Reflexões do Evangelho proposto pela liturgia da Igreja Católica para cada dia, destinadas a todas as pessoas de boa vontade, que desejam, de coração aberto, beber da verdadeira fonte da água da vida.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
III Semana do Tempo do Advento - Lc 7, 24-30
domingo, 5 de dezembro de 2010
II Domingo do Tempo do Advento – Mt 3, 1-12
"Produzi frutos que provem a vossa conversão"
Com a promessa do Messias na primeira leitura de hoje (Is 11, 1-10) e a descrição dos bens que a Sua vinda há de trazer, introduz-se também a condição para receber esses frutos e bênçãos de Deus – a justiça, a ordem justa de que fala o profeta virá, mas para os humildes e pacíficos. O homem mau será destruído com o sopro dos lábios de Deus.
São Paulo, já na perspectiva da última vinda do Senhor (pois já se concretizara a primeira), afirma (Rm 15, 4-9) que as promessas ao Povo de Israel já foram cumpridas e que podemos ter firme esperança, desde que tenhamos constância e busquemos o conforto espiritual das Escrituras, que existem para nossa instrução.
E aparece no Evangelho a figura do Precursor, João Batista, aquele que prepara o caminho do Senhor. Ele anuncia que a chegada do Messias está bem próxima e que é preciso converter-se para poder recebê-lo. É João quem anuncia que a conversão está no coração mais que nas palavras e que a verdadeira conversão é aquela que produz frutos para Deus.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
I Semana do Tempo do Advento – Festa de Santo André, apóstolo – Mt 4, 18-22
Jesus chama Pedro e André, Tiago e João para fazê-los pescadores de homens. Eles deixam tudo e O seguem. E assim começa a Igreja de Jesus Cristo, cujos fundamentos humanos, homens simples e rudes, mas bem dispostos, de coração aberto, são chamados enquanto trabalhavam, exercendo seu ofício de pescadores.
O chamado de Cristo, em geral, para cada um de nós, não será diferente. Ele nos dirá: "segue-me" em meio ao nosso cotidiano, àquilo que diariamente fazemos e contando com o que somos.
Embora Deus possa manifestar-se sob quaisquer circunstância (onde, quando e como quer), são poucas as vezes em que o faz de modo excepcional – como foi o caso do jornalista e escritor francês André Frossard, falecido nos últimos anos do século XX.
Não esperemos, pois, um momento especial que pode nunca acontecer. Ouçamos a voz de Deus que nos chama, agora, de modo simples, nas coisas simples do dia-a-dia, e decidamos segui-lO.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
I Semana do Tempo do Advento – Mt 8, 5-11
"Senhor, eu não sou digno"
Grande era a fé do oficial romano. Mas também era grande o seu amor ao próximo. Porque, sendo um romano, estava acima dos demais povos da época. Mais ainda: era superior aos povos conquistados, que lhe deviam submissão. E é bem possível que o servo deste oficial romano fosse judeu.
Seja como for, era apenas um empregado, alguém de condição inferior, segundo a mentalidade da época. Ainda assim, o oficial preocupou-se com ele e foi a Jesus para obter-lhe a cura. Mais: foi a Jesus, um judeu, pertencente a um povo conquistado e, portanto, inferior, e colocou-se diante do Senhor em atitude de súplica e posição subalterna, dizendo: "eu não sou digno".
Sem saber o que era o amor ao próximo, o centurião já amava o próximo. Pois que outro motivo teria para (pre)ocupar-se da saúde de seu servo, buscar-lhe a cura, desprender-se de si e humilhar-se diante de Jesus?
Crê, o centurião. E também ama. Por isso mereceu de Jesus um grande elogio e é lembrado por todas as gerações de cristãos, desde aquela época até o fim dos tempos.
Neste tempo do Advento que começa, sejam a fé e o amor do oficial romano o parâmetro e a medida para nossa fé e nosso amor, que iremos ofertar ao Jesus Menino no Natal.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
XXXIII Semana do Tempo Comum – Lc 19, 41-44
"Tu não reconheceste o tempo em que foste visitada"
Jesus, naquele tempo, chorou por Jerusalém. Viu a sua futura destruição (que se daria, de fato, no ano 70 d.C.) e lamentou. Porque Jerusalém não O quis reconhecer como o Messias prometido por Deus desde o tempo dos patriarcas, cuja vinda fora anunciada pelos profetas, veio sobre ela a destruição.
O Senhor foi a Jerusalém para levar-lhe a Sua Paz, mas os chefes e os anciãos do povo rejeitaram-nO. E essa rejeição foi a causa de sua ruína.
Do mesmo modo, hoje e sempre, o Senhor vem a cada um de nós oferecendo-nos a Paz, que é diferente da paz do mundo e que só Ele pode dar. Só em Jesus Cristo podem ser realizados os anseios mais profundos do coração humano.
Ele vem, persistentemente, visitar-nos. Se Lhe abrirmos a porta (do coração, da mente, da alma, da vida), Ele entrará e fará refeição conosco (sinal de comunhão e de intimidade) e o Jesus e o Pai farão em nós a Sua morada.
Mas, se O rejeitamos como fez Jerusalém, o que pode restar-nos senão a ruína? Porque Deus é a plenitude para a qual o homem foi criado, a única possibilidade de realização de seu sentido de ser.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Memória de São Carlos Borromeu – Lc 15,1-10
"Acolhe os pecadores e faz refeição com eles"
Naquele tempo, pessoas tidas como pecadores públicos (prostitutas, que vendiam o corpo e a dignidade, ou publicanos, que sobretaxavam os impostos que deviam cobrar em nome do Império Romano) não deviam ser acolhidas. Era escandaloso conversar com pecadores públicos.
Jesus, porém, chega mesmo a partilhar a mesa com eles, porque deseja que se arrependam de seus pecados e se convertam. O Senhor se faz amigo de todos, para a todos salvar.
E isso continua acontecendo hoje, em nossos dias. Pois Jesus está à nossa espera, em todas as igrejas, em cada sacrário da terra. Quando vamos à Missa, partilhamos de Sua mesa, posta à nossa disposição, por amor de cada um de nós.
E o que somos nós senão pecadores? Mas Jesus, ainda mais do que quando andava na terra, faz-Se a própria refeição, dando-Se como alimento na Eucaristia a cada um que se aproxime de Seu altar.
O que estamos esperando? Quando vamos nos converter? O Senhor nos aguarda! Partilhemos com Ele a refeição, de coração sincero, contrito e humilde, sabendo que é Ele quem nos torna dignos. E haverá alegria no Céu por nossa causa!
terça-feira, 2 de novembro de 2010
COMEMORAÇÃO DOS FINADOS
"Deus enxugará toda lágrima de seus olhos"
A liturgia de hoje convida e fala de esperança. Lemos o livro da Sabedoria (Sb 3, 1-9) que, já no Antigo Testamento, fala da realidade da morte como "esperança cheia de imortalidade" e diz que, nela, os justos "serão cumulados de grandes bens, porque Deus os pões à prova e os achou dignos de si". A morte, para os que confiam em Deus e perseveram em seu amor, é como uma porta que se abre para a compreensão da verdade e para a verdadeira vida junto de Deus. Porque até mesmo a morte é, para os que amam a Deus, manifestação de sua graça e de sua misericórdia.
Depois, o livro do Apocalipse (Ap 21, 1-7) fala da grande esperança do fim dos tempos, quando cessarão as realidades humanas tais como as conhecemos e haverá unicamente a "morada de Deus entre os homens". Será o estabelecimento definitivo do Reino de Deus e a "morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem choro, nem dor". A esperança da participação nessa felicidade sem fim está no convite do Senhor, que é, ao mesmo tempo, uma promessa: "a quem tiver sede eu darei, de graça, da fonte de água viva. O vencedor receberá essa herança, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho".
Por fim, para nós, os que vivemos ainda nesta vida, Jesus, no Evangelho (Mt 5, 1-12), dá os contornos práticos dessa esperança para além da morte. As bem-aventuranças são o ideal a ser perseguido tenazmente por quem quiser herdar o Reino dos Céus. Aqueles que aceitarem esse convite têm como garantia a promessa do Senhor: "alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus".
domingo, 24 de outubro de 2010
XXX Domingo do Tempo Comum – Lc 18, 9-14
"Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador"
Dizia Santa Teresa de Ávila que a humildade é a verdade. Quanta verdade, pois, há nestas palavras do publicano, que, reconhecendo sua pobre condição, não ousava erguer os olhos para o Céu. Não deveríamos ser como ele, quando nos colocamos diante de Deus, para fazer oração?
Mas há outro personagem no Evangelho deste domingo: um fariseu, que também fora ao Templo para rezar. A oração desse fariseu, porém, é bem diferente. Ele enumera a Deus todas as suas "qualidades", apresenta-se como bom e justo e "agradece" por não ser ruim e pecador como os outros. Se a humildade é um requisito da oração, as palavras desse fariseu não a possuem. Ele não ora a Deus, apenas fala consigo mesmo. Poderíamos dizer que se apresenta a Deus como um "sujeito de direitos" e pretende do Senhor que lhe dê tudo aquilo de que se acha merecedor, pois, sendo ele tão bom, é uma espécie de credor das bênçãos divinas.
Não se parece um tanto com as orações que frequentemente fazemos nos dias de hoje? Não é verdade que muitos de nós pensam ter, diante de Deus, todos os direitos e nenhum dever? Se não é assim, por que a fé de tantas pessoas está condicionada a verem atendidos todos os seus "pedidos" (que mais parecem exigências)? Por que, quando lhes parece que Deus não "escuta" as suas preces, abandonam a religião que supostamente professam, deixam a Igreja com grande facilidade?
A oração é um olhar lançado ao Céu, um olhar de quem se reconhece criatura e busca seu Criador, de quem tem total necessidade – nEle nos movemos, existimos e somos, já dizia São Paulo. A partir do pressuposto desse reconhecimento, podemos esperar de Deus que nos escute e que nos responda; que, a partir da nossa oração, manifeste em nossas vidas o Seu Amor e a Sua santíssima Vontade. Mas o fundamento da oração deve ser este que Jesus põe na boca do publicano: "Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador".
sábado, 23 de outubro de 2010
XXIX Semana do Tempo Comum – Lc 13, 1-9
"Se não vos converterdes..."
A advertência de Jesus é para que não tomemos, de forma equivocada, certos fatos da vida natural como sinais de predileção ou de castigo divinos, tanto para nós quanto para os demais.
Deus sabe porque permite ou promove os acontecimentos. Quanto a nós, não sabemos e não podemos pretender sondar os desígnios da Providência ou interpelar Suas razões.
E há sempre o mistério da liberdade humana – dom de Deus – que muitas vezes é usada para sobreporem-se os homens uns aos outros, promovendo eles mesmos a injustiça e o sofrimento a muitos.
Para além dessas coisas, que não podemos sequer começar a compreender, o que o Senhor pede e espera de nós é que O sigamos e demos frutos no Amor, por uma vida santa, dedicada a Deus e ao próximo.
Na história que Jesus conta no Evangelho, somos, cada um de nós, a figueira plantada na vinha de Deus Pai, que é o seu proprietário. A figueira teima em não dar frutos e o dono quer cortá-la, para plantar, em seu lugar, algo que produza frutos e não esgote a terra (isto é, que não desperdice a graça e os dons de Deus). Mas o vinhateiro, que é Jesus, pede ao dono (o Pai) um prazo para tratar da figueira. Se ainda assim não frutificar, então, sim, será cortada.
Aprendamos, pois, que a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor foram, juntamente com todos os dons e graças que Deus generosamente derrama todos os dias em nossas vidas, o tratamento dado à "figueira". O prazo que temos para dar frutos é esta vida, que vivemos na terra. Depois, se tivermos continuado a ser estéreis, sem dar frutos de Amor, Deus nos cortará de Seu Reino.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
XXIX Semana do Tempo Comum - Lc 12,49-53
Depois de "passar deste mundo para o Pai" é que Jesus enviaria o Espírito Santo, que deve permanecer conosco como a "alma da Igreja" e que faz arder o fogo do Amor de Deus em cada um de nós e em todo o Corpo Místico de Cristo.
O fogo do Espírito Santo queima e purifica a raiz de todo mal em nós. Ele é o artífice de nossa santificação. Na presença do Espírito, não há como permanecer indiferente a Jesus: ou se ama ao Senhor e se Lhe entrega a própria vida ou se rejeita definitivamente a Salvação que Ele veio oferecer.
E esta é a divisão da qual fala o Senhor. Pois os homens, diante de Jesus, estaremos divididos - alguns escolherão amá-lO e outros escolherão rejeitá-lO. Não é que Ele queira dividir-nos; mas não obrigará ninguém a segui-lO, pois o amor só pode existir na liberdade.
Enquanto estamos nesta vida, sempre poderemos rever nossas escolhas. Deixemos, pois, que arda em nós o fogo do Espírito Santo, para que Ele queime tudo aquilo que em nosso interior resiste a Jesus Cristo e faça arder em nossos corações e almas a chama de Seu Amor infinito e misericordioso.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
XXIX Semana do Tempo Comum - Lc 12, 35-38
Jesus logo esclarece: para quando Ele, nosso Senhor, voltar. Somos nós os servos, colocados para o cuidado da casa, enquanto o Senhor está fora. Quando Ele retornar, quer encontrar os servos em seus postos, trabalhando, mantendo a casa e aguardando a Sua volta.
E quando Jesus voltará? Um dia Ele há de retornar, conforme prometeu, no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos. Será o Juízo Universal, ou seja, de todos os homens de todos os tempos e lugares.
Mas essa volta de Jesus também se dá, para cada um de nós de modo particular, no dia de nossa morte, que não sabemos quando será. E é para esse retorno do Senhor que devemos estar de prontidão, no trabalho do cuidado de nossa casa, isto é, de nosso coração e de nossa alma, para que estejam a serviço de Deus e do próximo, cheios do Amor com que Jesus mesmo nos amou.
Para aqueles que assim estiverem assim preparados, o dia em que o Senhor vier será um dia de grande felicidade!
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil – Jo 2,1-11
"Encheram-nas até a boca"
À ordem de Jesus – "enchei as talhas de água" – os que estavam servindo a festa "encheram-nas até a boca", diz-nos o Evangelho. Cumpriram, pois, perfeitamente a ordem do Senhor.
O que os levou a agir assim? Os jarros eram grandes e pesados (mas ainda cheios de água) e, além do mais, Jesus mandou-os encher, mas não havia dito quanto. E, certamente, não faziam a menor ideia do que o Senhor queria com tanta água, já que o problema da festa era a falta de vinho. No entanto, diga-se de novo, cumpriram a ordem do Senhor com perfeição e então Jesus fez o milagre, transformando a água em vinho e resolvendo o que representaria um sério embaraço aos noivos.
Nós também não sabemos o que Deus quer fazer com nossas vidas (que são os nossos jarros, grandes e pesados), mas Ele nos pede para enchê-las com água – a água de nosso esforço de conversão a Deus, de uma vida espiritual levada a sério (com oração perseverante, leitura diária da Palavra de Deus, freqüência aos sacramentos, em especial da Eucaristia e da Confissão), de um comprometimento maior com os valores do Reino, da coerência entre fé e vida. Se procurarmos encher nossos jarros "até a boca", ou seja, fazer tudo da melhor maneira possível, com todo o empenho, então Jesus fará a água desta nossa vida tornar-se o vinho da eterna alegria no Reino de Deus.
Lembremos que nossa Mãe, Maria, Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, pede sempre por nós a seu Filho Jesus, dizendo, como naquele dia: "eles não têm vinho". Mas também diz a nós, como naquele dia, apontando para Jesus: "fazei TUDO o que ELE vos disser".
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
XXVIII Semana do Tempo Comum – Lc 11, 29-32
"Nenhum sinal lhe será dado"
Jesus diz que aquela geração, das pessoas de Seu tempo, é má. Quando Lhe pedem um sinal, diz que só lhes será dado o sinal de Jonas. Com isso, indica Sua própria ressurreição – assim como Jonas ficou três dias no ventre do peixe para depois ser deixado onde Deus o mandava pregar o arrependimento e a penitência, do mesmo modo Jesus ficou em poder da morte, até ressuscitar vitorioso ao terceiro dia e tornar-Se um sinal de misericórdia, de justiça e de vida para toda a humanidade.
A crítica de Jesus ao povo daquele tempo – e que serve para nós, hoje – é que não Lhe pediam um sinal para poderem crer, para reconhecer com humildade em Jesus o Filho de Deus, o Senhor, e para converterem-se de coração e mudarem de vida. Pelo contrário, pediam um sinal a Jesus movidos pelo orgulho, como se o Deus feito homem devesse provar-lhes a Sua divindade sem poder exigir deles fé e conversão. Como se eles, meras criaturas, pudessem colocar-se no lugar do Criador.
Quantos de nós não fazemos habitualmente o mesmo? Vivemos nossas vidas como se Deus não existisse e, quando precisamos, exigimos que Deus nos dê o que queremos, o que entendemos que nos convém. Mas não queremos dar a Deus o que Lhe é devido por ser Deus, isto é, não queremos amá-lO, servi-lO e adorá-lO.
O Senhor mostra aos que O ouviam os exemplos da rainha de Sabá (a rainha do sul), que foi ouvir e aprender de Salomão, o rei sábio; e do povo de Nínive, a grande cidade, que se converteu pela pregação do profeta Jonas. E conclui dizendo que Ele próprio é maior do que Salomão e Jonas.
Como, pois, não nos convertemos ao ouvir a Sua Palavra, se Ele, Jesus, é o próprio Deus que se fez homem e habitou entre nós e ainda nos deixou o sinal de Sua ressurreição?
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
XXVII Semana do Tempo Comum – Lc 11, 15-26
Mas o que escravizava a humanidade? De que veio Jesus nos libertar? Três coisas nos mantinham prisioneiros: o demônio, o pecado e a morte.
Depois da Redenção operada por Jesus Cristo em nosso favor, já não estamos mais submetidos ao demônio, nem amarrados ao pecado. E a morte já não nos tem mais em suas garras, porque recebemos a Vida eterna, em Cristo, Senhor nosso.
Jesus é o “homem mais forte”, que vence o inimigo, arranca-lhe a armadura e reparte os seus despojos. Pois Ele, Jesus, veio estabelecer o Reino de Deus entre nós e em nós.
Mas eis que o Senhor nos faz um alerta. Se o inimigo voltar e retomar o lugar de onde foi expulso, esse lugar fica em estado pior do que antes se encontrava. Com isso, Ele quer dizer que se alguém deixa Jesus libertá-lo de suas más obras e do jugo do inimigo, mas não persevera nas boas obras e no Amor de Deus, estará, por sua livre vontade e consentimento, devolvendo o coração e a alma a seu antigo senhor, Satanás, que o deixará pior do que estava. Pois não há liberdade no mal.
Supliquemos, pois, ao Senhor, hoje, que nos encha de Seu Espírito Santo e nos conceda a graça de perseverarmos até o fim, de permanecermos na Sua Palavra, para não termos outro senhor que não Ele, o único e verdadeiro Senhor, o Filho que nos liberta para que sejamos verdadeiramente livres (cf. Jo 8, 31-36).
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Memória de São Francisco de Assis, diácono – Lc 10, 25-37
Jesus, hoje, nos convida a concretizar nosso amor a Deus no amor ao próximo. Pois não podemos ver a Deus e, se nos decidimos a amá-lO e esse amor não se faz palpável, facilmente se tornará uma espécie de escapismo. Então, Deus se faz presente no próximo, para nos possibilitar amá-lO verdadeiramente.
E, para que saibamos o que deve ser esse amor, Jesus conta a parábola do bom samaritano. E nos convida, desse modo, a olharmos para Ele mesmo e para tudo quanto fez por nós.
Porque Jesus é o bom samaritano por excelência. Ele vem em busca da humanidade ferida de morte pelo pecado, assume a nossa natureza e tem compaixão de nós quando passa, então, por nossos caminhos. Carrega-nos e a nossas misérias, paga as nossas dívidas (contraídas para com Deus por causa do pecado) e deixa-nos aos cuidados da Igreja que instituiu, até o dia em que voltará para estabelecer definitivamente o Seu Reino, no fim dos tempos.
Jesus nos ama e Seu Amor é rico em misericórdia. Se Lhe perguntarmos como retribuir a esse amor para ganharmos a Vida com Ele, o Senhor mostrará o caminho da imitação de Sua entrega total para nos redimir e responderá: "Vai e faze a mesma coisa".
...
(do site http://www.evangelhoquotidiano.org)
São Francisco de Assis, nasceu na cidade de Assis, Úmbria, Itália, no ano de 1182, de pai comerciante, o jovem rebento de Bernardone, gostava das alegres companhias e gastava com certa prodigalidade o dinheiro do pai. Sonhou com as glórias militares, procurando desta maneira alcançar o "status" que sua condição exigia, e aos vinte anos, alistou-se como cavaleiro no exército de Gualtieri de Brienne, que combatia pelo papa, mas em Espoleto, teve um sonho revelador no qual era convidado a seguir de preferência o Patrão do que o servo, e em 1206 , aos 24 anos de idade para espanto de todos, Francisco de Assis abandonou tudo: riquezas, ambições, orgulho, e até da roupa que usava, para desposar a Senhora Pobreza e repropor ao mundo, em perfeita alegria, o ideal evangélico de humildade, pobreza e castidade, andando errante e maltrapilho, numa verdadeira afronta e protesto contra sua sociedade burguesa.
Já inteiramente mudado de coração, e a ponto de mudar de vida, passou um dia pela igreja de São Damião, abandonada e quase em ruínas. Levado pelo Espírito, entrou para rezar e se ajoelhou devotamente diante do crucifixo. Tocado por uma sensação insólita, sentiu-se todo transformado. Pouco depois, coisa inaudita, a imagem do Crucificado mexeu os lábios e falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse: "Francisco, vai e repara a minha casa que, como vês, está em ruinas".
Com a renúncia definitiva aos bens paternos, aos 25 anos, Francisco deu início à sua vida religiosa. Com alguns amigos deu início ao que seria a Ordem dos Frades Menores ou Franciscanos, cuja ordem foi aprovada pelo Papa Inocêncio III. Santa Clara, sua dilecta amiga, fundou a Ordem das Damas Pobres ou Clarissas. Em 1221, sob a inspiração de seu estilo de vida nasceu a Ordem Terceira para os leigos consagrados. Neste capítulo da vida do santo é caracterizado por intensa pregação e incessantes viagens missionárias, para levar aos homens, frequentemente armados uns contra os outros, a mensagem evangélica de Paz e Bem. Em 1220, voltou a Assis após ter-se aventurado a viagem à Terra Santa, à Síria e ao Egipto, redigindo a segunda Regra, aprovada pelo Papa Honório III. Já debilitado fisicamente pelas duras penitências, entrou na última etapa de sua vida, que assinalou a sua perfeita configuração a Cristo, até fisicamente, com o sigilo dos estigmas, recebidos no monte Alverne a 14 de setembro de 1224.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael
-
o arcanjo Miguel, cujo nome significa "quem é como Deus?", príncipe da milícia celeste, que expulsou Satanás e seu exército de anjos rebeldes (demônios) para o inferno (cf. Ap 12, 7-8); -
o arcanjo Rafael, cujo nome significa "cura de Deus", que acompanhou e protegeu Tobias e devolveu a visão a seu pai Tobi (cf. Tb 12, 15-20); -
o arcanjo Gabriel, cujo nome significa "força de Deus", que anunciou a Maria a concepção virginal e o nascimento de Jesus e a Zacarias anunciou o nascimento de João Batista (cf. Lc 1, 26-38 e Lc 1, 11-20).
terça-feira, 28 de setembro de 2010
XXVI Semana do Tempo Comum – Lc 9, 51-56
Tiago e João, discípulos muito zelosos de seu Mestre, ao verem-nO rejeitado (e por samaritanos, a quem os judeus consideravam impuros e inferiores), quiseram castigar aquele povo.
É possível que estivessem ainda deslumbrados com o poder de curar os doentes, expulsar os demônios e fazer milagres que o Senhor lhes dera para apoiar sua pregação, quando os enviara, dois a dois, pelos povoados onde habitavam os filhos de Israel.
Foi uma reação muito humana, até compreensível, mas demonstra que Tiago e João não haviam ainda compreendido os ensinamentos e as atitudes de Jesus a respeito do amor – amar até mesmo os inimigos, fazer o bem aos que nos querem e fazem mal, orar pelos que nos perseguem para sermos filhos do nosso Pai que está no Céu, que faz brilhar o sol sobre bons e maus, justos e injustos (cf. Mt 5, 43-48).
Por isso é que Jesus os repreende e não lhes permite fazer mal aos samaritanos que Lhe recusam hospedagem (era falta grave fazer isso naquele tempo, pois o hóspede era considerado sagrado).
Podemos hoje aplicar esta passagem para nós, em dois sentidos:
- quantas vezes, como aqueles samaritanos, não demos abrigo ao Senhor, que passava por nossas vidas e pedia um lugar em nosso coração?
- por outro lado, quantas vezes quisemos retribuir com o mal, ao mal que nos fizeram, como Tiago e João, que não souberam amar como Jesus amou e ensinou?
Que este Evangelho nos ensine, então, a rever nossas atitudes de amor para com Deus e para com o próximo.
domingo, 26 de setembro de 2010
XXVI Semana do Tempo Comum – Lc 16, 19-31
A primeira leitura deste domingo (Am 6, 1.4-7) mostra o profeta Amós censurando, em nome do Senhor, todos os que "vivem despreocupadamente", ocupados só de si mesmos e "não se preocupam com a ruína de José", isto é, não se preocupam com a sorte dos demais, não se ocupam também das necessidades de seu próximo. Por isso, serão desterrados: do mesmo modo como não partilham as dores de seus irmãos, também não terão parte na alegria que lhes é reservada.
Em contrapartida, na segunda leitura, São Paulo exorta seu discípulo e bispo Timóteo a buscar as virtudes de um homem de Deus e a conquistar a vida eterna através do bom combate da fé, fugindo das "coisas perversas", tudo aquilo que pode pervertê-lo e afastá-lo do caminho reto que leva ao Reino de Deus (1Tim 6, 11-16).
No Evangelho, Jesus retoma, em certo sentido, as palavras do profeta Amós, ao mostrar o contraste entre a vida de luxo e ostentação do rico e a existência miserável de Lázaro. Resta a Lázaro, porém, a sua dignidade: Deus o conhece e chama pelo nome. O rico, por sua falta de compaixão e porque se deixou escravizar pela riqueza e pela futilidade, despiu-se de sua fundamental dignidade de pessoa, de tal sorte que sequer podemos conhecer o seu nome – Jesus chama-o apenas de "o rico". Deixou de ser o que é, reduziu-se àquilo que tem.
Nomeando a um dos personagens da parábola e deixando de nomear o outro, Jesus quer demonstrar que não é o fato de possuir (muito ou pouco) ou não possuir bens que nos dignifica. À medida, porém, que nos deixamos seduzir e escravizar pelas coisas e diminuímos nosso amor, nossa capacidade de olhar para o outro e de nos voltarmos para ele, reduzimos nosso grau de ser e deixamos de lado a nossa dignidade. Depositamos nossa vida naquilo que é fútil e passageiro e, assim, tornamos fútil a própria existência.
Jesus, porém, vai mais longe. Com essa parábola, o Senhor afirma categoricamente algumas verdades de fé, para que não as esqueçamos e aprendamos, a partir delas, de que modo Deus quer que vivamos.
- Céu e Inferno existem, duram para sempre e quem for para um não poderá, depois, "mudar-se" para o outro.
- Conforme vivamos nesta vida, mereceremos o Céu ou o Inferno. Não há "jeitinho", nem meio termo. Não há uma terceira possibilidade. São as nossas escolhas e os nossos atos que nos levarão a um ou a outro. Nesse contexto, faz ainda mais sentido a exortação de Paulo a Timóteo (e a todos nós): "combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna para a qual foste chamado".
- Deus quer que todos sejamos salvos e cheguemos ao conhecimento da verdade (cf. 1Tim 2, 4). Para isso, não poupou esforços e deu-nos abundantes graças; deu-nos Moisés e os profetas; e, por fim, deu-nos Seu próprio Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou para dar-nos a vida eterna (cf. Jo 3, 16).
Ainda assim, muitos de nós não querem converter-se, mudar de vida, conformar sua vida à Vontade de Deus. Temos um morto que ressuscitou, Jesus Cristo, e não O queremos ouvir, como Ele mesmo previu na parábola do rico e de Lázaro.
O que mais nos falta? O que mais Deus poderia fazer por nós, que já não tenha feito?
sábado, 25 de setembro de 2010
XXV Semana do Tempo Comum – Lc 9, 43-45
"Todos estavam admirados com as coisas que Jesus fazia"
É exatamente nesse momento, quando faz curas e sinais e expulsa demônios, quando as pessoas se admiram do que Ele faz e se perguntam se ele não seria o Messias prometido e ansiosamente aguardado por Israel, que Jesus anuncia aos discípulos Sua Paixão, o Seu sofrimento: dizendo: "o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens". E os discípulos não conseguiam compreender como e por que se daria isso, já que Jesus fazia tanto sucesso em meio ao povo.
Os desígnios de Deus, porém, são diferentes dos nossos. E o olhar de Deus a tudo alcança, enquanto nós, homens, somos espiritualmente cegos, não enxergamos além do que está diante de nossos olhos materiais e ao alcance de nossas mãos.
De que adiantaria Jesus ter continuado a fazer sucesso entre o povo, com Sua pregação, Suas curas e Seus exorcismos, se não tivesse morrido por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação? Mas, graças à Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, a nossa fé não é vã e não morreremos nos nossos pecados, mas somos os mais felizes dos homens (cf. 1Cor 15, 17-20).
Por isso, quando não compreendemos o sentido imediato daquilo que se passa em nossas vidas, confiemos em Deus e entreguemos tudo à Sua Divina Providência. O Senhor sempre faz concorrer todas as coisas para o nosso maior bem (cf. Rm 8, 28), ainda que, por vezes, elas nos sejam dolorosas.
sábado, 18 de setembro de 2010
XXIV Semana do Tempo Comum – Lc 8, 4-15
"Dão Fruto na Perseverança"
Jesus conta a história de um semeador que segue pelo caminho jogando a sua semente na terra. Na parábola contada, a semente vai caindo pelo caminho em diferentes terrenos e, conforme o tipo de terreno, a semente nem chega a brotar. Ou, se brota, não chega a crescer e logo seca e morre. Ou cresce em meio a outras plantas e é por elas sufocada. Por fim, parte das sementes lançadas cai em terreno adequando, brota, cresce e produz fruto abundante.
Nessa pequena história, em que Jesus é o semeador e a semente é a Palavra que sai de Sua boca, os diferentes terrenos são as pessoas de todos os tempos e lugares que O escutam e recebem essa Palavra que lhes é anunciada pelo Senhor com diferente disposição de coração.
Depende de nós, de nossa vontade, da disposição do nosso coração, no tornamos o terreno fértil no qual a Palavra depositada dá frutos de Vida eterna. Há três condições necessárias para isso: ouvir a Palavra do Senhor com um coração bom e generoso; conservá-la; e perseverar nela, porque só na perseverança é que se pode dar fruto.
O "coração bom e generoso" é o primeiro requisito, porque a Palavra de Deus deve penetrar todos os cantos de nossas vidas, corações e mentes, levando-nos a conformar tudo o que somos, fazemos e temos, ainda que nos custe, à Vontade de Deus manifestada pela pregação de Jesus, expressa na Sagrada Escritura e perpetuada no ensinamento da Igreja.
Depois de receber a semente com generosidade, é preciso conservá-la na boa disposição do coração e perseverar, ainda que com dificuldades, sofrimento e quedas, até o dia em que colheremos o fruto da alegria perfeita na Vida eterna, com Deus, em Seu Reino.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
XXIV Semana do Tempo Comum – Lc 8, 1-3
Jesus passa pelas "cidades e povoados, pregando e anunciando a boa nova [o Evangelho] do Reino de Deus". Essa é a Sua missão – viver entre os homens para anunciar o Reino de Deus – que se completará em Sua Paixão, Morte e Ressurreição, quando efetivamente anulará a condenação que pesava sobre todos nós, abrindo-nos definitivamente as portas do Reino dos Céus para todos os que, com Ele, tomarmos a cada dia a Cruz e O seguirmos.
Logo depois de Jesus, o Evangelho cita "os Doze", isto é, os discípulos do círculo mais íntimo do Senhor e que constituirão dos Doze Apóstolos, fundamento da Igreja futura, cujo chefe é Pedro (e os Papas que o sucedem até os dias de hoje). Esse círculo restrito receberá a missão de continuar a obra de Jesus e constituirá a hierarquia da Igreja (que continua, hoje, nos sucessores dos apóstolos, que são os bispos).
Por fim, são citadas as mulheres que estão próximas de Jesus e dos Doze, que foram "curadas de maus espíritos e doenças" e que ajudam ao Senhor e aos discípulos "com os bens que possuíam". Verdadeiramente, um grande testemunho de quão valioso era para Jesus e para os discípulos esse auxílio. Na ordem da Salvação, não foi pouco o que fizeram essas mulheres, pois permitiram, ao sustentar Jesus e os discípulos, que Ele se dedicasse exclusivamente ao anúncio do Evangelho e à formação daqueles que mais tarde O sucederiam.
Vendo o exemplo dessas mulheres, portanto, não queiramos para nós mais do que nos cabe, mais do que aquilo que o Senhor nos chama a fazer. Se fizermos o que Ele nos pede, um dia ouviremos de Sua boca estas palavras: "servo bom e fiel, (...) entra na alegria de teu Senhor"!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
XXIV Semana do Tempo Comum – Jo 19, 25-27 – Memória de Nossa Senhora das Dores
Maria é a mulher que esmaga a cabeça da serpente (cf. Gn 3, 14-15); a filha de Sião que avança como a aurora, temível como um exército em ordem de batalha (cf. Ct 6, 10); a mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas (cf. Ap 12,1).
Diante da cruz, porém, Maria, que é a Mãe de Jesus, torna-se também a Mãe da Humanidade, a Mãe de todos os homens. Jesus confia o discípulo amado à Sua Mãe e Sua Mãe ao discípulo amado. Mas ele não é chamado pelo nome, porque o discípulo que Jesus ama somos todos e cada um de nós.
Hoje, portanto, dia em que fazemos memória e honramos as dores de Maria, Senhora e Mãe nossa, somos convidados por Jesus Cristo, seu Divino Filho, a tomá-la por Mãe e levá-la com amor para nossa casa, para o nosso coração.
Pois Maria, desde aquele dia no Monte Calvário, diante do Filho crucificado, já aceitou ser nossa Mãe. E, por isso, protege-nos e roga todos os dias, sem cessar, por nós a Deus.
sábado, 11 de setembro de 2010
XXIII Semana do Tempo Comum, sábado – Lc 6, 39-42
"Todo discípulo bem formado será como o mestre"
Se os discípulos dos antigos almejavam superar seus mestres em sabedoria e perfeição, oas discípulos de Jesus Cristo isto não é possível. Perfeito Deus e perfeito Homem, Ele veio não só para revelar Deus ao homem, mas também o homem ao próprio homem. Portanto, Jesus é a medida da perfeição e da sabedoria à qual os seus discípulos devem procurar assemelhar-se, sabendo que, por mais que se aproximem dela, jamais poderão chegar à sua plenitude.
Ainda assim, não é uma busca vã, nem uma luta inglória, ou uma corrida inútil em direção a uma perfeição inatingível. Tanto é assim que na leitura de hoje Paulo exorta: "Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio". Não o teria dito se fosse impossível. E diz ainda: "eu corro, mas não à toa. Eu luto, mas não como quem dá murros no ar". E conta em seguida de seu esforço ("trato duramente o meu corpo e o subjugo") para alcançar a meta, que é o próprio Senhor.
Ao discípulo cabe formar-se e esforçar-se. Mas é Senhor que cabe premiar aqueles que O desejarem ardentemente e, por isso, empenharam suas vidas em conhecê-lO, amá-lO e segui-lO, ainda que, muitas vezes, tenham enfrentado duras batalhas e grandes derrotas. Porque só ao Senhor pertence à vitória.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
XXIII Semana do Tempo Comum – Lc 6, 27-38
"A Vós Que Me Escutais, Eu Digo"
As palavras de Jesus no dia de hoje são, talvez, as mais belas e, certamente, as mais difíceis. Porque o Senhor nos manda amar, fazer o bem, bendizer e rezar justamente por aqueles que nos fazem e querem e que falam mal de nós.
Mas Jesus, antes de dizer tudo isso, avisa que Suas palavras são para aqueles que O escutam, ou seja, para aqueles que querem segui-lO e que, para isso, devem tomar cada dia a própria cruz.
Pois amar a quem nos odeia, falar bem de quem fala mal de nós, rezar por estes que só nos desejam o mal, tudo isso faz parte dessa cruz que devemos tomar e carregar a cada dia. Fazer o bem a quem quer que seja, perdoar o que quer que nos façam, não guardar rancor ou ressentimento – tudo isso vai contra a nossa natureza, que quer indignar-se, levantar-se contra o mal que nos ataca.
No entanto, se amar os inimigos e fazer o bem sem esperar recompensa é custoso, faz parte da nossa cruz cotidiana, também é verdade que nos faz semelhantes a Deus, que é "bondoso também para com os ingratos e maus". Afirma Jesus que, agindo assim, "a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo".
De resto, não foi assim que Jesus agiu, na cruz, quando perdoou os que O torturavam e matavam? Como nos ensina São Paulo, "eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós" (Rm 5,8).
Tomemos, pois, como meta e fundamento de nossas vidas o que Jesus nos manda hoje: "sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso". São as palavras do Senhor, hoje, para nós, que O escutamos.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Festa da Natividade de Nossa Senhora
"A única Mãe digna dAquele que a criou"
A dignidade de Maria aparece claramente no relato do evangelista Mateus sobre a origem de Jesus Cristo.
Pois Maria fica grávida e José, a quem ela está prometida em casamento e a quem já deve a fidelidade conjugal, quer abandoná-la, evidenciando, assim, saber que o Filho de Maria não é seu filho. Mas não quer repudiá-la publicamente, pois, se o fizer, ela será apedrejada por adultério – e José sabe que Maria não cometeu adultério.
Sem poder, então, entender o que se passa, José procura a única saída digna que consegue vislumbrar sem prejudicar Maria – o repúdio em segredo.
Nesse ponto Deus intervém e envia o anjo para esclarecer a José, em sonho, sobre o que se passa. E ele, então, aceita Maria como esposa sem receio, pois o que nela ocorre é um sinal de Deus de que o Messias há tanto tempo prometido a Israel estava, enfim, por nascer.
Em meio a tudo isso, Maria simplesmente consente, cumpre com a Vontade de Deus e nEle espera. Permanece em silêncio e aguarda a manifestação dos desígnios de seu Senhor. Em seu coração e em seus lábios só há uma palavra: "Eis aqui a serva do Senhor".
Por isso, hoje, festejamos o nascimento de Maria, a Serva do Senhor, como um prelúdio jubiloso da Encarnação do Verbo, pelo qual se realizou a nossa salvação.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
XXII Semana do Tempo Comum – Lc 5, 1-11
Naquele tempo, como hoje, as multidões se comprimem para ver e ouvir a Jesus – as pessoas têm fome e sede de Deus, de Sua Palavra.
Hoje, como naquele tempo, Jesus sobe na barca de Pedro, que é a Sua Igreja, para ensinar Seu Povo que O procura.
Hoje, como naquele tempo, a barca de Pedro navega para águas mais profundas para pescar homens para Deus. Apesar das perseguições e dificuldades, as redes continuam enchendo a ponto de quase se romper, nessa pesca sempre milagrosa das almas, pela graça do Senhor.
Que nós, hoje, como os apóstolos daquele tempo, ao convite do Senhor, deixemos tudo e sigamos a Jesus, navegando para águas mais profundas com a barca de Pedro e lançando as nossas redes para a pesca dos homens na Igreja de Jesus Cristo.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
XXII Semana do Tempo Comum – Lc 4, 16-30
O evangelista Lucas conta-nos que Jesus tinha o costume de fazer a leitura na sinagoga, o que era permitido a todo judeu adulto. Naquele dia, usando um trecho do livro do profeta Isaías, Jesus proclama ao povo de Nazaré a Sua missão, o motivo pelo qual veio a este mundo: "... proclamar um ano da graça do Senhor", o tempo favorável da nossa salvação.
Mas aquele povo não fora à sinagoga movido pelo desejo de conhecer os desígnios de Deus e melhor servi-lO, para saber da missão de Jesus, do que Ele nos tinha a oferecer e do que esperava de nós. Seu interesse era meramente terreno. Estavam curiosos: haviam escutado sobre os milagres do Senhor e pensavam, de forma interesseira, em usá-lO para resolver seus problema e necessidades mais imediatos.
Não era a Deus que queriam e esperavam, mas uma espécie de mágico a seu serviço. Não queriam ouvir falar de conversão ou mudança de vida, não queriam conhecer ou cumprir a Vontade de Deus. Antes, esperavam que Deus os viesse servir.
Quando Jesus lhes apontou essa má disposição do coração e deixa claro que não servirá a seus propósitos maus e fúteis, levantaram-se contra Ele, expulsaram-nO e tentaram matá-lO.
Não é o que acontece muitas vezes conosco, quando não somos imediatamente atendidos nos que pedimos ao Senhor? E já nos ocorreu, nesses momentos, que nossos pedidos podem não ser conforme à Vontade de Deus? Queremos, porém, que Ele nos sirva, não nós a Ele (como deve ser). Quando isso não acontece, nós expulsamos a Deus de nossas vidas, recusamo-nos a servi-lO e segui-lO, buscamos livrar-nos dEle.
Tal como naquele dia em Nazaré, porém, Jesus segue Seu caminho, pois Ele é Deus e Senhor. E se nós não O seguimos, são as nossas vidas que permanecem fúteis e vazias.
sábado, 28 de agosto de 2010
XXI Semana do Tempo Comum – Mt 25, 14-30 – Memória de Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja
Deus nos dá, a cada um, dons e qualidades e todas as graças necessárias para, ainda neste mundo, darmos frutos de vida eterna e praticarmos as boas obras que Ele, de antemão, preparou para que nós as praticássemos (cf. Ef 2,10). Mas, conforme sublinha o Evangelho de hoje, "a cada qual de acordo com a sua capacidade". Assim, todos podemos multiplicar e fazer dar frutos o que recebemos, para, na vida definitiva, participarmos da alegria de nosso Senhor.
Santo Agostinho, cuja memória hoje celebramos com muita alegria, foi um desses que, tendo recebido um grande número de talentos, soube multiplicá-los e fazê-los dar muito fruto.
É de seu livro Confissões a famosa e belíssima oração: "Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz".
Buscou incansavelmente a Verdade e, ao encontrá-la, fez-se dela servo e amigo. Ensinou-a e amou-a com todo o seu ser, dedicando-lhe toda a sua vida. Jesus Cristo, a Verdade, tornou-se tudo para Agostinho e deve tornar-se tudo para nós.
(para um resumo biográfico de Santo Agostinho e um pouco de seu pensamento, confira o link http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=4159)
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
XXI Semana do Tempo Comum – Mt 23, 27-32
Para os homens, basta a aparência. Deus, porém, vê o interior dos corações; vê não só o que a pessoa aparenta ser, mas aquilo que ela é de fato. Deus conhece verdadeiramente o homem, mais do que ele conhece a si mesmo e como jamais poderá conhecer-se.
Por isso, não nos é possível fingir – somos o que somos diante de Deus. Ainda que queiramos enganar-nos (e podemos viver na ilusão), não podemos enganar ao Senhor. Ele é o Criador e conhece inteira e perfeitamente à Sua criatura.
As palavras de Jesus no Evangelho de hoje, dirigidas aos fariseus e mestres da lei de Seu tempo, nos convocam a deixarmos toda falsidade, injustiça e hipocrisia. Somos chamados a ser Seus discípulos, a nos configurarmos à Sua imagem. O Filho de Deus fez-se homem para restaurar à nossa humanidade a beleza perdida, para fazer-nos reflexo do que Ele mesmo é, o esplendor da glória do Pai.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
XX Semana do Tempo Comum – Memória de São Bernardo de Claraval – Mt 22, 34-40
Disse Jesus: "toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos". Pode-se dizer que a vida de cada um de nós depende desses dois mandamentos. Pois tudo o que Deus pede a nós, Suas criaturas, é que O amemos com todo o nosso ser e capacidade. E que, amando-O, amemos aos nossos irmãos, ao nosso próximo, a toda a humanidade e a cada pessoa humana.
São João da Cruz, carmelita espanhol, místico e doutor da Igreja, dizia: "no entardecer da vida sereis julgados quanto ao amor". Ora, o que há para temer de tal julgamento? Quem ama, não teme, pois "o perfeito amor lança fora o temor" (1Jo 4, 18).
São Bernardo de Claraval (1090 – 1153), abade e doutor da Igreja, cuja memória hoje celebramos, afirmava que "se a criatura amar com tudo o que é, haverá de dar tudo".
O que temos, pois, a temer? Deus nos amou primeiro e de tal modo que deu-nos o Seu Filho, "para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (cf. 1Jo 4, 19 e Jo 3, 16).
Entreguemo-nos, pois, a esse amor, amando acima de todas as coisas Aquele que nos ama. NEle teremos tudo. No Amor, ainda nesta vida, haveremos de possuir todas as coisas.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
XX Semana do Tempo Comum – Mt 22, 1-14
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
XX Semana do Tempo Comum – Mt 20, 1-16
O convite do Senhor – "ide também vós para a minha vinha" – é inteiramente gratuito e dirigido a todos – todos os homens de todos os lugares e de todos os tempos. Os que aceitam o convite têm por pagamento o Céu, a vida imperecível e a felicidade sem fim junto de Deus.
E esse chamado de Deus para trabalhar em Sua vinha pode chegar a qualquer tempo. Pois Jesus conta, na parábola, que o patrão – isto é, Deus – saiu várias vezes para chamar e contratar trabalhadores: de madrugada, às 9h da manhã, ao meio-dia, às 3h da tarde e, por fim, às 5h da tarde, quando já estava próximo o anoitecer. Em nossas vidas, portanto, Deus não cessará de chamar-nos a trabalhar pelo Seu Reino, desde o seu início até o seu fim. Deus nos chama quando somos crianças, jovens, adultos e, inclusive, quando chegamos à velhice. Sempre é tempo de dar-Lhe uma resposta positiva. Nunca é tarde, qualquer que seja a nossa situação particular, para aceitarmos o Seu chamado e trabalharmos pelo Reino de Deus. Mesmo alguém que está doente, em um leito de hospital, pode trabalhar e dar frutos de vida eterna para a vinha do Senhor.
Prova disso é o ladrão arrependido (Lc 23, 39-43), que aceitou o convite para trabalhar na vinha quando já estava crucificado ao lado de Jesus, pagando por seus crimes e morrendo. E, mesmo assim, recebeu do Senhor a garantia da recompensa: "Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no Paraíso".
Ainda que o convite seja aceito no ocaso da vida, quando parece que o trabalho já não pode dar frutos, o que o Senhor espera é um coração generoso e bem disposto e o desejo de dar a vida pelo Reino. Pois é Deus quem faz frutificar o trabalho que fazemos. O conceito de "produtividade" do Senhor é bem diferente do nosso – para Ele, ninguém é inútil ou improdutivo, pois todos são capazes de amar. E os frutos do Reino são frutos de amor.
A recompensa que espera a todos os trabalhadores da vinha do Senhor é a mesma – o Céu. E não importa o tempo trabalhado, pois o prêmio virá na proporção do amor com que se trabalhou.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
XIX Semana do Tempo Comum – Memória de Santa Clara - Mt 18, 15-20
Nos primeiros versículos deste pequeno trecho do Evangelho, Jesus indica como a caridade deve conduzir as relações entre os homens, mesmo quando um ofende o outro. É a chamada correção fraterna.
O Senhor nos pede a delicadeza com o irmão, mesmo quando este peca contra nós, ofende-nos de alguma maneira. Devemos lembrar que, por maior que seja a ofensa de que somos vítimas, sempre somos nós os que mais ofendemos a Deus. E Ele não nos trata conforme exigem as nossas faltas. Da mesma forma devemos agir em relação a quem nos ofende, perdoando como Deus nos perdoa.
É preciso procurar o irmão para corrigi-lo, para que fiquemos todos em paz uns com os outros e para que ele não torne a pecar. Mas esse primeiro movimento na direção do irmão deve ser em particular, a sós, para que ele não se sinta exposto ou humilhado. Se isso não surtir efeito e a pessoa permanece no erro, então se pode buscar uma ou duas pessoas que tenham testemunhado o fato para tentar convencê-lo da verdade sem expô-lo demasiadamente.
Somente aí, se o ofensor não se convence de seu erro, pode-se recorrer à comunidade, à Igreja. E só então, se ele permanecer obstinado, é que se pode deixá-lo à sua sorte.
Pois o objetivo da correção fraterna é, em primeiro lugar, reconduzir a pessoa à verdade, para que não se perca por causa de sua pertinácia no erro. E, depois, proteger a comunidade, para que não se percam muitos pelo erro de um só.
Depois de dizer essas coisas, o Senhor acentua a força e o poder que concede à Sua Igreja e o imenso valor da oração em comunidade, a importância de rezarmos uns pelos outros e todos juntos.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
XIX Semana do Tempo Comum – Jo 12, 24-26 – Festa de São Lourenço, diácono e mártir
Sermão 305
Porque nem toda a colheita entra no celeiro: a mesma chuva, útil e fértil, faz crescer o bom grão e a palha, mas não se armazenam os dois no celeiro. Para nós, agora é o tempo de escolher. [...] Portanto, ouvi, grãos consagrados, porque não duvido de que estejais aqui em grande número. [...] Ouvi-me, ou antes, ouvi em mim Aquele a Quem primeiro se chamou bom grão. Não ameis a vossa vida neste mundo. Se amais realmente a vossa vida, não ameis a vida deste mundo, e então salvareis a vossa vida [...] «O que ama a sua vida neste mundo perdê-la-á.» É o bom grão que o diz, o grão que foi lançado à terra e que morreu para dar muito fruto. Ouvi-O, porque Ele faz o que diz. Ele instrui-nos e mostra-nos o caminho através do Seu exemplo.
Cristo não Se prendeu à vida deste mundo; Ele veio ao mundo para Se despojar de Si próprio, para dar a Sua vida e a retomar quando quisesse. [...] Ele é o verdadeiro Deus, este homem verdadeiro, homem sem pecado que veio tirar o pecado do mundo, revestido de um poder tão grande, que pôde dizer verdadeiramente sobre a Sua vida: «Ninguém Ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar. Tal é o encargo que recebi de Meu Pai» (Jo 10, 18).
sábado, 7 de agosto de 2010
XVII Semana do Tempo Comum – Mt 17, 14-20
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
XVIII Semana do Tempo Comum - Mt 15, 21-28
(do site http://www.evangelhoquotidiano.org)
Comentário ao Evangelho do dia feito por Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano
Sermão 9 (a partir da trad. Cerf 1979, t. 1, p. 36)
«Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim!» É um apelo de uma força imensa. [...] É um gemido que vem como que de uma profundeza sem fim. Ele ultrapassa em muito a natureza e é o próprio Espírito Santo que deve proferir em nós esse gemido (Rom 8, 26). [...] Mas Jesus diz-lhe: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». [...] Ora, que faz ela assim acossada? [...] Penetra ainda mais profundamente no abismo. Prostrando-se e humilhando-se, mantém a confiança e diz: «É verdade, Senhor, mas até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos.»
Ah! Se também pudésseis penetrar assim tão verdadeiramente no fundo da verdade, não através de comentários sábios, palavras complexas ou mesmo dos sentidos, mas no fundo de vós mesmos! Nem Deus nem qualquer criatura conseguiria desprezar-vos, aniquilar-vos, se permanecêsseis na verdade, na humildade confiante. Poderiam sujeitar-vos a afrontas, ao desprezo e a recusas grosseiras, que vós iríeis perseverar, iríeis insistir, animados por uma total confiança, e iríeis aumentar sempre o vosso zelo. É disto que tudo depende, e aquele que chega a este ponto é bem sucedido. Apenas estes caminhos conduzem, na verdade e sem qualquer estação intermédia, a Deus. Mas permanecer assim nesta grande humildade, com perseverança, com uma segurança total e verdadeira como esta pobre mulher o fez, são poucos os que conseguem.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
XVIII Semana do Tempo Comum - Mt 14, 22-36
sábado, 31 de julho de 2010
XVII Semana do Tempo Comum – Mt 14, 1-12 – Memória de Santo Inácio de Loyola
quinta-feira, 29 de julho de 2010
XVII Semana do Tempo Comum – Memória de Santa Marta – Jo 11, 19-27
Marta foi ao encontro de Jesus porque confiava nEle, porque em seu coração ainda havia uma esperança, pequena e teimosa, mesmo que a razão lhe dissesse que tudo já estava terminado e que não havia mais o que esperar.
A razão humana dizia a Marta que Lázaro, seu irmão, já estava morte e que a morte é o fim de todas as esperanças, a última palavra. Mas o coração lhe dizia que Jesus é o Senhor de todas as coisas e que, com Ele, sempre há esperança.
Então, quando Marta reclama o atraso do Senhor, supondo que poderia ter curado seu irmão enquanto este ainda estava doente (mas vivo), ela também sinaliza a Jesus, através de suas palavras, que confia nEle e que, no fundo, crê que algo ainda pode ser feito, apesar de Lázaro já estar morto.
E o Senhor, a partir disso, conduz Marta a uma fé mais clara, firme e madura, afirmando-lhe: "Eu sou a ressurreição e a vida". Ela, então, faz a sua profissão de fé: "eu creio (...) que Tu és o Messias, o Filho de Deus".
Agora as dúvidas se dissipam e é afirmada a esperança no Senhor, ainda que aparentemente contra a razão humana. Pois para Deus nada é impossível. E Jesus não decepciona Marta: ressuscita Lázaro, entregando-o a ela novamente com vida.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
XVII Semana do Tempo Comum – Mt 13, 44-46
Todo aquele que procura o Reino dos Céus de coração sincero e com retidão de consciência haverá de encontrá-lo, pois Deus se deixa encontrar, mais ainda, vai ao encontro de todo ser humano que busca a Verdade.
Mas também os que não procuram o Reino poderão encontrá-lo, sem que o tenham esperado ou desejado, porque Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da Verdade (cfe. 1Tim 2,4).
Porém, se a parte de Deus é deixar-se encontrar, buscar a Sua criatura para ser por ela encontrado, assim que o encontro ocorre chega o momento da resposta por parte do homem, a hora decisiva.
O homem foi criado livre por Deus. Livremente, portanto, deve decidir se acolherá ou rejeitará o Reino que lhe é oferecido pelo Senhor. A decisão de acolhê-lo decorre do reconhecimento de seu valor infinito. Então, esse homem vende todos os seus bens para entrar na sua posse. Porque o Reino dos Céus é mais precioso do que todos os bens da terra.
Quarta-feira da 17ª semana do Tempo Comum : Mt 13,44-46
Comentário ao Evangelho do dia feito por
São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja
Vida de São Francisco, Legenda major, cap. 7 (a partir da trad. de Vorreux, Eds franciscaines 1951, p. 122)
A pérola de grande valor
De entre os dons espirituais recebidos da generosidade de Deus, Francisco obteve em particular o de enriquecer constantemente o seu tesouro de simplicidade graças ao seu amor pela extrema pobreza. Vendo que aquela que tinha sido a companheira habitual do Filho de Deus se tornara, nessa altura, objecto de uma aversão universal, tomou a peito desposá-la e devotou-lhe um amor eterno. Não satisfeito em «deixar por ela pai e mãe» (cf. Gn 2, 24), distribuiu pelos pobres tudo o que pudesse ter (cf. Mt 19, 21). Nunca ninguém guardou tão ciosamente o seu dinheiro como Francisco guardou a sua pobreza; nunca ninguém vigiou o seu tesouro com maior cuidado do que o que ele colocou em guardar esta pérola de que fala o Evangelho.
Nada o magoava mais do que encontrar junto dos seus irmãos qualquer coisa que não fosse perfeitamente conforme à pobreza dos religiosos. Pessoalmente, desde o princípio da sua vida como religioso até à morte, não teve senão uma túnica, uma corda a servir de cinto e umas bragas como única riqueza; não precisava de mais nada. Acontecia-lhe muitas vezes chorar ao pensar na pobreza de Cristo Jesus e na de Sua Mãe. Dizia ele: «Aqui está a razão pela qual a pobreza é a rainha das virtudes: pelo esplendor com que brilhou no «Rei dos reis» (1Tm 6, 15) e na Rainha Sua Mãe.»
Quando os irmãos lhe perguntaram um dia qual era a virtude que nos torna mais amigos de Cristo ele respondeu abrindo-lhes, por assim dizer, o segredo do seu coração: «Sabei, irmãos, que a pobreza espiritual é o caminho privilegiado para a Salvação, visto que é a seiva da humildade e a raiz da perfeição; os seus frutos são incontáveis, embora escondidos. Ela é esse «tesouro escondido num campo», do qual nos fala o Evangelho, pelo qual é necessário vender tudo o resto e cujo valor deve impelir-nos a desprezar todas as outras coisas.»
(do site: http://www.evangelhoquotidiano.org/)
terça-feira, 27 de julho de 2010
XVII Semana do Tempo Comum – Mt 13, 36-43
Jesus explica claramente, a pedido dos discípulos, o significado da parábola do joio e do trigo.
É, para nós, motivo de conforto, de alegria e de esperança. Porque vemos, hoje, um triste espetáculo de desolação, tristeza, sofrimento e miséria espiritual e material em nosso mundo e nas pessoas, que carregam sobre os ombros o peso de si mesmas, o enorme e angustiante fardo de viver longe de Deus. Vemo-nos, hoje, como o profeta Jeremias via o seu povo há tantos séculos (conforme a primeira leitura que a Igreja nos propõe para hoje, Jr 14, 17-22), o povo de Israel que violara a Aliança e abandonara o Senhor.
Diante desse cenário, Jesus nos diz que o campo deste mundo terá a sua colheita. Nesse dia, separar-se-á o joio, a semente do mal, do trigo que nasceu dos que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática. O joio, isto é, o mal, com suas obras e seguidores, será eliminado. E no Reino dos Céus então instaurado só haverá lugar para a felicidade sem fim, pois os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai.
"Ó Deus, sois o amparo dos que em Vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por Vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam."
(oração da XVII semana do tempo comum)
quinta-feira, 22 de julho de 2010
XVI Semana do Tempo Comum – Jo 20, 1-2.11-18 – Memória de Santa Maria Madalena, penitente
Segundo a tradição, Maria Madalena teria sido uma pecadora pública, provavelmente uma prostituta, de quem o Senhor, conforme conta-nos o Evangelho (Lc 8,2), expulsara sete demônios. Depois que Jesus a libertou do pecado e das garras do inimigo, ela passou a seguir o Mestre, juntando-se ao grupo já numeroso dos discípulos e das outras mulheres que os auxiliavam e sustentacam (cf. Lc 8, 1-3).
É chamada "madalena" porque proveniente da cidade de Magdala. Algumas vezes, portanto, faz-se referência a ela como Maria de Magdalena, ao invés de Maria Madalena, como é mais comum. Mas seu nome é Maria, que significa "amada de Deus", assim como Maria, a Mãe de Jesus.
De uma mulher que se encontrava no fundo do abismo e mergulhada em trevas, Maria Madalena passou a ser a mais fiel discípula do Senhor, a ponto de acompanhá-lo até a Cruz (com Maria, Mãe de Jesus, e João, o discípulo amado) e tornar-se, mais tarde, a primeira testemunha da ressurreição do Mestre, como nos conta hoje o Evangelho.
Como todo o seu coração, Maria de Magdala retribuiu a Jesus o amor que dEle recebera, erguendo-se da miséria em que se encontrava para a Vida que o Senhor lhe oferecia e fazendo-se fiel até o fim.
Este imenso amor a Deus e esta fortaleza de alma e de coração, além da coragem do testemunho, são os maiores exemplos que Maria Madalena nos dá. Por isso a chamamos santa e, se a imitarmos nessas coisas, podemos também tornar-nos santos, amados do Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, nº 121, 3; PL 35,1955-1959
Tocar Cristo espiritualmente
«Jesus disse-lhe: Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai.» Estas palavras contêm uma verdade que devemos examinar com muita atenção. Jesus ensina a fé a esta mulher que O tinha reconhecido como mestre e Lhe dera esse título. O divino jardineiro semeou uma semente de mostarda no coração de Maria Madalena, como num jardim. [...] Que significa pois: «Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai»? [...]
Com estas palavras, Jesus quis que a fé que se tem Nele, fé pela qual Lhe tocamos espiritualmente, chegue a ponto de acreditarmos que Ele e o Pai são um (Jo 10, 30). Porque aquele que progride Nele até reconhecer que é igual ao Pai sobe de algum modo até ao Pai no segredo da sua alma. De outro modo, não se toca Cristo como Ele quer, quer dizer, não se tem Nele a fé que Ele pede.
Maria podia acreditar Nele pensando que não era igual ao Pai; mas Ele proíbe-lho com estas palavras: «Não Me detenhas», quer dizer: «Não acredites em Mim no entendimento em que te encontras ainda. Nem fiques a pensar no que Eu fiz por ti, sem pensares Naquele por Quem foste feita.» Como podia ela deixar de acreditar ainda de modo totalmente humano Naquele por Quem chorava como por um homem? «Ainda não subi para o Pai.» «Tocar-Me-ás quando acreditares que sou Deus, e que sou totalmente igual ao Pai.»
(extraído do site: http://www.evangelhoquotidiano.org/)
(ver também sobre Maria Madalena: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=16237)
quarta-feira, 30 de junho de 2010
XIII Semana do Tempo Comum – Mt 8, 28-34
"Pediram-lhe que se retirasse"
Jesus libertou os dois homens possessos das garras e dos tormentos do demônio que os escravizava, mas permitiu que este, ao deixar os corpos daqueles homens, entrasse nos porcos, levando-os a afogar-se.
Ao ver isto, o povo daquela região pediu a Jesus que fosse embora dali. Por quê? Porque valorizavam mais os bens materiais que possuíam do que o bem espiritual que o Senhor viera lhes trazer; davam mais valor aos porcos do que às pessoas; calcularam o prejuízo causado pela morte dos animais sem levar em conta o imenso benefício de ficarem livres do diabo.
Do mesmo modo que esse povo, fazemos nós muitas vezes hoje: pedimos a Jesus que se retire de nossas vidas porque preferimos as pequenas coisas às quais nos apegamos do que Suas imensas dádivas de Amor e de Salvação. Estamos presos à terra e não levantamos os olhos para o Céu.
Seja essa a nossa reflexão hoje: ver, descobrir quais são as coisas da nossa vida das quais não queremos abrir mão, quais as situações de que não queremos nos desapegar para dar espaço ao Amor de Deus e aos Seus incomparáveis benefícios.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
XII Semana do Tempo Comum – Mt 8, 18-22 – Memória de Santo Irineu, bispo e mártir
"Eu te seguirei aonde quer que vás"
Mas para onde vais, Senhor? A todo lugar. A qualquer lugar. A cada lugar onde houver uma só pessoa que necessite de Ti; que espere o Teu Amor e a Tua Misericórdia; que aguarde uma palavra Tua para tornar-se um anunciador do Teu Evangelho; que anseie o Teu chamado para entregar a vida e o coração a Ti.
Por isso "o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" – porque vai incansavelmente a todos, em todo lugar, até o último dia, quando finalmente "há de vir a julgar os vivos e os mortos" e instaurar definitivamente o Seu Reino eterno.
Quem O quiser seguir, deverá fazê-lo nestes termos – sem descanso, sem lugar de repouso, sem pausa na missão, buscando a todos para testemunhar, com a vida e com a palavra, o Amor de seu Divino Mestre.
A cada um de nós interpela hoje Jesus: "Segue-me". O que Lhe vamos responder?
sábado, 26 de junho de 2010
XII Semana do Tempo Comum, sábado – Mt 8, 5-17
"Senhor, eu não sou digno"
O centurião romano conhecia as prescrições da Lei judaica relativas à impureza e sabia que Jesus, ao entrar em sua casa, ficaria legalmente impuro. Por outro lado, acreditava no poder de Jesus de realizar curas e milagres e sua fé era tanta que sabia que bastava ao Senhor, mesmo à distância, simplesmente ordenar a cura de seu servo e esta ocorreria. E é isto, enfim, que ele pede a Jesus.
Não foi preciso mais: o Senhor o atende imediatamente, fazendo o elogio público de sua fé.
Depois disto, cura ainda a sogra de Pedro, para que pudesse voltar a servi-los. E cura as doenças de quantos Lhe são trazidos e liberta do demônio os possessos que levam até Ele, para que a fé de muitos seja despertada, recordados das promessas do Antigo Testamento relativas ao Messias, o Salvador prometido, e que, em verdade, falavam dEle, Jesus.
Não há razão para a cura do corpo (seja de doença ou de possessão demoníaca), senão em vista da cura da alma, do despertar ou do amadurecimento da fé e de colocar-se a serviço de Deus e dos irmãos.
Pois não há condição do corpo (paralisias, incapacidades, doenças quaisquer) que impeçam a pessoa de servir a Deus e ao próximo. Mas a paralisia da alma, a falta de fé, o egoísmo e a falta de amor, esses, sim, tornam a pessoa fechada para Deus e para o irmão, centrada em si mesma, incapaz de amar e de servir.
Por isso, qualquer que seja a nossa condição, busquemos, em primeiro lugar, servir a Deus e fazer a Sua Vontade (que não é outra coisa senão buscar "o Reino de Deus e a sua justiça") e todo o resto nos será dado por acréscimo.