II Semana do Tempo Pascal, terça-feira
Jo 3, 7-15
Na continuação do diálogo com Nicodemos, Jesus o repreende: "és mestre em Israel e não sabes estas coisas?"
Pois Nicodemos devia compreender que o derramamento do Espírito, que promove e permite o nascimento espiritual do homem, renovando-o segundo Deus, já havia sido predito pelos profetas (cf. Jr 31; Ez 36; Sl 87). Nicodemos conhecia as Escrituras e, ainda assim, não havia entendido e nem relacionado os sinais que Jesus fazia (e que ele mesmo menciona quando inicia o diálogo com o Senhor) com a vinda do Espírito que Deus já havia anunciado tanto tempo antes.
Mas Jesus quer fazer Nicodemos avançar mais no entendimento de Sua Pessoa, no reconhecimento de quem Ele é - o Messias prometido, ansiosamente aguardado por Israel. Fala-lhe, então, sobre as "coisas da terra" (isto é, o que já havia sido predito nas Escrituras) e sobre as "coisas do alto", aquilo que Ele, Jesus, ainda iria realizar: a Redenção de toda a humanidade pelo sangue derramado na cruz, onde seria Ele mesmo levantado da terra, atraindo todos a Si.
O Senhor faz um paralelo de Si mesmo, na cruz, com a serpente de bronze que Moisés ergueu numa haste para que o povo, picado mortalmente pelas serpentes venenosas que eram o castigo de sua descrença e infidelidade a Deus, olhando para a serpente, ficasse curado (cf. Nm 21). E afirma a Nicodemos que a Sua Palavra é digna de crédito porque Ele é a testemunha do Pai, o único que desceu do Céu, de junto de Deus, para revelá-lO aos homens.
Ora, se Nicodemos mereceu de Jesus uma repreensão por não compreender o que estava vendo e ouvindo, será que nós, hoje, não somos igualmente merecedores de advertência?
Não vimos e nem ouvimos a Jesus pessoalmente. Mas temos o testemunho dos apóstolos (as testemunhas escolhidas pelo Senhor) e que nos foi fielmente transmitido pela Igreja no decorrer dos séculos. Podemos desconhecer tudo isso? Podemos ainda querer e até mesmo pedir outros sinais de Deus?
Noite Santa
Meu Senhor e meu Deus,
Tu me guiaste por um longo e obscuro caminho, pedregoso e duro.
Estava quase já sem forças, tanto que não esperava mais ver a luz do dia.
O meu coração estava duro como pedra devido ao sofrimento
Quando, diante dos meus olhos, se levantou a claridade suave duma estrela
E me guiou, fiel, e eu segui-a, primeiro com passos tímidos, depois mais seguros.
E cheguei por fim à porta da Igreja,
Que se abriu, e pedi para entrar.
Fui acolhida pela Tua bênção proferida pelo Teu sacerdote.
No seu interior sucedem-se as estrelas,
Estrelas de flores vermelhas que me indicam o caminho até Ti,
Que a Tua bondade permite que me conduzam no meu caminho até Ti.
O mistério que me faltava guardar, escondido no íntimo do coração,
Agora posso finalmente anunciá-lo em alta voz:
Eu creio, e confesso a minha fé!
O sacerdote conduz-me aos degraus do altar,
Inclino a cabeça, e a água santa escorre pela fronte abaixo.
Senhor, será possível renascer uma vez passada metade da vida (Jo 3,4)?
Assim o disseste, e para mim tornou-se realidade.
Já não sinto o peso das faltas e das minhas penas dessa vida longa.
De pé, recebi sobre os ombros o manto branco,
Símbolo luminoso da pureza.
Trouxe à mão o círio cuja chama anuncia a Tua vida santa a brilhar em mim.
E o meu coração transformou-se na manjedoura que por Ti espera.
Por pouco tempo!
Maria, Tua Mãe, e também minha, deu-me o nome.
À meia-noite depõe no meu coração o seu bebé, recém-nascido.
Oh! Não há coração humano que possa imaginar
O que Tu preparas para aqueles que Te amam (1Cor 2,9).
És meu para sempre e nunca Te deixarei.
Seja qual for o caminho que venha a trilhar estás sempre comigo.
E nada mais poderá separar-me do Teu amor (Rm 8,39).
Santa Teresa Benedita da Cruz (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
http://www.evangelhoquotidiano.org
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