terça-feira, 17 de abril de 2012

"É Necessário que o Filho do Homem Seja Levantado"

II Semana do Tempo Pascal, terça-feira
Jo 3, 7-15
Na continuação do diálogo com Nicodemos, Jesus o repreende: "és mestre em Israel e não sabes estas coisas?"
Pois Nicodemos devia compreender que o derramamento do Espírito, que promove e permite o nascimento espiritual do homem, renovando-o segundo Deus, já havia sido predito pelos profetas (cf. Jr 31; Ez 36; Sl 87). Nicodemos conhecia as Escrituras e, ainda assim, não havia entendido e nem relacionado os sinais que Jesus fazia (e que ele mesmo menciona quando inicia o diálogo com o Senhor) com a vinda do Espírito que Deus já havia anunciado tanto tempo antes.
Mas Jesus quer fazer Nicodemos avançar mais no entendimento de Sua Pessoa, no reconhecimento de quem Ele é - o Messias prometido, ansiosamente aguardado por Israel. Fala-lhe, então, sobre as "coisas da terra" (isto é, o que já havia sido predito nas Escrituras) e sobre as "coisas do alto", aquilo que Ele, Jesus, ainda iria realizar: a Redenção de toda a humanidade pelo sangue derramado na cruz, onde seria Ele mesmo levantado da terra, atraindo todos a Si.
O Senhor faz um paralelo de Si mesmo, na cruz, com a serpente de bronze que Moisés ergueu numa haste para que o povo, picado mortalmente pelas serpentes venenosas que eram o castigo de sua descrença e infidelidade a Deus, olhando para a serpente, ficasse curado (cf. Nm 21). E afirma a Nicodemos que a Sua Palavra é digna de crédito porque Ele é a testemunha do Pai, o único que desceu do Céu, de junto de Deus, para revelá-lO aos homens.
Ora, se Nicodemos mereceu de Jesus uma repreensão por não compreender o que estava vendo e ouvindo, será que nós, hoje, não somos igualmente merecedores de advertência?
Não vimos e nem ouvimos a Jesus pessoalmente. Mas temos o testemunho dos apóstolos (as testemunhas escolhidas pelo Senhor) e que nos foi fielmente transmitido pela Igreja no decorrer dos séculos. Podemos desconhecer tudo isso? Podemos ainda querer e até mesmo pedir outros sinais de Deus?


Noite Santa
Meu Senhor e meu Deus, 
Tu me guiaste por um longo e obscuro caminho, pedregoso e duro. 
Estava quase já sem forças, tanto que não esperava mais ver a luz do dia. 
O meu coração estava duro como pedra devido ao sofrimento 
Quando, diante dos meus olhos, se levantou a claridade suave duma estrela 
E me guiou, fiel, e eu segui-a, primeiro com passos tímidos, depois mais seguros. 
E cheguei por fim à porta da Igreja, 
Que se abriu, e pedi para entrar. 
Fui acolhida pela Tua bênção proferida pelo Teu sacerdote. 
No seu interior sucedem-se as estrelas,  
Estrelas de flores vermelhas que me indicam o caminho até Ti, 
Que a Tua bondade permite que me conduzam no meu caminho até Ti. 
O mistério que me faltava guardar, escondido no íntimo do coração, 
Agora posso finalmente anunciá-lo em alta voz: 
Eu creio, e confesso a minha fé! 
O sacerdote conduz-me aos degraus do altar, 
Inclino a cabeça, e a água santa escorre pela fronte abaixo. 

Senhor, será possível renascer uma vez passada metade da vida (Jo 3,4)? 
Assim o disseste, e para mim tornou-se realidade. 
Já não sinto o peso das faltas e das minhas penas dessa vida longa. 
De pé, recebi sobre os ombros o manto branco, 
Símbolo luminoso da pureza. 
Trouxe à mão o círio cuja chama anuncia a Tua vida santa a brilhar em mim. 
E o meu coração transformou-se na manjedoura que por Ti espera. 
Por pouco tempo! 
Maria, Tua Mãe, e também minha, deu-me o nome. 
À meia-noite depõe no meu coração o seu bebé, recém-nascido. 
Oh! Não há coração humano que possa imaginar 
O que Tu preparas para aqueles que Te amam (1Cor 2,9). 
És meu para sempre e nunca Te deixarei. 
Seja qual for o caminho que venha a trilhar estás sempre comigo. 
E nada mais poderá separar-me do Teu amor (Rm 8,39).

Santa Teresa Benedita da Cruz (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
http://www.evangelhoquotidiano.org

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