, em 1939, regressa a Madrid e obtém o doutoramento em Direito. Nos anos que se seguem dirige numerosos retiros para leigos, para sacerdotes e para religiosos.
Em 1946 fixa residência em Roma. Faz o doutoramento em Teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas Congregações da Cúria Romana, membro honorário da Academia Pontifícia de Teologia e prelado honorário de Sua Santidade. De Roma desloca-se, em numerosas ocasiões, a diversos países da Europa - e em 1970 ao México -, a fim de impulsionar o estabelecimento e consolidação do Opus Dei nessas regiões. Com o mesmo objectivo, em 1974 e em 1975, realiza duas longas viagens pela América Central e do Sul, onde, além disso, tem reuniões de catequese com grupos numerosos de pessoas.
A Santa Missa era a raiz e o centro da sua vida interior. O sentido profundo da sua filiação divina, vivido numa contínua presença de Deus Uno e Trino, levava-o a procurar em tudo a mais completa identificação com Jesus Cristo, a uma devoção terna e forte a Nossa Senhora e a S. José, a um trato habitual e confiado com os Santos Anjos da Guarda e a ser um semeador de paz e de alegria por todos os caminhos da terra.
Mons. Escrivá oferecera a sua vida, repetidas vezes, pela Igreja e pelo Romano Pontífice. O Senhor acolheu esta oferta e Mons. Escrivá entregou santamente a alma a Deus, em Roma, no dia 26 de Junho de 1975, no seu quarto de trabalho.
Leia também sobre São Josemaría EscriváAs Últimas Horas de um Santo
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